segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Relato Paris Brest Paris 2011- Lidiane



Minha preparação para o PBP 2011 começou em 2007 quando assisti a apresentação de Luiz e Erich. Meu objetivo, desde então, tornou-se participar do Paris Brest Paris.
A classificação foi “tranquila”, as provas das quais participei foram desafiadoras, no entanto pude testar minha resistência e, principalmente, minha persistência. Não posso deixar de mencionar a participação de minha grande amiga e companheira de provas, Gabriela Martin. Ela fez muita falta durante o PBP, pois em TODAS as provas das quais participei pude contar com o seu apoio. Decidimos realizar toda a série em Santa Cruz do Sul, os 200 km pedalamos no sábado e os 300 km no domingo (pois assim não precisaríamos nos deslocar a outras cidades para seguir com a série). Conseguimos. Por motivos de força maior, os 400 km tive que pedalar a prova da organização. Gabriela participou das duas provas, da oficial e a da organização, tudo isso para não me deixar sozinha. Muito Obrigada! Já a prova dos 600 km mostrou-se uma prova bem difícil, devido à altimetria, porém terminamos bem quando comparado com a série de 2009. Posso dizer que evoluímos, pois conseguimos descansar 1 hora e ainda chegamos cerca de 30 minutos antes do termino da prova.
Com todos os requisitos preenchidos, resolvi que estava na hora de fazer minha inscrição. Porém, antes tive que organizar-me, ver como faria para chegar a Paris, como me deslocar, em que hotel e com quem iria ficar. Estava com bastante receio, uma vez que seria minha primeira viagem internacional e sozinha. Conversei com Erich, e optei pelo hotel sugerido por ele. Ficava em uma ótima localização, perto do centro de Paris o que nos possibilitou conhecer os arredores, inclusive sobre duas rodas. \o/
Lazary também ficou no mesmo hotel. Agradeço pela ótima companhia de ambos, juntamente com Ludmila e Elvira, suas respectivas companheiras (que ainda forneceram-nos apoio em Loudéac na ida e na volta).
Realizei a inscrição uma semana antes do encerramento. Não sei como, mas errei e acabei por inscrever-me nas 80 horas. Havia queimado meus “coringas” antes mesmo da prova começar. Tentei reverter à situação, mandei e-mail para a organização, mas nada poderia ser feito, depois de gerado o número da placa. A única alternativa era pedalar a prova em 80 horas. Fiquei chateada com minha falta de atenção, mas estava decidida a não deixar isso impedir minha participação na prova, fui confiante e motivada a completá-la nas 90 horas.
No dia da vistoria encontrei muitos brasileiros, cuja grande maioria não conhecia pessoalmente, porém o clima era de festa. Foi uma lastima não sair à foto oficial de nosso país com todos os participantes brasileiros, quem sabe em 2015. Conheci o Tim, de Brasília, combinamos de largar juntos no dia seguinte.
Dia 21 de agosto, chegou o dia que por várias vezes idealizei. Segui sozinha de Paris até St-Quenti-en-Yvelines, minha largada estava marcada para as 16 horas. Cheguei ao ginásio por volta do meio-dia. Logo encontrei o Tim, a bandeira de nosso país atrás da bicicleta era inconfundível. Almoçamos, o clima estava descontraído e extremamente agradável. Acabamos no último grupo e por isso ficamos muito tempo sob o sol quente, esperando a largada.
Na largada estavam Elvira e Ludmila tirando fotos e dando aquele apoio. Foi o momento mais emocionante da prova, tive que me conter para não chorar. Fomos tratados como heróis. Como Tim tem um ritmo forte, logo o perdi de vista. A estratégia era não forçar demasiadamente no princípio. Assim, tentava acompanhar os grupos onde havia mulheres e, acima de tudo, seguissem num ritmo parecido com o meu. Entrei em um grupo formado por uma mulher e quatro homens (todos franceses), pedalei com eles uns 20 km, mas começaram as subidas e acabei ficando para trás, portanto acabei pedalando sozinha por um bom tempo. Cheguei a Mortegne- au - Perche bem cansada, uns quilômetros antes de chegar encontrei com o Della. Era bom encontrar um brasileiro no meio de tantos desconhecidos. No ponto de Apoio comprei alguma coisa para comer, encontrei com Calvete e com César. Não fiquei muito tempo parada, pois não poderia perder tempo.
Continuei no meu ritmo. Num certo ponto estava distraída, quando passa o João Sabóia, ele grita meu nome. Esse apoio moral, transmitido de um para o outro, é de suma importância em provas de longa distância. Cerca de 10 km antes de chegar a Villaines- la- Juhel (primeiro PC), encontrei o Rafael Castro. Nós paramos em um barzinho para tomar uma Coca-Cola e comer um sanduíche. Saímos juntos, mas meu ritmo era diferente do dele.
Por desatenção, acabei passando pelo primeiro PC sem carimbar meu passaporte, e quando me dei conta, eu já havia pedalado na base de 12 km.Indignada comigo mesma, dei a volta para carimbá-lo. Quando cheguei ao PC, o senhor da organização avisou-me que eu estava atrasada, mas mesmo assim carimbou meu passaporte. Senti-me extremamente chateada com minha falha. Neste PC encontrei o Lazary e o Erich, e cheguei a cogitar minha desistência com o Erich. No entanto, comi um lanche e decidi que não seria a brasileira a pedalar a menor distância no PBP.
Continuei pedalando em um ritmo mais forte, para compensar o tempo perdido. Tentava acompanhar os grupos e pegar carona com alguns pelotões, não funcionava muito. Foi então que encontrei um casal e mais uma mulher, que decidiram montar um grupo e me convidaram, claro que aceitei. Tinha que chegar rápido ao próximo ponto de controle, pois precisava estar dentro do tempo. No entanto, acredito que tenhamos pedalado aproximadamente 40 km, quando o casal parou para comer algo, mas eu e Mariza continuamos. Ela perguntou de onde eu era e se estava pedalando sozinha, respondi as perguntas, então ela me questiona quanto ao fato de pedalar sozinha, disse que estava tranqüila, mas que mesmo assim não era uma tarefa muito fácil. Ela disse que tinha um grupo e que eles haviam parado para descansar um pouco, mas se eu quisesse poderia pedalar com eles. Adorei o convite e topei.
Como tinha esperança de chegar a tempo no próximo PC, deixei Mariza para trás e continuei em um ritmo mais forte, sem chegar a conhecer seus amigos. Cheguei ao segundo PC atrasada, mas como marcaram meu passaporte segui na prova, iria continuar até que alguém da organização me barrasse. Neste PC encontrei o Eduardo Green e a filha do Della, que estavam apoiando o pessoal de Santa Catarina, e o Cezar. Conversei um pouco com eles, mas logo segui em direção a Brest.
Passado algum tempo o Cezar passa por mim, mas estava sem condições de acompanhá-lo, pois havia me desgastado bastante para chegar ao PC anterior. Enquanto pedalava o que me preocupava era saber se em Fougères iriam marcar meu passaporte. Afinal seria o terceiro PC ao qual chegaria atrasada. Neste momento surge Mariza, com Daniel e Bernard, ela fez sinal para seguir com eles, era maravilhoso ver o ritmo que eles pedalavam e era melhor ainda conseguir acompanha-los.
Eles são veteranos no PBP. Daniel é um senhor de 74 anos, que concluiu o sétimo PBP. Mariza e Bernard tinham respectivamente 32 e 34 anos, e concluíram o quarto PBP, eles fazem parte de um clube de ciclismo de Paris. Dormimos em Loudéac, lá tomei um banho e dei uma renovada, acredito que estava meio catatônica, pois acabei deixando meu capacete no banheiro, quando voltei para pega-lo a voluntária da organização me olhou com uma cara de incrédula. Descansei pouco, e aconteceu algo que não havia enfrentado nas provas que participei aqui no Brasil, estava dormindo em cima da bicicleta. Daniel ficou preocupado, eu mais ainda. Pedalei com eles até um pouco antes de chegar a Brest, mas com a chegada das subidas novamente acabei ficando para trás.
Em Brest, fiz uma parada rápida, pedalei sozinha até Carhaix-Plouguer, neste PC estavam Calvete, André e Guilherme, conversei um pouco, disse que meu objetivo naquele momento era completar a prova em 90horas, tinha esperança de que se chegasse dentro dessa meta, a organização iria homologar minha prova. Encontrei um casal de franceses, com um ritmo parecido com o meu, a senhora disse que podia acompanhá-los. No entanto, alguns quilômetros depois encontrei Mariza, Daniel e Bernard, e optei por seguir com eles.
Pedalei um pequeno espaço de tempo com um alemão, mas tínhamos estratégias diferentes, ele iria dormir em Quedillac e eu em Loudéac, segui com o trio Fantástico, neste momento estava muito bem na prova e confiante. Como na ida, na volta também dormimos em Loudéac. Desta vez consegui descansar mais tempo em torno de 3 horas, o suficiente para continuar sem dormir em cima da bicicleta.
Após o descanso o dia seguiu tranqüilo, era maravilhoso pedalar com os franceses, pois eles sabiam onde parar para tomar um belo café e comer umas panquecas deliciosas. De Fougères até Villaines- la – Juhel novamente as subidas e mais subidas, às 80 horas ficando mais escassas. Como diria Pereira (Huli huli): “Na vida há mais subidas que decidas”. Senti na pele seu ditado. Foi em Villaines- la – Juhel que tomei à decisão mais difícil, a prova iria terminar naquele PC, estava cansada, desmotivada e não aguentava mais, havia chegado ao meu limite, ao menos, era o que eu achava. Perguntei a organização onde havia uma estação de trem para voltar a St- Quentin- en – Yvelines, para minha surpresa não havia. Daniel falou que eu podia seguir pedalando até lá, mas como minha inscrição era para as 80 horas, minha prova não seria homologado, o que foi confirmando por uma voluntária da organização, nada poderia ser feito para contornar meu erro. Minha única opção era seguir pedalando. Encontrei um sueco, que vendo minha apatia, disse para não olhar para as subidas e ir contando até 10 em todas as línguas que conhecesse, era o que ele fazia, não deu muito certo comigo, talvez porque eu não conhecesse tantas línguas e naquele momento qualquer subida era enorme.
Cheguei ao PC de Mortagne- au- Perche, havia passado da meia noite, o tempo estava se esgotando, estava desmotivada e irritada. Restavam apenas 7 minutos para pedalar 140 km, como já passava da meia noite, não iria encontrar um trem de volta. Revolvi esperar o Erich e Lazary e seguir com eles. Dormi na mesa do ginásio (naquela hora minhas exigências quanto a “camas” não eram específicas), foi então que apareceu o pessoal do apoio de Santa Catarina. Pereira, Eduardo e Rafael Dias, oferecendo carona, aceitei na hora.
Ganhei carona até Plaisir. Dormi. No dia seguinte, seguimos eu, Rafael e Eduardo para recebermos os brasileiros na chegada. Eduardo foi à frente, como estava cansada eu e Rafael pedalamos mais tranquilamente. Pedalamos com alguns ciclistas que chegavam naquele momento ao ginásio. Eram ciclistas com, literalmente, sangue na roupa, com curativos nos braços e pernas, de arrepiar. A Garra e determinação para conquistar o objetivo, era surpreendente. Vimos a chega do Richard, Guilherme, Simone e Alexsander. Conversei um pouco com o pessoal e peguei o trem de volta a Paris.
Bom, quero aproveitar este relato e agradecer a todos que contribuíram com meu sonho, em primeiro lugar a Deus. A minha família, desculpa pela aflição de não mandar notícias, a Gabriela, minha amiga/irmã, com você toda prova foi mais fácil. A nossa musa inspiradora, Rosane Gomes. Ao Beto, meu amigão, que me ajudou muito nos meses que antecederam a prova, teve a paciência de me ensinar a montar e desmontar a bicicleta por várias vezes. Além, é claro, de uns passeios punks, como diria o Bughera. Muito Obrigada! Ao Faccin, mesmo brigando depois da prova comigo. Acredito que se essa modalidade chegou ao patamar que se encontra hoje, devemos muito a você. Ao Grupo Santa Ciclismo, do qual faço parte, e onde sempre encontrei muito apoio. Ao grupo Várzea Bike, pedalar o fleche foi sensacional. Ao Jorge Martins, pela sua disposição em nos auxiliar antes da prova com dicas valiosas. Ao pessoal de Santa Catarina, pela carona após a desistência da prova. Não estava com a mínima vontade de pedalar os 140 km restantes. Ao Rafael Dias, por me acompanhar até o ginásio. Ao Tim, um cara super legal, que tive a oportunidade de conhecer. Agradeço muito pela força antes da prova. Sou sua fã. Ao Edson, pedalar mais de 900 km com o tornozelo inchado não é fácil, és realmente uma pessoa muito focada e determinada. Ao Calvete, pela persistência. Minha grande admiração a Simone, primeira mulher brasileira a completar o PBP. E por fim, mas talvez os mais importantes. Lazary, por sua conquista triunfante, espelho-me em ti, e Erich, que mesmo com uma bicicleta diferente completou este grande desafio. Ludmila e Elvira pela ótima companhia durante toda a viagem. Parabéns a todos os brasileiros que participaram do PBP, principalmente aos que concluíram com sucesso essa aventura, são ícones para os participantes das provas do Brasil, vocês fizeram história. Aos que não concluíram também, tivemos a coragem de tentar.

Lidiane T. Lauermann
Outubro 2011

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Relato Paris Brest Paris 2011- Edson B. Alves



Tudo começou em 2004 quando estava assistindo um programa de esporte na TV e o Marcelo Lucca falava sobre o Audax, especificamente sobre os brevets 200 e 300 em Porto Alegre e Caxias do Sul. Nesse ano não dava mais tempo para participar. Então comecei a pesquisar e ficar de olho no calendário 2005. Minha primeira participação veio logo e fechei o ano com a série completa, cruzei a linha de chegada com os amigos Roberto Trevisan e Guilherme Kardel.
Muitos amigos surgiram e as participações continuaram ao longo destes sete anos, só no estilo Randonneur foram 13.260 km percorridos, 36 Brevets, 5 vezes Super Randonneur (só três medalhas por falta de homologação), uma série Moudeax (Brevet 1.000 – Farrapos) e um fleche e um 1.200 km (PBP 2011).
Em 2007 estava muito a fim de participar do PBP 2007, mas por problemas financeiros naquele momento não teria como ir. Eu e minha esposa Gisele traçamos como objetivo a ida em 2011, então os planos começariam ali, seriam quatro anos para planejar, economizar e sonhar com a participação. Em 2008 fiquei fora do audax, pois foi o ano do nascimento do meu filho Murilo, fiquei muito feliz com a chegada dele. No ano de 2009 voltei a pedalar, conquistei uma Série Mondiaux. Já em 2010 voltei a pedalar pouco (audax), mas nesse ano consegui junto com minha equipe conquistar o FLECHE 2010. A "EQUIPETEMDETUDO" (nome da equipe) tinha um seleto grupo “ Sr. "Rúbis" Gandolfi , Sr. Alemão Edson Behenck (eu),Sr. Glademir Ximitão, Sr. Gringo Rodrigo Cortese e nosso Sr. Tio Endres”.
Novembro/2010 começava a série 2011, estava determinado a conquistar a série antecipada e não poderia perder as primeiras oportunidades, então fiz os 200 km pela Sociedade Audax, dezembro/10 os 300 km pelo Audax Santa Maria, os 400 km em janeiro/11 pelo Santa Ciclismo e os 600 km em fevereiro/11 também pelo Santa Ciclismo. Série completa, agora só pensar no PBP.
De março a agosto foi um pulo, e o grande dia estava chegando. Era minha primeira experiência fora do Brasil, estava ansioso, também era minha primeira vez de avião. Embarcamos rumo a Paris dia 11 de agosto de 2011, eu, minha adorável esposa (Gisele) e meu filho (Murilo - 2 anos e 10 meses). Chegamos em Paris no dia 12 de agosto, fomos direto para o hotel (pegamos um taxi). Não perdemos tempo, largamos as coisas no hotel e já fomos para rua, só voltamos ao anoitecer. Curtimos muito Paris, Versailles, levamos o Murilo na Eurodisney, foram 15 dias inesquecíveis.
Sábado 20 de agosto as 09h00min estava marcado minha vistoria, saímos de Paris e de trem fomos até Saint Quentin-En-Yvelines, chegamos ao ginásio e muitos ciclistas já estavam por lá, muitas pessoas acompanhando e muitas outras trabalhando. A organização é um espetáculo a parte, nota dez em organização. A sensação de entrar naquele ginásio, ver a Bandeira do Brasil hasteada na parede ao lado de muitas outras é muito boa. Cada País tem uma mesa para retirar kit (passaporte, chip, 2 placa para bike e um adesivo para capacete, carta de rota, medalha de Super Randonneur 2011 e outras coisas mais). Na hora de retirar o kit o pessoal da organização orienta de como colocar a placa e o chip, minha sorte é que o casal que estava na mesa falava Português, pois não sei nada de Francês e muito menos Inglês, só sei falar o nosso idioma, mas tem um ditado que diz “que quem tem boca vai a Roma”, então estava lá querendo ir até Brest e voltar. Fiquei um pouco por ali, encontrei o Rogerio de Guarapuava, conversamos um pouco e voltamos juntos até Paris.
Domingo logo depois do meio dia saí do hotel para ir até o local da largada, estava inscrito para as 90 horas e a largada seria a partir das 18h00min, largam grupos de 500 ciclistas a cada 20 minutos. No sábado havia usado o metro para ir até uma estação que faria conexão com RER, mas no domingo eles não deixaram eu acessar o metro, não sei o que falaram, mas pelos gestos entendi que no metro só poderia se fosse casual. Então o primeiro obstáculo estava surgindo, sabia que a estação era próxima a Torre Eiffel, e as margens do Rio Sena, mas como chegar de bike até lá, até então só havia andado de ônibus, metro ou a pé. Peguei a bike e segui pela Rua La Fayette. Dizem que a Torre pode ser vista de vários pontos da cidade, não demorou muito avistei, então peguei uma rua na direção dela, andei um pouco e em seguida já estava às margens do Rio Sena, bom estava tudo resolvido, era só seguir pelas margens do Sena até chegar à estação RER. Cheguei à estação por volta das 02h30min e próximo das três horas já estava chegando ao local de largada. Chegando ao Ginásio, milhares de ciclistas já estavam em uma enorme fila. Naquele momento havia ciclistas cuja largada estava marcada a partir das 16h, inclusive brasileiros, a Lidiane de Santa Cruz é um exemplo.
Esperei um pouco e logo o Erich e Lazzari chegaram onde eu estava, falamos um pouco e o Erich e mais um brasileiro que não lembro o nome foi indo pelo meio dos demais. Fiquei com o Lazzari, conversamos enquanto esperávamos a nossa hora da largada, que estava programada para a partir das 18h. À tarde de domingo estava linda, o sol brilhava forte e estava quente, um clima bem propício para uma grande festa ao ar livre. Após as 17h a fila começou a andar rápido e em pouco tempo já estávamos dentro do pátio do ginásio.
Aproveitamos o momento de espera para registrar com algumas fotografias e filmagens. Juntou-se a nós o Guilherme Kardel, enquanto falávamos a fila continuava a andar. Acredito que eram umas 18h30min passamos pelo controle, registramos nossa passagem e após seguimos direto para o ponto de largada, havia um pelotão a nossa frente, o segundo que estava largando. O grande momento estava chegando, o próximo a largar era nosso, o terceiro das 90h.
Havia muitas pessoas na torcida, familiares, amigos e pessoas da própria localidade curtindo a festa que estava acontecendo no local da largada. É fantástico, só estando lá para ver e sentir o quanto é bom vivenciar uma experiência grandiosa como o PBP.
Contagem regressiva e foi dada a largada. As 18h50min do dia 21 de agosto de 2011 estava partindo para realizar um grande sonho, sonho esse que durou durante quatro anos. Lentamente o pelotão ia se movimentando entre um grande corredor formado por uma multidão que apreciava a passagem dos ciclistas. Não sabia se pedalava ou curtia aquelas pessoas aplaudindo nossa passagem.
O Kardel largou a todo vapor, o Lazzari ficou atrás e eu fui ao meu ritmo, gosto de pedalar uma pouco mais forte no inicio, mas não acima da minha capacidade. Mantive uma cadência até o próximo ponto de apoio no km 140 em Mortagne au Perche, eram próximo da meia noite quando cheguei ao ponto de apoio.
A estratégia era pedalar até Loudeac para ai sim dormir, mas nesse momento já estava com um pouco de sono, então fiz minha alimentação. Falando em alimentação outro espetáculo, nota dez para organização, em todos os PC´s estavam disponíveis grandes refeitórios, um pouco de fila é claro, mas nada que atrapalhasse. Em todos havia almoço, janta ou café (lanche), cada um paga ou seu, nada de graça, mas com preço acessível. Resolvi mudar minha estratégia, então dormi no chão, em um canto do ginásio. Foram 20 minutos de sono, mas o suficiente para estar inteiro para o próximo percurso de 82 km.
Parti solitário, madrugada com uma temperatura agradável, estrada com pouco movimento, continuei seguindo no meu ritmo. Avistava a frente uma enorme linha vermelha, essa linha era formada pela sinalização vermelha das bikes que estavam à frente, eram muitas. Então dizer “esta só” é uma simples maneira de se expressar, foram poucos os momentos que pedalei sem ter companhia. Caso não tivesse era só parar um minuto que logo alguém aparecia.
Depois de 12 horas de pedal cheguei ao primeiro PC em Villaines La Juhel, Km 222, eram 7h da manhã da segunda-feira, larguei a bike e fui direto registrar minha passagem pelo controle. Carimbar o passaporte. O chip registrava a passagem e automaticamente atualizava o site para os que ficaram na torcida acompanhar o andamento do randonneur. Mantive a estratégia e logo após a refeição mais 20 minutos de sono.
Pedal na estrada e lá fui para mais uma etapa. Estava determinado e para mim havia dois objetivos a ser alcançados. Primeiro completar o PBP 2011 em menos de 90 horas e o segundo conquistar o Randonneur 5000. Duas grandes motivações, até então o Luiz Faccin era o único a ser um Randonneur 5000, e foi com base nos seus relatos que descobri que também poderia ser. Grande ciclista e amigo, esse cara é uma grande figura e merece com certeza grandes aplausos.
Motivado e com muita determinação seguia pedalando pelas estradas Francesas, lá somos respeitados, os carros não buzinam atrás ou do nosso lado como quem diz “sai da frente que a estrada é nossa”, se for preciso eles ficam andando na mesma velocidade até que tenha um espaço para poder ultrapassar e não são somente os carros, os caminhões também fazem a mesma coisa.
No caminho há grupos de pessoas na beira da estrada oferecendo lanche, água, coca-cola, sucos enfim estão ali apoiando e com muita alegria. Achei fantástico, parei em algumas, tirei algumas fotos com eles, peguei algo para comer e beber e após cada parada dessa a partida era muito melhor. Também há grupos de pessoas torcendo, e não importa a hora, até na noite eles estão ali gritando e nos incentivando a continuar o nosso caminho.
As 12h57min cheguei a Fougeres, PC no Km 310, fui direto ao controle para registrar minha passagem, não poderia deixar para depois, pois poderia esquecer. O correto é sempre registrar e depois fazer o resto que for preciso. Almocei com Lazzari, Simoni e Alex, nos encontramos pelo caminho. Logo após descansei na grama, um sono de 20 minutos.
Pouco antes de chegar ao PC senti uma fisgada no tendão de aquiles, tornozelo direito, mas naquele momento não dei muita importância. Continuei a pedalar no mesmo ritmo, e as 16h34mim cheguei a Tinteniac – PC km 364, nesse PC fiz um lanche, não esquecendo o registro de passagem, partir para aproveitar a luz do dia. Nesse trajeto fiz uma boa parte junto com o Lazzari, e às 22h33min chegamos a Loudeac. Registramos nossa passagem e o Lazzari disse que ia dormir, então perguntei se ele tinha cataflan emulgel, e para minha sorte ele tinha e emprestou, dei um banho no tornozelo.
Após a janta decidi tocar até o próximo PC, eram 76 km pela frente. Segui num pedal solitário, com muita dor, mas segui com a mesma determinação do início. Nesse trajeto muita coisa passou pela minha mente, inclusive vontade de desistir. Mas lembrei que o Faccin disse que em 2007 ele também teve problemas, mas resolveu primeiro comer, dormir e depois desistir. Então continuei a pedalar para chegar ao PC. Eram 04h50mim quando cheguei em Carhaix-Plouguer – PC Km 525. Passei pelo controle e fui direto arrumar um canto para dormir. Adormeci 30 minutos e após fui tomar um café da manhã.
No mesmo PC avistei uma placa que indicava enfermaria, então fui até lá, mas sabendo que a comunicação seria só por gestos. Fui muito bem atendido, um socorrista me colocou em uma maca e logo um médico examinou, o mesmo pediu para o socorrista fazer uma massagem e aplicar uma pomada no tornozelo. O médico falou algumas coisas, não entendi quase nada, mas consegui entender que o medicamento faria efeito por 6 horas, era o tempo que precisava para ir até Brest, lá avaliaria novamente a situação.
Segui viajem, mas infelizmente a dor continuava comigo. Para aliviar e descansar um pouco pedalei em alguns momentos com um pé só, e o outro estendi sobre o bagageiro traseiro. E assim fui até Brest, alternando as pedaladas com um pé e ou com os dois clipados.

Cheguei em Brest às 11h32min, mas antes parei na ponte esteiada para tirar umas fotos e apreciar a paisagem, muito lindo o lugar, uma pena que estava caindo uma chuva fina e com isso o tempo estava meio fechado. Valeu à pena ter chegado até ali, não podia parar, tinha que continuar pedalando. Nessa altura faltava à volta, mais 612 km. Andei mais uns quilômetros rodando pela cidade e cheguei ao PC, fui direto registrar e logo fui almoçar. Aproveitei o momento para ligar para o Hotel e ver como estava minha esposa e filho, mas não falei que estava com muita dor e que poderia desistir a qualquer momento.
Durante o almoço lembrei uma frase que o Lance Armstrong escreveu "A dor é temporária, pode durar um minuto, uma hora, um dia ou um ano. Mas em algum momento, ela passa e outra sensação toma o seu lugar. Mas se eu desistir, a dor fica para sempre". A lembrança dessa frase, mais as motivações que me levaram até lá, foram fatores determinantes para pegar a bike e continuar pedalando de volta até a meta “1.230 km”.
Meu tempo não era uns dos melhores, mas estava sendo bem administrado, as paradas eram rápidas e bem aproveitadas (registro, refeição, higiene e descanso). Tinha 50 horas para concluir os 612 km restantes, ou seja, estava sobrando 10 horas se comparado com a ida. Precisava administrar bem esse tempo restante, e foi o que fiz.
Iniciei a volta às 13h30min, bike na estrada, determinado a concluir, poderia ser nas 90 horas cravadas, mas concluir. Sempre tive muita sorte quanto a pneu, o talvez, em virtude de sempre estar com eles em bom estado. Mas dessa vez para piorar a minha situação, a partir do km 525 começou a furar pneus, foram cinco vezes em pouco mais de 150 km. Três vezes o dianteiro e duas vezes o traseiro, sendo que essas duas foram à noite. Perdi muito tempo com isso, mas para mim o sabor dessa vitoria seria muito especial. Sabia das dificuldades enfrentadas e essa grande façanha ia ficar na minha mente para o resto da minha vida. Com certeza vou usar como referência para outros obstáculos que aparecer diante do meu caminho.
Novamente mudei de estratégia e resolvi dormir umas três horas em Loudeac. Utilizei a estrutura oferecida por 4 euros acho que foi isso. Antes de dormir encontrei com a Lidiane de Santa Cruz, disse a ela que estava com dor e ela prontamente foi buscar cataflan emulgel que ela tinha na bagagem. Agradeci, conversamos um pouco na fila enquanto esperávamos nossa vez de dormir. São muitas camas naquele ginásio, e para facilitar a comunicação, eles tem um relógio manual, feito com prato descartável só para mostrar até que hora queremos dormir. Ai eles registram em um quadro o número do leito e a hora que é para chamar. Funciona mesmo, as 03h30min eles me acordaram. Levantei e fui direto tomar um café para após seguir viagem, teria pela frente mais um dia e uma noite de pedal.
Nesse dia encontrei varias vezes com a Simone, Alex, Kardel, Lazzari e o Erich, inclusive pedalei um pouco com eles. Mas como não temos o mesmo ritmo, cada um pedalou no seu ritmo. Mas nos PC´s sempre conversávamos um pouco.
Apesar de ter dormido 3 horas, resolvi continuar com a estratégia de dormir 20 minutos a cada parada, mas teve dois momentos que parei para dormir na beira da estrada. Bem natural, passei por vários ciclistas dormindo na beira e resolvi fazer o mesmo.
Durante todo o percurso quase não falei com ninguém e isso é uma das coisas que quero recuperar em uma próxima participação. Pois é uma das melhores coisas, a troca de experiência com os demais.
Na madrugada de quinta-feira, sai de Mortagne-Au-Perche as 02h00min em direção a Dreux o qual seria o último PC KM 1.165. Estava pedalando quando escutei uns silvos (som de apito), era um grupo de chineses, o pelotão estava bem organizado. Tinha um passista forte puxando e o último com o apito controlava o grupo para não dispersar. Aproveitei o embalo e peguei o vácuo, estava precisando aumentar um pouco o giro. Mas durou pouco, 20 km, pararam logo em seguida e eu continuei só.
Tanto na ida como na volta existem dois postos de controle secreto. Então você vem pedalando e o pessoal da organização no meio da estrada indicando o que é controle, e a parada é obrigatória. Acredito ser uma maneira de coibir os espertinhos que acham que a medalha é o mais importante. Mas a real importância esta na estratégia que cada um adotou, esta na vitória conquistada sem derrotar os adversários, esta em saber que suas atitudes poderão ser usadas por outras pessoas, assim como eu usei para conseguir seguir sem desistir.
As 11h17min do dia 25 de agosto de 2011 estava cruzando a linha chegada. Assim como na largada grande número de pessoas formavam um corredor na linha de chegada. Aplausos e mais aplausos. Nesse momento tudo o que sonhei, tudo que planejei estava sendo concretizado com sucesso. A meta havia sido alcançada e eu era mais um a escrever meu nome na lista de um seleto grupo.
Primeiramente obrigado a Deus por dar luz e proteção, o meu muito obrigado a minha esposa Gisele que sempre me apoiou, ao meu filho Murilo que faz parte dessa historia. A minha mãe e toda a família do meu irmão. Obrigado a minha equipe de trabalho que segurou à bronca nos dias que estava fora. Valeu a todos que ficaram na torcida, valeu Luiz Faccin, Roberto Trevisan, Rubens Gandolfi, Paulo Endres...obrigado mesmo. Obrigado e parabéns ao Lazzari que também estava lá e teve vitória. Parabéns pela conquista da Simone, Alex e Guilherme Kardel. Parabéns por ido até lá Lidiane e Erich. Parabéns a todos que concluíram ou não. Obrigado a todos que ficaram na torcida.
Depois de ter chegado de volta ao hotel em Paris mais dois dias curtindo junto com a Gisele e o Murilo. No sábado com malas prontas, bike devidamente protegida dentro da mala bike é hora de voltar para casa. Foi uma das melhores férias.

Para ver mais algumas fotos:
https://picasaweb.google.com/103290519555755558267/PBP2011_Edson_B_Alves#

Até 2015!
Edson Behenck Alves
Paris/França - 2011

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Psicologia para mais segurança

No livro Le Tao Du Velo, o experiente ciclo turista francês escreveu que:
Para ser mais respeitado por motoristas o uso de alforges grandes ajuda.
Escreveu também que algumas vezes utiliza barras metálicas fixadas aos bagageiros da bike, principalmente em regiões onde não existe cultura ciclística. Estas barras tem a finalidade de dar mais segurança ao ciclista, pois os motoristas toma cuidado quando percebe que a pintura do carro pode ser danificada.

Livro: Le Tao Du Velo, Petites Méditations Cyclopédiques, Julien Leblay. Transboreal, Paris, 2010

Julien já pedalou nos cinco continentes e usa uma bicicleta com carga que atinge um peso total de até 75 kg. Com certeza alguma barra de alumínio do tipo “trilho de cortina” não faz tanta diferença no desempenho sem compromisso.

O leão não ataca um elefante, ou uma pessoa sobre um Jeep, pois ele visualiza apenas um animal maior do que ele. Muitos motoristas agem como animais e desviam do ciclista apenas como defesa e não por respeito ou qualquer outra consideração mais humana que deveria ter com a vida do seu semelhante. Os animais se unem para garantir a sobrevivência, seja na caça ou na defesa. O motorista é pior, pois se junta a maquina e parte para o ataque do qual também é vitima.
A pintura do veiculo passa a ser mais importante do que a vida do ciclista no transito. É um mundo materialista e individualista.

Esta idéia para mim foi nova, mas já pude comprovar algo semelhante de outras maneiras.
Ao pedalar a noite, principalmente quando sozinho, percebi que utilizando a luz traseira no modo continuo sou mais respeitado. A conclusão que chequei é que o motorista presta mais a atenção na luz continua porque nem sempre identifica logo de se tratar de um ciclista. Ele fica na duvida, pode ser um trator, uma moto, um carro velho com uma luz queimada. Qualquer destas opções representa um risco, nem que seja de estragar o carro.

Algumas vezes faço a limpeza da rua em frente ao local de trabalho para retirar a terra e areia. Ao varrer a rua e juntar a terra corro o risco de ser atropelado mesmo quando uso os cones de sinalização na lateral da rua. Os cones plásticos apesar de bem visíveis não representam um risco para os veículos. Quando utilizo a lata e a pá metálica, no mesmo local do cone, o respeito passa a ser maior.
A lata é mais importante do que a minha vida, mesmo que eu seja bem maior do que ela. A lata é uma embalagem de tinta com capacidade de 25 litros.
A lata é um objeto estranho, não se pode ver o que tem dentro e pode ter muito peso.
O cone é um objeto conhecido, leve e não representa risco para o veiculo.
O meu corpo é só mais um na rua. O meu corpo é semelhante a tantos outros que estão lá para atrasar o pobre coitado do poderoso motorista, que não pode perder os preciosos segundos, pois está atrasado para chegar na fila de veículos que já esta formada na próxima esquina.
O cone de sinalização não é nada;
O lata é um risco;
O pedestre ou o ciclista é um inimigo a ser combatido.
A regra deve ser a mesma de alguns animais: para se proteger pareça maior do que realmente é.
Esta deve ser a teoria da lata?
Vamos pendurar latas e espelhos no bagageiro!

sábado, 22 de outubro de 2011

Audax falso- diga não a pirataria!

Falsos Brevets Audax

1-O que é brevet

Brevê ou brevete[1] (do francês brevet) é um documento que dá ao seu titular a permissão para pilotar aviões. Tem a vertente civil e militar. Pode ser comparado a uma carta de condução, ou a uma carta de marinheiro, pois consoante a categoria dos aviões (lotação, passageiros/carga, etc.) é necessária uma determinada categoria de brevet. Tem que ser renovado também consoante a idade do titular. Tal como nos outros documentos, pode ser usado em nível profissional (pilotos comerciais da aviação civil, pilotos privados, etc.) como em nível amador: indivíduos que exerçam profissões não relacionadas com a pilotagem mas que a usam como um hobbie.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Brevê

Brevet: titulo ou diploma deliberado por etapas, permitem ao titular de exercer certas funções e certos direitos. Brevet de invenção, brevet de capacidade e outros. ( fonte: Le Robert Micro- Dictionnaire de La Langue Française- Poche-édition 2006)

No site Randonneurs Brasil você encontra uma definição mais especifica para o caso dos Brevets Randonneurs Mundiais(BRM).
http://www.randonneursbrasil.com.br/regulamentos/23-o-que-e-brevet

No caso dos brevets Audax a definição é semelhante aos BRM, pois pode ter um alcance e validade diferente conforme a modalidade de Audax, mas nem vem ao caso no momento pois o que interessa mesmo é saber que:
Brevet é um diploma, uma garantia.


2-O que é Audax


Para saber mais:
http://audaxbresil.blogspot.com/2010/09/audaxes.html


http://audaxsantacruz.blogspot.com/2011/10/audaxes-mais-informacoes.html


http://audaxbresil.blogspot.com/2010/09/primeira-medalha-audax.html

3-O que é preciso para um evento ser um brevet?

Agora já se sabe o que é brevet e o que é Audax.
Como saber se um evento é um brevet Audax?
Para ser uma garantia, um diploma é preciso ser válido;

A)Para valer o evento deve estar no calendário oficial dos brevets.
Se for Audax no calendário dos Brevets Audax que são homologados pela UAF
Veja em:
http://audaxbresil.blogspot.com/search/label/calendario

Atenção com os brevets de Audax Caminhada que são adicionados no calendário a cada mês e não anualmente!

Se for um Brevet Randonneur, no calendário dos Brevets Randonneurs Mundiais realizados no Brasil e homologados pelo Clube Audax Paris (ACP)
Veja em:
http://randonneursbrasil.com.br/calendariodebrevets/25-calendario2012

B)Para valer o evento deve estar de acordo com o regulamento da modalidade ( vamos falar apenas de ciclismo para facilitar).

Regulamento Audax Ciclismo
:
http://audaxbresil.blogspot.com/2009/01/regulamento-audax-ciclismo.html


Regulamento dos Brevets Randonneurs Mundiais:

http://www.randonneursbrasil.com.br/

Brevet Audax Falso

É qualquer evento que não esta no calendário da devida modalidade, ou não esta de acordo com o regulamento desta mesma modalidade. OBS: o nome Audax deveria ser utilizado apenas para definir os brevet homologados pela UAF.
Um evento que não esta no calendário dos brevets ( Audax ou Randonneur) não é um brevet, pois não da garantia de participação no brevet seguinte e não é/será homologado. O mesmo acontece em relação ao nome Audax ( ou Randonneur) pois não pode ser considerado como tal sem ser um evento oficial e constar no calendário e seguir o regulamento.
Portanto, não existe Audax individual, não existe brevet Audax ou Randonneur de 200 km a ser concluído em até 15 horas. Isto não depende da opinião do representante ACP ou UAF porque estes são os responsáveis por zelar pelos devidos regulamentos.

Se você vai pedalar um evento
1-Saiba do tipo de evento que vai participar e não se deixe enganar;
2-Não aconselho a participar deste tipo falso de evento pois utilizam a imagem e o trabalho realizado pela organização dos eventos oficiais;
3-Se um evento é vendido como oficial sem fazer parte do calendário é no mínimo propaganda enganosa e este tipo de “organizador” não deve ser confiável.


Motivos para não realizar um evento oficial ACP ou UAF

Os únicos motivos que consigo anotar são:
- ignorância sobre o que realmente é cada coisa. Vale lembrar o velho ditado: “de boas intenções o inferno esta cheio”;
- para não pagar o valor das homologações- leia-se ganância. Veja o valor que foi cobrado por cada homologação nos últimos anos:

http://randonneurs-brasil.blogspot.com/2011/03/contas-2010-por-clube.html
http://randonneurs-brasil.blogspot.com/2011/01/totais-brasil-2010-homologacoes-brevet.html
http://randonneurs-brasil.blogspot.com/2009/12/contas-2009-por-organizador.html

O valor pago por cada homologação nos últimos anos foi de 45 centavos de euro e mais algumas taxas e custos anuais por organizador- realmente isto deve ser um valor demasiado para um organizador que cobra R$90,00 ou mais por uma inscrição.

Audax que não é Audax e não é falso, justamente por isto.

Veja alguns exemplos.
Audax4- organização de eventos esportivos:
http://www.tyaraju.com.br/clientes/audax4.com.br/
O nome Audax4 é apenas um nome fantasia e em nenhum momento é feito alusão ou citação de, regulamento Audax, ciclismo de longa distancia, brevet, Randonneur, LRM, BRM, ACP, UAF, representante ACP...
Industria
http://www.audax-quimica.com.br/
Audax São Paulo Futebol Clube
http://www.paec.com.br/
Banda Audax
http://www.bandaaudax.com.br/

Nenhum organizador é impedido de organizar o evento que seja, pedalado onde quiser, quando, inventar uma modalidade como quiser.
Nada justifica usar indevidamente o nome de uma modalidade, vender um produto como sendo outro a não ser a falta de seriedade.
O ciclista pode e deve pedalar o evento que quiser, deve pedalar apenas porque gosta, mesmo sem estar participando de um evento, mas não deveria servir de avalista e patrocinar este tipo de evento falso.
Torça pelo Audax Futebol Clube, escute a Banda Audax, participe da corrida Running Audax, compre produto da Audax Quimica, contrate o escritório de Contabilidade Audax, mas estude o que é Audax Ciclismo, Caminhada e não aceite pirataria.

Os maiores falsificadores são ex-organizadores ou praticantes da modalidade por incapacidade para fazer a coisa de maneira correta.

Luiz M. Faccin
Outubro de 2011

Audaxes Mais informações

Randonneur- pessoa que faz randonneé, não precisa exatamente ser ciclista;
Randonneé- palavra de origem francesa que significa passeio de longa distancia/ longa duração
O nome correto dos brevets organizados conforme o regulamento da ACP- Audax Club Parisien é Brevets Randonneurs Mundiais ( BRM) nestes brevets o andamento é livre e nestes o ciclista pode estar solitário como bem descreve o texto.
Os brevets conforme o regulamento da UAF- União dos Audax Franceses são os AUDAX.
São pedalados em grupo/ pelotão e com a média de 22,5 km/h
Nestes não existe o ciclista solitário, mas mais ciclistas solidários.
Existe também Audax Marcha=caminhada, natação, remo, esqui e ciclismo especifico para jovens ( inclui crianças)
O termo Audax, devido à confusão em relação ao Nome do Clube Audax Paris, foi e é utilizado para chamar os brevets Randonneur Mundiais aqui no Brasil, mas estes brevets não são conforme o Formula Audax dos brevets Audax da UAF.
Os dois clubes, ACP e UAF, tiveram a mesma origem e se separaram definitivamente em 1921 depois de muita disputa. Cada um seguiu uma formula.
Os BRM são praticados em 41 países
Os Audax ainda não em tantos= países da Europa, Austrália a Brasil.
Em 1891 surgiu o Paris Brest Paris e é o evento ciclístico mais antigo do mundo ainda realizado, mas era competição naquela época. Os brevet surgiram em 1904 e foram criados por Henri Degrange, o mesmo criador do Tour de France.
O Paris Brest Paris Audax é realizado a cada 5 anos e organizado pela UAF;
O Paris Brest Paris Randonneur é realizado a cada 4 anos e organizado pela ACP e FFCT ( Federação Francesa de Ciclo Turismo). A FFCT é uma organização maior da qual a ACP e UAF fazem parte. A FFCT tem mais de cento e vinte mil ciclo turistas associados com as anuidades em dia, mas isto são curiosidades para outra oportunidade.
Em 2011 tivemos dois PBPs ( Paris Brest Paris) o Audax e o Randonneur. Nem precisaria repetir, mas:
Audax organizado pela UAF e pedalado em grupo com média de 22,5 km/h e paradas programadas, com hora marcada. Presença de centenas de ciclistas.
Randonneur organizado pela ACP com andamento livre e presença de milhares de ciclistas.

Geralmente a gente escreve a palavra Audax, mas poderia substituir por brevet sem distinguir a diferença entre uma modalidade e outra.
Quando se usa uma foto de um ciclista solitário, não pode ser uma foto de Audax e sim de um BRM. Quando se fala em solidão na madrugada, não se esta falando de um brevet Audax e sim de um brevet Randonneur de andamento livre.
Vamos a uma frase:
Audax esta presente em todos os continentes perfazendo mais de 40 países”.
A palavra Audax na frase não está correta por identifica uma modalidade. Se substituir por os Brevets Randonneur Mundiais a fase fica certa, mas tem a opção de usar, Os Brevets estão presentes em todos os continentes...
A frase fica correta pois não identifica diretamente a modalidade. Tanto Audax e BRM, são brevets.
Para saber mais:

http://audaxbresil.blogspot.com/2010/09/audaxes.html

http://audaxbresil.blogspot.com/2010/09/primeira-medalha-audax.html

Luiz M. Faccin
Março de 2011
Publicado originalmente no blog randonneursbrasil.blogspot.com

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Calendário brevets 2012

Esta disponível no site:
http://randonneursbrasil.com.br/
o calendário 2012 dos brevets Randonneurs série 2012
Santa Cruz do Sul terá apenas um brevet 200km e uma Fleche


Brevet 200km - 26/11/2011

Santa Ciclismo - http://www.santaciclismo.com.br/
Responsável: Marco Antonio Valim

Fleche - 06/04/2012
Santa Ciclismo - http://www.audaxsantacruz.blogspot.com/
Responsável: Luiz M. Faccin
Local de chegada: Faccin Bicicletas- Santa Cruz do Sul, RS.

Existe ainda o calendário dos brevets Audax que esta disponível em:
Ver aqui!
Onde teremos mais brevets em Santa Cruz do Sul.

Confira!

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Fotos PBP 2011- Erich Brack

O Erich disponibilizou algumas fotos realizadas durante o Paris Brest Paris 2011.

Vale a pena conferir

Veja Aqui!

Boas pedaladas!

Um relato do PBP 2011

Um relato dos 1.200km do Paris-Brest-Paris

No esporte e na vida, histórias de superação costumam ser as mais interessantes. Servem de inspiração. O blog bateu um papo com um personagem de uma delas, o microempresário Maurício Helman, que deixou o Rio de Janeiro para participar do desafio 1.200km Paris-Brest-Paris, no fim de agosto. Ele tinha cumprido as distâncias de 200, 300, 400 e 600 km do Audax, pré-requisitos para participar da prova. Mas foi a primeira vez que pedalou por tantas horas e por tanto chão. Viveu, claro, uma experiência inesquecível.

- Nos ultimos 40 quilômetros, eu estava quase chegando, mas precisava dormir, não conseguia mais pedalar, meus olhos estavam fechando. Parei a bicicleta num canto e deitei na relva. Inclusive vi alguns caindo, literalmente, de sono. No meu caso, o guidon chegou a dar uma torcida e foi então que decidi parar. Não sei exatamente quanto dormi, mas foi por mais ou menos duas horas. Fui acordado por dois franceses que perguntaram se estava tudo bem comigo, se eu precisava de água ou ajuda. Eles estavam de bicicleta também, mas não participavam da prova. Os dois foram me acompanhando até eu completar a prova. "A gente vai levar você para completar", disseram eles, muito simpáticos. A participação das pessoas, aliás, foi uma parte tocante da viagem. Os franceses gostam da prova, ofereciam chocolate quente, café e bolo nas cidadezinhas pequenas por onde a gente passava. Era um pessoal muito receptivo. A cada 80 ou 100km tinha sempre uma cidadezinha. Parecia cenário de filme ou de quadrinho do Asterix - relata Maurício, de 49 anos, que completou os 1.200km em 93 horas.

Maurício não é um superatleta. É, sim, um cara que gosta de pedalar e curte superar desafios. Nada de anormal, portanto. Começou a encarar grandes distâncias há três anos. Foi aos poucos. Pegou gosto.

- Sempre pedalei por diversão, comecei a pedalar longa distância em 2008, quando fiz o primeiro Audax, de 200km. Eu nem tinha equipamento de ciclista, pedalei com short de tactel e camisa de algodão. Foi difícil porque ficou tudo molhado, choveu o dia inteiro. De lá para cá eu vim me equipando e melhorando. A bicicleta também mudou muito de lá para cá - lembra.

Depois do Paris-Brest-Paris, quer mais. Quer outras pedaladas de 1.200km por esse mundão afora.

- Foram seis mil ciclistas, sendo 2.500 deles, franceses. O restante, gente de tudo quanto é lugar do mundo. Hoje entrei de tarde no Facebook e tinha um cara da Índia me conectando, que eu conheci na prova. O maior prazer é a troca de experiências com pessoas do mundo todo. E conhecer lugares. Eu não tinha noção, a França é verde, você não vê um pedaço de terra marrom. Tudo é plantado ou é parque. Ter pessoas do mundo todo pedalando ao seu lado é uma experiência que não tem palavra para descrever. A começar na largada, o povo batendo palma e te dando incentivo, tapinha na mão, você se sente um cara especial - narra, entusiasmado.

Completar a prova, superar o desafio é...

- Uma realização, uma conquista pessoal. Essa provas servem para você ganhar autoafirmação pessoal. Quando você consegue completar aquele objetivo, você se torna mais forte como pessoa, mais seguro inclusive para a sua vida pessoal, além do esporte. Você sai uma pessoa muito mais determinada de um experiência assim. Você sente que é um vencedor - explica.

O perrengue

- Virava a noite pedalando, peguei tempestade de vento, já deveriam ser umas dez ou onze da noite. Todas as noites fazia frio. Na segunda e na terceira noite, frio e chuva. Foram três noites ao todo.

O que levou

- Botei bagageiro na bike e roupas num saco. Foi um erro. Choveu e o saco não era impermeável, ficou pesado. E eu nem troquei de roupa. Carreguei peso extra à toa. Embaixo do banco, atrás, tinha bolsa com câmaras reservas e ferramentas. O pneu furou uma vez, porque bobeei e peguei um meio-fio. No quadro, na frente, eu tinha duas bolsinhas com a alimentação (barrinhas e gel). Tinha também duas garrafas de água ou isotônico. E mais uma bolsinha com celular e câmera de foto. Levava bateria reserva para as lanternas da bike. Eram duas lanternas traseiras e duas dianteiras.

O que vestiu e comeu

Usava uma camisa térmica por baixo, uma camisa de ciclista, um corta vento e um colete refletivo obrigatório à noite. A troca de roupa era feita sempre na hora das paradas para comer, já que a diferença de temperatura entre o dia e a noite era grande. Levei isotônico e gel repositor energético, além de barra de cereal. Eram 15 postos de controle, parava para carimbar o passaporte e comer. Comia macarrão à bolonhesa ou com frango, tomava suco de laranja, pegava umas frutas. Eu procurava me alimentar bem. Comia sanduíche e tomava coca-cola nos lanches.

A bicicleta

É uma Signal, americana, modelo Silverado. É uma bike híbrida, originalmente Mountain Bike, mas botei rodas de speed. O pneu é 700/28, com ele a bike fica mais confortável do que ficaria com o pneu 700/23, o tradicional de speed. Este vibra mais, é mais duro. Minha bike tem 20 anos, ela tem uma porção de adaptações. O câmbio original, por exemplo, era de 21 velocidades, hoje é de 30. O quadro está todo enferrujado, mas não pretendo trocar de bicicleta, não. Talvez de quadro.

Os momentos mais difíceis

- Foram na tempestade de vento lateral. E quando o sono batia forte, também.

Nem pensar em desistir

- Essa hipótese, de desistir, realmente não existia. Eu disse para mim mesmo que só pararia de pedalar quando cumprisse o percurso. Perdi muito tempo, às vezes de bate-papo, eu tinha que ter sido mais objetivo. Sem isso daria para chegar nas 90 horas em que deveria chegar. Mas fiquei muito feliz de completar.

Uma mancada

- A organização foi espetacular, tudo muito sinalizado. Mas pedalei 24km à toa, porque peguei o caminho errado. Foi um carteiro que me orientou, e aí voltei 12km, depois de pedalar para lugar nenhum por 12km. Não falo francês. Ele me avisou meio em francês, meio inglês, aí eu consegui compreender.

Quanto custou a aventura -


As passagens consegui com pontos do cartão de crédito. Fiquei num hotel com diária de 38 euros para dois, dividi com Claudio Guilherme, de Niterói, que conheci no Audax do Rio. Comprei um par de rodas lá, que usei na prova. No total, foram de R$ 3 mil a R$ 4 mil de despesa.

A família

- Sou casado e tenho dois filhos, a mais velha com 14 anos e o mais novo, com 11. Fiquei 17 dias fora de casa. Minha mulher me dá todo apoio, meus filhos também. Tinha muita gente que pedalava com a família acompanhando de motorhome. Não acho isso uma boa. O motorhome pode dar ao ciclista uma vontade de ficar de preguiça, esse conforto pode tirar o ânimo na prova.

Uma lição

- Na prova tinha bicicleta de tudo quanto é tipo, é permitido, desde que de propulsão humana. O que marcou mais para mim foi ver uma bicicleta para dois pedalarem ao mesmo tempo. Um dos caras era cego.

Uma conclusão

- A prova não é moleza nenhuma, é barra pesada. Mas quero mais.

O Paris-Brest-Paris, noticiado pelo De Bike em agosto (relembre aqui), parte do subúrbio de Paris e vai até Brest, na beira do oceano, retornando a Paris. O ponto de partida e de chegada é em Saint-Quentin-En-Yvelines, periferia da capital francesa. A prova é disputada a cada quatro anos, essa foi a 17ª edição.

Fonte:e-mail enviado para o grupo Ciclismo de Longa Distancia
(http://oglobo.globo.com/blogs/debike/)

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Reportagem Paris Brest Paris- Richard Dunner

Compre a revista Vo2 Max deste mês ( outubro 2011) e leia/veja e reportagem perfeita sobre a participação do ciclista Richard Dunner no Paris Brest Paris 2011.

Para saber um pouco mais sobre o ciclista.


Relato PBP 2007

Parabéns Richard


Foto escaneada da Revista Vo2 Max!

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Segundo Randonneur 5000 brasileiro


Pretendo divulgar mais alguns relatos e comentários do Paris Brest Paris, mas enquanto eles não chegam vou divulgar o arquivo que recebi.

Já temos o segundo Randonneur 5000 brasileiro. Adivinha de que clube ele é?
Do mesmo clube do primeiro!



Parabéns e obrigado Edson Behenck Alves.
Já escutei o teu relato do Paris Brest Paris 2011 contando as dificuldades enfrentadas, mas vou esperar o teu relato escrito.
Agora é esperar a chegada da medalha e a divulgação do teu nome na lista do site do Clube Audax Paris.