quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Relato Farrapos 1000 km- Lidiane

Relato da Doída 2 (obs: foi ela quem escreveu isto!)

O Randonneé 1000km começou logo após concluirmos (Eu e minha grande amiga e companheira de loucuras Gaby) o Randonneé 600km, afinal não podíamos pensar em 1000km sem antes concluir os 600km.

Como nos Randonneés de 400km e 600km não havia treinado muito, devido ao temido TCC (Trabalho de Conclusão de Curso), para os 1000km não tinha mais esta preocupação, o único objetivo naquele momento era treinar, treinar e treinar para os 1000km. Apesar do tão temido frio previsto para o Randonneé dos Farrapos o que realmente me preocupava era o tempo, pois como não é novidade para ninguém sempre éramos nós (Eu e Gaby) que fechávamos as longas provas, sendo que nos 600km faltavam apenas 2 minutos para o termino da prova.

Estávamos preparadas para o que estava por vir, prestamos muita atenção na reunião na noite anterior, afinal sempre aprende-se muito com os mais experientes. O Luiz havia comentado que seria interessante não perder muito tempo nas paradas, afinal não teria como completar a prova sem descansar algumas horas. Logo após terminar a reunião, o Udo conversou conosco e disse para não desperdiçar os coringas, que na verdade era o “tempo extra” da prova, pois nos 400km tinha-se 27 horas para completar e nos 600km 40 horas, totalizando 67 horas. Então os coringas eram às 8 horas a mais que há nos 1000km. Escutamos atentas e dispostas a não desperdiçar este tempo.

Às 3 horas e 30 minutos do dia 30 de julho, partimos para o que até aquele momento era apenas um sonho. Estava tudo correndo conforme o planejado, claro estávamos lentas e éramos as últimas da prova, mas não era nenhuma novidade. Encontramos o Mogens após o Abranjo e ele pedalou durante algum tempo conosco. Ao chegamos no Fita azul almoçamos-jantamos afinal eram passadas das 16 horas.

Como já iria anoitecer o Mogens revolveu nos acompanhar, com a noite o frio voltou com mais intensidade. Além do frio o sono começa a assombrar, assim revolvi girar mais rápido para esquecê-lo. Percebi que a Gaby não girava com a mesma rapidez e isso era preocupante, no entanto, não esperava a desistência dela ao retornarmos ao restaurante em Encruzilhada, fiquei muito abalada, o sonho do brevet 1000km seria adiado. Este sem sobra de dúvida foi o momento mais triste da prova. Mas estava bem fisicamente e psicologicamente e disse que iria retornar ao hotel e lá decidir o que faria. O Mogens me acompanhou até Santa Cruz, neste percurso encontramos a Érika e seguimos com ela de volta ao Hotel. Quando chegamos em Rio Pardo revolvemos fazer uma pequena parada em um posto. Apesar de pequena foi o suficiente para gelar todo o corpo, assim decidi que não parar mais até chegar ao hotel. Cheguei às 6 horas e 20 minutos marquei meu cartão e subi para o merecido e breve descanso. Mogens e eu havíamos combinado de nos encontrar no saguão do hotel na manhã seguinte às 8 horas. A primeira etapa havia sido vencida.
Eram 8 horas e 45 minutos quando o Graxa bate a porta dizendo que eu estava atrasada e que o Mogens esperava. Naquele momento estava triste e sem vontade de levantar da cama e continuar. A Gaby que estava no quarto disse para continuar que estava bem na prova. Mas ela sabia que para mim sua companhia era de suma importância e faltava mais da metade da prova. Então tomei a decisão de desistir, no entanto, o telefone toca e ao atender escuto a voz do Mogens (ele estava realmente chateado), falou que eu havia o atrasado na noite passada e que agora devia seguir com ele. Não pensei duas vezes, levantei da cama, me arrumei e segui com ele e a Érika para a volta na quadra. Almoçamos em Candelária e seguimos em direção ao restaurante Papagaio. Pedalei boa parte deste percurso sozinha. Peguei vento lateral, fiquei feliz poderia ser contra. A Rosane apoiando sempre, dizendo que faltava pouco, que estava bem na prova. Essa mulher é fantástica!
Chegando ao restaurante Papagaio tomei um belo café. E logo após decidi seguir sozinha pela BR 290, para chegar o quanto antes ao Hotel e descansar novamente. Fiz uma pequena parada na Raabelândia para comprar duas Coca-Cola. Na entrada de Santa Cruz do Sul encontro o Jéferson que estava com muita dor no joelho, mas disse que não desistiria por causa disso. E fomos até o hotel conversando e contando nossas estratégias que naquele momento eram diferentes. Chegamos às 23horas. Segunda etapa concluída.
Pedi ao Graxa para me chamar 15 minutos antes do Mogens acordar, para dar tempo de me arrumar e espera-lo no saguão do hotel. O Jéferson disse que iria sair 1 hora e 30minutos, uma hora e meia antes de nós, me surpreendi quando desci ao saguão e o Graxa disse que ele ainda não havia saído de seu quarto. Então pedi para ligar e acorda-lo.
Seguimos Eu e Mogens até Encantado, o Jéferson havia saído um pouco antes de nós. Ao chegar na subida na saída de Santa Cruz, deslizo e acabo caindo, o que naquele momento foi até bom, pois estava com uma jaqueta e não conseguia respirar direito. Levantei-me rapidamente abri a jaqueta e seguimos. Encontramos o Jéferson um pouco antes de Cruzeiro do Sul, e seguimos até o hotel Hengu. Marquei meu cartão e segui viagem, não quis parar muito tempo, Mogens decidiu ficar para tomar uma deliciosa sopa de capeletti. Voltei a encontrar o Jéferson em Venâncio Aires, esta foi à parte mais rápida da prova. Chegamos em Santa Cruz às 14 horas e 35 minutos. Fiquei preocupada quando percebi que meu nariz estava sangrando, isso nunca havia acontecido antes. Mas para quem havia chegado até ali, não iria desistir depois de mais de 900km. Limpei rapidamente o “sangrento” e rezei para parar.
Partimos para a última etapa, Eu e Jéferson paramos na Lancheria Schuster, o nariz não havia me obedecido. Estava sangrando novamente. O Jéferson percebeu e me perguntou se isso acontecia com freqüência, disse que sim, uma pequena mentira. Seguimos então em Direção a General Câmara encontramos o Pexe, ele como sempre muito solidário perguntou se precisamos de alguma coisa. Ainda na entrada de Passo do Sobrado tive o agradável encontro com a Tina e o Ricardo, que me deram grande apoio e incentivo, Obrigada!
Jéferson começava a irritar com a sua Buzina, mas mantive-me calma e respirei fundo. Finalmente chegamos ao Pesque - Pague, abastecemos as garrafinhas de água e seguimos em direção ao mais maravilhoso PC, lá tomamos uma sopa maravilhosa com pão caseiro e um café divino.
Um pouco antes de retornarmos ao Pesque - Pague a chuva começava a sair, chegamos lá encharcados. Comemos a massa caseira e nos preparamos para a volta, improvisamos uma capa de chuva e lá também ganhamos a companhia do Dacivaldo, que nos acompanharia até a conclusão da prova. A chuva era intensa e nos deixava mais lentos, então o Dacivaldo nos sugeriu que pedalássemos com um ritmo constante. Adorei a idéia, pois estava cansada e não via a hora de retornar a Santa Cruz. Então às 3 horas e 28 minutos do dia 2 de Agosto o sonho que havia iniciado no dia 30 do mês passado tornou-se realidade.
A emoção foi enorme, mas não teria conseguido sozinha, por isso, agradeço infinitamente a Gaby, por estar comigo em toda a série 2009. Se não fosse por você nem teria participado deste longo evento. Muito Obrigado! Esta conquista é nossa. A Rosane pelo apoio e incentivo não só apenas nesta, mas em todas as demais provas. Ao Miguel pela preocupação com todos os participantes deste Randonneé. Mogens, por não deixar eu ficar na cama e pela companhia em boa parte do percurso. Jéferson Buzina pelo companheirismo e amizade. Ao Dacivaldo pela última etapa. Ao Udo pela dica dos coringas. Bughera por ficar me “enchendo o saco” toda vez que eu entrava no MSN e perguntava se eu já havia me inscrito. E a todos que torceram por mim.
Sim as mulheres também são capazes, temos muita fibra, garra e determinação.

Lidiane Tamara Lauermann

Um comentário:

Gabriela disse...

Lidiane a mulher MIL!!!

Quando amamos uma pessoa, a sua felicidade passa a ser a nossa felicidade!!! Tenho muito orgulho d poder ser sua amiga e compartilhar dessa alegria!!!

Vc deu o exemplo q temos q acreditar em nós mesmos e traçar um objetivo e segui-lo com força e coragem!!!
As palavras alegria e determinação podem ser usadas para te definir. Afinal vc nunca deixa de sorrir!!! hauhauhauhauhau

Obrigado p/ fazer parte da minha vida!!!

Como vc mesmo finalizou...
Sim as mulheres também são capazes, temos muita fibra, garra e determinação.

Abraços a todos!

Gabriela Martin