quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Melhores e Piores relatos

Pensei em escolher o melhor relato de todos os escrito de um brevet Audax ou Randonneur Mundial.
Lendo alguns dos relatos publicados encontrei um que considerei o mais impressionante e um bom registro do que pode acontecer em um brevet. Melhor dizer, o que acontece nos brevets e que muitos ciclistas não sabem e nem percebem o risco que estão correndo.

Então indico a leitura dos três relatos abaixo e que são do mesmo BRM realizado em 2008:

O Último Audax de Rosane

No último dia 30 de novembro foi realizado o Audax Randonnée 200 km de Santa cruz do Sul, brevet que eu também pedalei. Fiquei sabendo de alguns acontecimentos que relato a partir de agora.

Foi um brevet com muito calor e depois vento e chuva forte. Últimos 50 km em asfalto com acostamento áspero e desnível grande em relação a pista. Resultado foi que vários ciclistas caíram, graças ao São Cristóvão, sem nenhum acidente grave.

A Rosane Gomes é candelariense e foi a primeira brasileira a completar um brevet de 600 km. Utiliza uma bike aro 700 com pneus 700x 35, pedala com cuidado e nunca havia sofrido tombos durante um brevet Randonneur. É a pessoa mais motivada e alegre que eu conheço e é responsável por termos vários outros ciclistas pedalando os brevets.

A Rosane estava logo depois de Rio Pardo, depois da chuva forte, pedalando no acostamento, bem próximo a pista, utilizando uma faixa mais lisa de asfalto. Quatro carros passaram, logo depois ela perdeu o equilíbrio e caiu para o lado da pista. Deitada com metade do corpo sobre a pista percebeu um carro passar e conseguiu visualizar toda a parte de baixo deste veículo. O Junior, seu filho, que vinha logo atrás, e também estava pedalando no evento, ficou apavorado quando viu um carro passando ao lado da cabeça da mãe. Depois de levantar a Rosane viu a marca do pneu do carro que raspou no seu capacete.
Novamente pedalando foi tomando consciência do que poderia ter acontecido e tomou a decisão de nunca mais pedalar os eventos Audax/Randonnée.
Estes acontecimentos ela me narrou no dia seguinte e me avisou da decisão.
Vai continuar pedalando, mas principalmente nas estradas no interior de Candelária. Vai sentir falta dos amigos que fez nas provas.



Veja algumas fotos do capacete:

http://picasaweb.google.com.br/luizmfaccin/CapaceteDaRosane#


Rosane!
Você sempre será a primeira brasileira que, apesar de todas as dificuldades, completou um brevet de 600 km. Você já tem o nome registrado na história e apenas vai mudar o lugar onde pedala. Quando conseguir vou pedalar contigo ai em Candelária, mas acho que vou de carro, ou pedalando por estradas de terra, para poder chegar vivo.


Lembranças:


Em 2005 o ciclista Alexandre Luz morreu ao ser atropelado durante o Audax/randonnée 400 km de Campinas, SP.

O kayo Oliveira me relatou sobre um amigo, vencedor e participante de vários eventos ciclísticos de longa distancia. Este ciclista pedalou o Paris Brest Paris 2007 e decidiu não pedalar mais eventos longos. Disse que "todo o ciclista que pedala estes eventos longos e muito longos, um dia sofre um acidente grave" e que ele iria parar antes de isto acontecer.

Outros comentários
:


Muito participante dos brevets Audax utiliza uma bicicleta com equipamento ótimo, moderno e leve, mas nem sempre o mais adequado para a situação em que está pedalando.
Muito participante dos brevets Randonneur, principalmente nos de menor distancia, não tem experiência em pedalar em locais estranhos, de noite, na chuva e com tantos fatores adversos.
Mesmo o participante mais experiente, utilizando o equipamento mais adequado e seguro, pedalando na estrada que conhece bem, com todo o cuidado possível, está sujeito a quedas e acidentes com perigo. Escrevo esta frase lembrando de quedas que sofri, apesar de todos os cuidados que tive.


Publicado Originalmente em:

Mais um Tombo no brevet 200km
Ainda sobre o brevet de 200 km do dia 30 de novembro.

Estava no Hotel Feldmann, quando da chegada do um ciclista, que relatou ter presenciado a cena mais engraçada que já havia visto durante uma pedalada.

Versão 1:

Disse o ciclista.

Estava pedalando durante a chuva forte, quando a bike derrapou e eu cai. No sentido contrário vinha um carro que freou e foi indo, indo, indo e desceu o barranco da estrada.


Versão 2:
Ainda no Hotel Feldmann fiquei sabendo a notícia que um amigo, também ciclista, havia capotado com o seu carro.
No dia seguinte este ciclista/ motorista me ligou e perguntei sobre o ocorrido e ele me relatou o seguinte:
Estava indo para Pântano Grande, durante a chuva forte, para acompanhar os meus amigos que estavam pedalando o brevet de 200 km. NO sentido contrário vinha um ciclista ( a descrição foi a mesmo da ciclista que contou a versão 1) que pedalava em cima da pista e caiu sobre o asfalto. O carro que vinha atrás desviou e passou muito perto deste ciclista caído, mas invadiu a contra mão, ou seja a pista onde eu estava. No susto eu freei o carro e desviei. O carro deslizou, deslizou e capotou ao sair do acostamento. Por sorte eu não me machuquei, mas fiquei com medo e senti o perigo. "Não sei se vou pedalar Audax no asfalto novamente, é muito perigoso".

O Objetivo destes relatos não é encontrar culpados, mas mostrar algumas coisas que acontecem durante os brevets e que independem da organização.
Quando o organizador está dando as orientações durante o briefing, muitos estão desatentos, ou mais preocupados com a janta que vem logo em seguida.
Muitos nem participam deste momento importante da prova.


Versão 3:
O ciclista,
que não devia estar pedalando em cima da pista durante a chuva forte,
quase é atropelado por veículo,
que não devia estar andando tão rápido durante a chuva forte.
Ambos causam um acidente com terceiro.
Na realidade o que mais me impressiona é que, provavelmente o ciclista cansado, caiu e não percebeu que quase foi atropelado.
Desta forma não tomou conhecimento do perigo que correu e achou a situação engraçada.


Outros:

Casal estava andando de carro durante a chuva forte quando presenciou ciclista andando em cima da pista que quase foi atropelado por carro que vinha no sentido contrário.

O colete refletivo deve ser utilizado quando
- começa a chover;
- estiver escurecendo;
- tiver neblina;
- tiver fumaça;
- ou qualquer fato que atrapalhe a visão dos motoristas.

No randonneur, que aqui chamamos de Audax, permite o andamento livre a cada ciclista pedala no seu ritmo. Um ciclista pode estar andando sozinho a quilômetros do ciclista mais próximo.
No Audax, que ainda não foi realizado no Brasil ( escrito antes de 2009), os ciclistas pedalam em grupo a uma média horária imposta. Desta forma pode ser utilizado carros, ou motos, como veículos batedores, o que aumenta em muito a segurança nos brevets.

Devido a estes fatos, estou acreditando ainda mais na vantagem do item segurança, nas provas pedaladas em grupo.
Publicado originalmente em:

Despedida da Rosane

Luiz e amigos ciclistas!
É com muita tristeza que encerro minhas provas no Audax.
Depois do susto do ¨meio atropelamento ¨ tive conciência dos riscos que corremos.
Depois de passar todo aquele calor, temporal com direito a muitos ventos, quase morri.
Claro que todos sabem que estou com uma doença letal, e que pelos meus médicos tinha no máximo uns 17 messes de vida, mas resolvi lutar e já vou para meu quarto ano.
Tudo isto graças ao meus filhos pois comecei as pedaladas com muito incentivo deles, aos amigos Luiz Faccin e Giovane, que sempre me apoiaram pois foram os primeiros que me darem muitas dicas dos Audax, a Gabriela, Alessandro, Joel,Baltazar Lidiane, Corrente, Udo,......e muitos outros.
Foram mais de 12 provas entre elas os 600km.
Não está sendo fácil abrir mão do Audax, foram pedaladas que me marcaram.
Muitos amigos, tantos que não lembro seus nomes, mas reconheço muito bem cada um deles seja em qualquer lugar ( apesar do problema neurológico ). Passei muito frio, calor, medo das pedaladas durante as noites em que ficava muito tempo sozinha pois meu rítmo é lento e mal consigo acompanhar meu filho Júnior, que muitas vezes ficava para trás trocando pneus e me mandave seguir para não nos atrassarmos.
Tenho muita coisa para contar que acho até que vou iniciar um relatório para quando eu me for poderam ler com mais tempo.
Meu muito obrigada a todos que sempre ajudaram nas provas, ao meu marido Luiz, que me deu apoio em todas elas, ao meu filho Márcio pela paciência.
Gostaria de ter cara de pau para quebrar minha promessa de não voltar aos Audax, e também coragem. Mas prefiro morrer ¨naturalmenta¨como dissem meus médicos.
Desejo para todos ótimas pedaladas e não desistam jamais, ( Tomem muito cuidado e que Deus os abençôe).
Mil bjs.
Se precisarem de mim estarem em Candelária de braços abertos.OBRIGADA!!!!!!!!!!!!!

Publicado originalmente em:


Em breve vou escolher o relato mais engraçado.
Acho importante ler e reler estes relatos.

Alguns ciclistas me perguntaram  por onde anda a Rosane.
Segue abaixo a foto da nossa amiga no Audax Caminhada 25km de Candelária realizado em setembro de 2014. Ultimamente esta participando de rusticas e dando palestras.




quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Paris Brest Paris Randonneur 2015





Veja mais informações em:
http://www.paris-brest-paris.org/index2.php?lang=fr&cat=accueil&page=edito

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Primeiro Randonneur 10000 Brasileiro

Esta confirmado, o Brasil já tem um ciclista Randonneur 10000

Veja no site:
http://www.randonneursbrasil.org/lista-randonneur-10000/

Parabéns Nilson Ricardo de Macedo Randonneur 10000 número 49


Mais informações sobre esta conquista, leia o regulamento em :

http://www.randonneursbrasil.org/regulamento-randonneur-10000/



Em 2013 foram 34 ciclistas que conquistaram este titulo, entre estes
15 japoneses, 8 espanhóis, 5 franceses, 2 alemães, 1 croata, 1 canadense, 1 belga e um brasileiro.

Ver resultados:
http://www.audax-club-parisien.com/download/Resultats2013_0405.pdf


Foto: Nilson pedalando o brevet de 400km do Santa Ciclismo em 2013


Um brasileiro entre os primeiros R10000 das américas.

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Primeiro Randonneur Brasileiro



O primeiro brasileiro a pedalar um brevet 1200km e Paris Brest Paris
(Resgatando mais um pouquinho de história)

Em alguma noite do mês de janeiro de 2005 estou no centro de Garopaba passeando com a família. Parado na calçada sem querer olho para a traseira de um carro estacionado e vejo algo raro, muito raro, que talvez poucos pudessem entender o seu significado. Era difícil de acreditar, mas o carro estava com vários adesivos de Brevets Randonneurs, mais conhecido como Audax aqui no Brasil, uma modalidade muito pouco divulgada. Adesivos Randonneurs Canadá, Boston Montreal Boston e Paris Brest Paris, seria possível? Quem teria participado de todos estes eventos? Possivelmente algum paulista do Clube Audax Brasil em férias nesta praia, mas a placa era de Garopaba.

Resolvi esperar e conhecer o motorista. Estava ali a mais de ½ hora e nem sinal, resolvi deixar o meu cartão com e-mail, site, telefone e algumas palavras sobre Audax e randonnée, no pára-brisa do veiculo, mas fiquei por perto. Um minuto de distração e o carro desapareceu. Perdi uma grande chance de conhecer um ciclista, ou apenas um apaixonado por está modalidade de ciclismo de longa distancia não competitivo.

Mais alguns dias na cidade e nem sinal de carro adesivado! Final de férias e nem sinal de receber algum improvável contato do ainda mais improvável ciclista participante destes desafios ciclísticos. Em alguma noite do mês de julho de 2006 estou em casa em frente ao computador conferindo os e-mails e leio no assunto de um deles: Contato do ciclista de Garopaba! Pensei ser algum ciclista qualquer desta praia famosa a procura de alguma informação sobre algum texto que escrevi e publiquei em algum site!

Surpresa, um ciclista chamado Kayo Oliveira, que reside em Boston, estava com o meu cartão deixado no para brisa do carro em Garopaba. Reside 6 meses em Boston e 6 meses em Garopaba. Retorno o e-mail e pesquiso a internet a procura de algum Kayo. Encontro resultados de breves de 400 e 600 km e uma foto de algum Paris Brest Paris. Conhecer um audaxioso que pedalou 600 em Boston já seria bom, poder conversar e trocar informações melhor ainda. Os e-mails demoraram a ter retorno, mas ficamos de nos encontrar em Garopaba no inicio de 2007.

Novembro de 2006 recebo um e-mail com fone, endereço e aviso que o Kayo estava em Garopaba e assim que eu estivesse lá deveria ligar para um encontro. Na tarde do dia 17 de janeiro de 2007, estou em Garopaba ligo para o Kayo que atende o telefone. Quinze minutos e chego pedalando na linda casa de um senhor barbudo e simpático. Antes de tocar a campainha vejo na garagem o carro adesivado estacionado.

As três horas seguintes passaram rapidamente e conversamos como velhos amigos ciclistas que a muito pedalam juntos. Como em um brevet o tempo passa rápido quando você está fazendo o que se gosta, como em um brevet, não existe diferença de idade, todos somos jovens. A seguir relato um resumo das informações colhidas nesta conversa e nos demais encontros que tive com o meu amigo Primeiro Randonneur Brasileiro. Este texto tem como objetivo divulgar a história desconhecida de um ciclista brasileiro, e deixar disponível um pouco das experiências que podem ser úteis para futuros participantes e organizadores de Brevets Randonneur Mundiais e Audax.

Este texto ainda representa um pouco do meu interesse por ciclismo e por história. Kayo Oliveira, 61 anos é natural de Novo Hamburgo, RS, pedala desde os 16 anos de idade e está a 30 anos em Boston ( escrito em 2007). Agora que está aposentado vive 6 meses em Boston onde vive a sua filha e 6 meses em Garopaba, onde reside sua mãe e irmão. Vive no verão, fugindo do intenso frio do inverno em Boston. Disse estar cansado de neve, mas nunca se sentiu cansado para pedalar sua mountain bike, com mais de 30 cm de neve nas montanhas locais a 10 graus negativos por 36km ou até mais!

Kayo pedalou o primeiro brevet em 1994, mas apenas depois de muita insistência de um amigo. Depois do primeiro brevet 200 ficou viciado e só parou por problemas de saúde.


Premiação Boston Montreal Boston 1998


Principais participações e comentários:

1994 até 1996:
pedalou alguns brevets a cada ano.
1997: pedalou: 2 brevets de 200 km, 2 brevets de 300 km, 2 brevets de 400 km, 2 brevets de 600 km e um brevet de 1000 km. Todos em Boston.

1998: pedalou os brevets de 200, 300, 400, 600 e completou o Boston Montreal Boston 1200 km. O BMB ( Boston - Montreal - Boston) é considerado o brevet de 1200 mais difícil devido a grande quantidade de montanhas a serem superadas, principalmente no primeiro e quarto dia de pedalada.

1999: pedalou os brevets de 200, 300, 400, 600 e o Paris-Brest-Paris 1200 km. O PBP (Paris Brest Paris) é o brevet de 1200 km mais tradicional, realizado a cada 4 anos a mais de um século, é o que conta com o maior numero de ciclistas participantes. Kayo, mesmo residindo em Boston e tendo feito toda a sua preparação lá, participou do PBP como brasileiro, prova disto é que a placa que utilizava estava com a bandeira do Brasil.

2000: pedalou os brevets de 200, 300, 400 e 600. O brevet de 600 km de Boston é muito difícil, para muitos é mais difícil que o brevet de 1200 km. Os desníveis de altitude são muito grandes e dizem que quem completa o 600 em Boston está preparado para pedalar os 1200 km.
2001: pedalou os brevets de 200, 300, 400, 600 e o desafio 4x125 milhas de Boston (800 km).

2002: pedalou os brevets de 200, 300, 400 e 600. Participou do BMB 1200 para ajudar dois amigos, depois de 400 km na chuva no inicio da prova e dos amigos desistirem resolveu também abandonar.
2003: Depois de muitos problemas com o joelho fez uma cirurgia para colocação de uma prótese e não pedalou a partir de julho.

2005: pedalando devagar sofreu uma queda ao tentar tirar uma folha da roda dianteira. Caindo de cabeça no chão quebrou uma vértebra do pescoço. Acidente grave que poderia ter lhe tirado a vida, ou deixado com seqüelas graves.
2007: Após um longo tratamento, mesmo contra a vontade da família (devido ao acidente), se prepara para a partir de abril retornar lentamente as pedaladas.

Kayo não se define como um ciclista rápido, mas como um ciclista capaz de pedalar o dia todos sem ficar cansado!Kayo participa da organização dos eventos em Boston como voluntário e demonstrou grande interesse em saber informações sobre os eventos realizados no Brasil.

Texto publicado originalmente no site Inema: http://inema.com.br/mat/idmat083916.htm


Luiz, Paulo de Oliveira ( irmão de Kayo) e kayo de Oliveira no encontro em 2007.



O encontro/ descoberta do Kayo Oliveira para mim representou algo semelhante a carta marítima que o Amyr Kling encontrou em um abajur quando estava prestes a  embarcar para a travessia do Oceano Atlântico com uma embarcação a remo.

Texto que o Kayo enviou dias antes do PBP 2007
Como estás? Espero que estejas pronto para esta façanha, Milhões de felicidades e muita sorte, tenho certeza que completaras a prova. Não esqueça da hidratação e alimentação estes são os teus principais aliados, paradas curtas e objetivas, nao te comprometa com muitos outros ciclistas, pois eles podem te prejudicar em caso de cansaço de parte deles, ou em caso de problemas mecânicos com as bicicletas deles. O melhor e te aliar a quem tu conheça e mantenha a tua cadencia. O entusiasmo inicial e contagiante e pode levar o ciclista a um desperdício de energia inicial que poderá vir a fazer falta mais tarde. Acredito teres um plano geral para a prova, ser for o caso procure mante lo a medida do possível. Cansaço faz com que a gente procure desculpa para fazer paradas desnecessárias, mantenha te na bike mesmo que for em velocidade reduzida, pois pouco progresso e melhor nenhum progresso. Se la pelas tantas tu começares a alucinar, não te assustes, pois não serás o primeiro Audaxioso a passares por isto. Importante, a região de Bretagne e famosa por uma bebida feita de maca, se não falha a memória chama se Cidre ou algo assim, sob nenhuma hipótese beba a durante a prova, pois e bem possível que pode te causar um problema estomacal violento, ou melhor pode te dar uma corredeira como tu nunca tiveste. Bem meu amigo, vou ficar torcendo por ti e toda gauchada que se atreveu a encarar os 1200 km. nas estradas francesas, BOA SORTE E PEDALEM COM SEGURANCA. Julho 2007.




Kayo com a camisa do BMB

A conquista de amizades vale mais do que as medalhas.


domingo, 2 de fevereiro de 2014

Onze anos de Brevet Randonneur Mundial no Brasil

Um pouco de história do ciclismo de longa distancia não competitivo no Brasil

A 11 anos atrás foi realizado o primeiro Brevet Randonneur Mundial (BRM) no Brasil.

Dia 02 de fevereiro de 2003
Brevet 200km de Queluz organizado pelo então Clube Audax Brasil. 


Para ler mais:
http://asbicicletas.wordpress.com/2013/01/30/queluz-10-anos-de-audaxes-no-brasil/

Parabéns pela iniciativa dos pioneiros do BRM no Brasil

Texto devidamente copiado abaixo:
A coisa era assim. no final dos anos 90 todo mundo que pedalava e tinha acesso à internet estava ligado numa lista de discussão no yahoo, a bikeonelist.
nessa época ainda a internet era discada e não tinha a praga do gmail que agrupa os e-mails em “conversas”. assim, todo mundo recebia cada e-mail separado. e demorava a receber cada e-mail, ocupando a linha telefônica. se alguém enchesse um e-mail de fotos, demorava a baixar todos os e-mails.
assim, gente sem noção logo adquiria a percepção do quê era importante escrever, por quê era importante escrever. e era comum simplesmente se imprimir os e-mails, ler em casa, rascunhar resposta em lápis, digitar tudo no dia seguinte. não tinha aquela de mandar e-mail só escrito “ok”, “wow” “vtnc”. logo, as discussões eram boas, de alto nível, eram muito, mas muito legais. 
em 1999, ano em que o kayo oliveira se tornou o primeiro brasileiro a fazer o paris-brest-paris, o thierry roldan publicou seu TC sobre cicloturismo, ao se formar em educação física pela unicamp. nesse TC, thierry falava dos audaxes.
discutíamos na bikeonelist esse assunto, discutíamos quando pedalávamos. era um assunto normal entre a gente: “cara, tem umas provas, onde não tem competição, você tem que só fazer o percurso dentro dum tempo, de média 15 kms por hora” , “que legal, então vamos fazer” ‘mas peraí, a brincadeira começa com 200 kms” “como assim?” é”, 200kms, depois 300kms, depois 400kms, depois 600kms” “nossa, que doido!”  - pergunte ao rogéio polo, até hoje organizando audaxes em são paulo, como eram essas conversas.
aí a questão. tivemos que desenvolver a forma de organizar os audaxes. e também de completá-los!
esse foi um trabalho conjunto de muita gente. o cristiano cordeiro e o manuel terra fundaram o Clube Audax Brasil, cujo estatuto eu assinei como advogado, lá pelo final de 2002, e em 2003 tivemos a série completa, na qual o manuel terra brevetou e se tornou em 2003, o primeiro brasileiro a completar um paris-brest-paris tendo feito os brevets no brasil.
mas o fato é que não sabíamos nada de longa distância. nada! hoje, quanto conhecimento acerca disso não há? e o detalhe, conhecimento desenvolvido pelos randoneiros. pois nãodá pra usar muito conhecimento dos profissionais. eles fazem provas de até 200 kms em média. o conhecimento deles é voltado no desempenho máximo dentro desses limites. o nosso, além desses limites.
eu sempre converso com um antigo profissional, vizinho de bairro. ele colecionou títulos no brasil e afora. no começo ele coçava a cabeça quando via minhas bicicletas. mas depois de achar esquisito uma bicicleta que eu preparei para 400kms, passou a trocar figurinhas comigo.  como ele diz, ele não sabe o que é pedalar 400kms num dia, e ainda mais sem pelotão, com a cara no vento.
com a cultura randonneur, não competitiva e exploradora dos limites do corpo, o único parentesco com a cultura ciclística  competitiva possível é com os pedalantes da Race Across America e eventos parecidos. por exemplo, o bike-fit de uma bicicleta de competição pode garantir um desempenho ótimo. mas matará suas costas se você tiver que ficar 25 horas pedalando essa bicicleta.
o ciclismo de longa distância pede geometrias diversas, fits diversos, pneus diversos, rodas diversas, selins diversos! e pede faróis….
o primeiro audax do brasil foi em queluz. cujo trajeto será refeito nesse sábado agora, dia 02 de fevereiro de 2013. gente, é um evento histórico esse audax!
é uma pedreira? é! mais de 3.000 mts de altimetria acumulada! logo, as médias serão baixas. então, co mmédias baixas, temos que ser espertos e evitar problemas na bicicleta. use os melhores – entenda-se mais resistentes a furos – pneus que puder. use fita anti-furo, se está acostumado a usá-las.
além de todo o equipamento obrigatório constante dos regulamentos – que você deve ler – leve de forma organizada e prática de pegar e usar: pelo menos duas câmeras de ar, espátulas, e um jogo de ferramentas simples. se você não sabe trocar uma câmara sozinho, aprenda rápido!
vá com uma bicicleta em ordem, cuja corrente não abra, não quebre.
não deixe de se alimentar bem antes da prova: um café da manhã reforçado: café, café, café, pão, pão, pão, banana, banana, banana. alguns preferem um bom prato de  macarrão antes dum pedal longo.
café da manhã de audax não é aquele café da manhã de quem tá de regime: granola, mamão, sucrilhos, suquinho de laranja, iogurte… tudo o que solta os intestinos vai fazer você procurar uma privada nos arredores da estrada…
não esqueça de encher suas caramanholas. duas, no mínimo! em todo PC, coma algo. bananas, preferencialmente. suaremos muito naqueles morros, logo perderemos muito sal. é também a hora de tomar gatorade, aquele troço que se tomarmos no dia-a-dia nos dá pedras nos rins, mas num pedal longo e cansativo nos repõe eletrólitos necessários.
sexta-feira à noite não se entupa de proteínas. entupa-se de carboidratos. durma cedo. não consegue dormir cedo? há um truque: remédios para alergia dão um sono desgraçado, e não dão efeitos colaterais no dia seguinte. eu tomo um comprimidinho de polaramine, durmo cedo, no outro dia estou ótimo: não terei os efeitos da minha rinite atrapalhando o pedal, e estarei descansado…
sua bicicleta tem que ter marchas adequadas às subidas. a não ser que você seja um escalador nato de nível do pelotão profissional, evite subir pedalando em pé pelo menos na primeira metade dos 200 kms. pedalar em pé é muito eficiente, mas gera um aumento dos batimentos cardíacos em cerca de 20%, a longo prazo, extenua. então, guarde essa técnica para o final, onde até lombada você quererá escalar pedalando em pé…
pela precisão, o dia estará relativamente quente e com eventuais pancadas de chuva. se sua bicicleta tiver pára-lamas, ótimo. se não tiver, paciência com os respingos. use óculos, pois podem os respingos vir nos olhos.
use um capacete arejado.
se você é friorento, não se preocupe em carregar grandes jaquetas e etc. lembre, pode estar fresquinho de manhã, mas logo esquentará, e muito. toda roupa a mais fará você suar em demasia.
e há um equipamento especial para completar um audax difícil: bom-humor. seja bem humorado. isso facilitará em muito transpor os obstáculos.
no mais, estude o trajeto, estude as planilhas que a organização já enviou a você, deixe sua bike nos trinques...
e sobretudo, faça tudo o que Herr Richard P. Dunner mandar. se ele mandar você rolar na lama, role, pois algum motivo tem, e será para melhorar o seu pedal. se ele mandar você, que odeia multinacionais e odeia refrigerantes tomar uma coca-cola, é por quê você está precisando daquela bomba de açúcar e sódio.
bom, nos vemos lá. sofreremos os morros. e completando ou não, participaremos dum evento histórico!

Já segue a dica para baixar o trabalho de conclusão de curso de Thierry Roldan

Boas pedaladas