sábado, 31 de dezembro de 2011

O mais longo brevet de todos- etapa 2012

A vida é um brevet de longa distancia. É um brevet muito longo
Um brevet tão longo, mas tão longo, que não existe chegada, pois a vida é eterna, mesmo que seja apenas enquanto dure. A vida é um brevet sem premiação, pois o premio maior é o próprio pedalar, digo, estar vivendo. O premio é estar pedalando com os amigos, com a família e também conhecendo estranhos que deixam de ser depois de um tempo de pedal.

A vida é um brevet Audax e se anda em grupo, um grupo muito grande, um grupo de bilhões que fazem parte do pelotão chamado Terra. Não existe opção de sair deste pelotão, por mais que se tente, ou se pense estar andando sozinho, estamos nele e nele devemos ir até o final. Como em um brevet Audax, ou mesmo em um Randonneur, é preciso ser solidário e seguir o bom caminho. È preciso zelar pelo pelotão para evitar que ele de desfaça.
É preciso economizar energia, sem deixar de pedalar, é preciso ter paciência pois o brevet não acaba logo, melhor, não acaba nunca. Quando pensamos chegar, estamos apenas partindo para outra etapa.
É preciso girar mais na subida e economizar os joelhos, mas não se pedala apenas com as pernas, mas com a cabeça e principalmente com a alma.
É preciso saber enfrentar os pneus furados, os buracos na estrada e suportar o vento contra sem trégua, mas que em outro dia pode estar favorável.
È preciso enfrentar a dor e saber aproveitar o embalo da decida.
É preciso enfrentar o calor e aproveitar os pequenos momentos de refresco na sombra de uma arvore e alguns goles de água gelada.
É preciso enfrentar o frio e aproveitar uma xícara de chá quente ou o calor humano.
É preciso saber usar a roda livre, mas também aprender a pedalar com pinhão fixo.
É preciso usar uma bike de carbono, mas também aprender a andar com a Barra Circular. Se não tiver nenhuma bicicleta, pode seguir no brevet Marcha e aprender a nadar para estar no brevet Natação.
É preciso aprender a ser humilde e como em um brevet ACP, UAF, ou fictício, é preciso seguir em frente e na mesma direção, mesmo que alguns já estejam retornando, ou outros ainda nem tenham saído do local da largada.
“É preciso saber viver” e é preciso saber pedalar.

A vida é um brevet autorizado e homologado por Deus e também conta com a ajuda de voluntários, mas não existe PC. O diretor de prova esta sempre presente, mesmo quando não é visto. Não adianta pegar carona, ou fugir do regulamento pois este não é apenas lei de Deus, mas lei da natureza.
Não é necessário conferir a distancia pois se pode ir longe sem sair do lugar, mas não se vai a lugar algum sem fazer nada.
A vida é o mais longo, duro, cruel, delicioso e difícil brevet, e você esta na lista dos inscritos.
Feliz próxima pequena etapa deste brevet que será o ano de 2012.

Luiz Maganini Faccin

Publicado a primeira vez em:
http://randonneurs-brasil.blogspot.com/2010/12/o-mais-longo-brevet-de-todos.html

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Relato Paris Brest Paris 2011- Rafael P. Castro

Eu poderia começar este relato dizendo que o Paris-Brest-Paris (PBP) é um brevet 1200 extremamente difícil. Que para superar as adversidades surgidas durante a prova, além do percurso difícil, sinuoso e ,muitas vezes, de asfalto rugoso, necessitamos algo sobrenatural, necessitamos de um espírito de superação acima da média, talvez até da ajuda Divina.

Não sei como os outros ciclistas sentiram-se durante todo o brevet, não posso julgá-los. Eu, porém, posso garantir que em momento algum me senti diferente do que sinto quando me divirto muito.

Talvez eu seja uma “tipo” bem sucedido de masoquista. Nunca, na minha vida de esportista amador aceitei o sofrimento sem um propósito justo. Já desisti de brevets sem culpa. Sempre evitei os riscos desnecessários, e no PBP 2011, não corri nenhum tipo de risco... Foi só diversão, apesar de pequenos contratempos, que, ao surgirem, me irritaram. Porém, logo percebi que se os mesmos não houvessem, não teria a menor graça pedalar 1230 km.

O primeiro relato de um PBP que li foi o do Luiz Faccin, dramático! Seria meu PBP também recheado de problemas e dificuldades?! Não foi...

No meu primeiro dia percorri 494 km, até o dormitório em Saint Nicolas-du-Pélem. Decidi que não dormiria antes de chegar a este PA. Cheguei 2 horas antes do meu previsto, um pouco cansado, mas ainda me sentindo muito bem. Tomei um banho e ao deitar começou um intenso temporal. Não consegui dormir direito, preocupado com a estrada lá fora e lembrando do drama que os brasileiros passaram em 2007. Depois de 4 horas parado, não podia mais ficar no PA, então decidi pedalar. Foram duas horas de chuva intensa e de escuridão assustadora , quase não via as placas de sinalização... bebia a água da chuva, tão forte era o “caldo”! Cheguei a PC de Carhaix-Plouguer (km 527) às 2:30 da manhã, jantei e segui viagem. A chuva parou, mas eu continuava encharcado. Ás 8 horas entrei na cidade de Brest, sob chuva fina e frio, acompanhado de uma amiga da Nova Zelândia (que enfrentou o temporal ao meu lado), um ciclista espanhol e um japonês (que não entendia nada, nem o que estava fazendo naquele brevet, acho que ele estava “zonzo” de cansado e sono).

Meu retorno me guardou uma surpresa inusitada: hiperacidez gástrica! Nunca havia tido em qualquer brevet. Não conseguia mais beber água, e parei na cidade de Landerneau (22 km depois de sair de Brest) para comprar pastilhas anti-ácidas. Foi meu primeiro momento de interação mais sério com o povo francês. Eu era um alienígena, uma espécie de anti-ciclista do Tour de France, mesmo assim, percebi que minha presença enriqueceu a vida daqueles moradores, e, enquanto eu procurava uma farmácia, pude conversar com uma jovem moça (que me orientou muito bem o local da única farmácia aberta) e um senhor gentil e prestativo, que logo reconheceu meu objetivo: “Paris-Brest!!”. Interagir com os franceses é imprescindível, digo até que: “quem não interage com a população não pedala PBP...”.

Voltei para estrada somente sob efeito de omeprazol, pastilhas só encontrei na próxima e linda cidadezinha, chamada Sizun, que aliviaram totalmente meu mal estar gástrico e me recolocaram no brevet com toda minha energia. O tempo melhorou muito e o sol aparecia cada vez mais intenso. O percurso continuava sinuoso, o asfalto rugoso e meu ritmo cada vez mais preguiçoso. Eu parava em quase todos os belos locais que encontrava para fotografar e filmar... Não podia deixar de registrar minha passagem por lá. Fiz uma boa “ida” e a necessidade de retornar pedalando forte não mais existia: foram 622 km em 38:30 minutos - 1:30 abaixo do previsto – até Brest).

Meu próximo objetivo era chegar a um PA dormitório em Quedilac, no km 840, até às 00:00 horas. Cheguei às 23:40... tranquilo! Senti sono antes deste ponto, e como bom ciclista PBP dormi por 15 minutos escorado num muro a beira da estrada. Objetivo alcançado, bem alimentado, dormi até ás 3:30, e retornei minha viagem. Ás 5:00 fiz um registro de uma cidadela medieval (vídeo), linda... Eu era coadjuvante, o silêncio da madrugada o protagonista!
A manhã chegou com sol forte e clima perfeito para pedalar, as cidades que eu cruzava eram todas praticamente iguais, porém todas lindas. Cheguei a Fougeres às 8:00 horas, tomei um grande e gostoso café e paguei somente 3,80 Euros (o restaurante mais barato do PBP)... incrível!

Fotografias e paradas se acumulavam, meu ciclismo virou passeio dominical, até eu chegar em Villaines-la-Juhel (km 1090)... Almocei, virei astro do ciclismo randonnée mundial (a recepção é fantástica e os moradores apaixonados por nós). Às 15:30 retornei minha jornada rumo a Paris, pedalando sobre uma colina e inspirado pela paisagem rural francesa. Já pedalava confiante no sucesso e me senti mais a vontade para pedalar forte nas subidas. Na chegada a Mortagne-au-Perche tem uma imensa e íngreme subida... nela, testei minha capacidade física, subi forte e de pé na bike, ultrapassando alguns fatigados randonnées. Confirmando: os próximos 140 km seriam facilmente transpostos!

Como eu fui tolinho em pensar em facilidades num PBP! Pedalar uma quarta noite, depois de 1100 km acumulados não é tão fácil quanto eu imaginei. Nas longas subidas e descidas que me afastavam de Mortagne, comecei a sentir sono, e eram apenas 20:30 da tarde... A floresta é densa naquela região, os pássaros cantam para dormir, e os sons atraem “espíritos”, que se materializavam na minha frente e me proporcionaram um desagradável desconforto na alma.

Parecia que nunca me afastaria daquela “floresta negra” e comecei a ter alucinações... Pedalava forte atrás de qualquer um que me ultrapassasse, tentando evitar o sono. Não adiantou, e antes das 22 horas já estava eu novamente a beira da estrada dormindo num confortável colchão de grama e terra batida.

Dormir a beira da estrada é “chique” no PBP, acho até que é necessário! Minha amiga Neo Zelandesa havia me dito isto: “deixei meu marido no hotel e o proibi de me acompanhar. Quero dormir na beira da estrada, nas calçadas, onde eu puder!”

Pedalar o PBP sem qualquer apoio é o suprassumo do desafio... Eu sinto orgulho de ter conseguido isto, tenho certeza que foi meu maior prêmio!

Com muito esforço eu cheguei a Dreux, um PA a 65 km da Chegada... A estrada não era muito agradável e a noite prometia ser fria. Eram quase meia noite e fui dormir após jantar. Não havia lugar, dormi no carpete dentro do ginásio. Acordei 1 hora e meia depois assustado e sem saber direito onde eu estava. Já me encontrava sob efeito do cansaço e falta de sono, e demorei a me sentir capaz de pegar a estrada novamente. Eram 3:00 horas e nada de encontrar parceria... Fui atrás de um casal, mas a mulher não se sentia forte o bastante para pedalar e nosso ritmo caiu. Com isso o sono voltou. Por sorte um francês cruzou rápido por nós e eu o acompanhei... Encontramos outros ciclistas, pedalando lentamente naquela estrada no meio do “nada”... Demorei a entrar nos arredores de Saint Quentin, e sem eu mesmo perceber já estava a 20 km da chegada... Uma última longa e forte subida nos esperava. Alcançamos um ciclista num triciclo “style” que falava como se estive brigando com nós... Eu não entendia nada! Seguimos subida a cima - “abranjo” é moleza perto desta subida – e, finalmente ela acabou!

Relaxado entrei no subúrbio de Paris, com um pouco de dor na panturrilha esquerda e a “poupança” com sequelas de 1230 km de atrito... Ótimas lembranças de toda aquela aventura vieram a tona e aquele momento do randonnée se transformou num saudoso e desesperador final: pena que acaba!

Mas, por que acaba?! Ainda não sei responder... O máximo que consigo concluir é que o PBP acaba para podermos pedalar outro 4 anos depois!

Percepções sobre o Paris-Brest-Paris

Preparação:

Não precisamos nos dedicar ao treinamento tanto quanto imaginamos. Duas vezes por semana de ciclismo está de bom tamanho. Três sessões de treino é mais indicado para não correr riscos desnecessários e ainda aumentar a resiliência psicológica.
Treinava 120 km sábado, sem paradas ou descer da bike, a fim de ganhar resistência aeróbica, muscular localizada e resistência orgânica (geral), em percurso com longas subidas.
No domingo realizava mais um treino de 80 km no mesmo estilo, porém em percurso plano e sem muito esforço físico.
No meio da semana pedalava no rolo de treino, no mínimo 30 e máximo 60 minutos.

Bicicleta, alimentação, equipamentos e vestuário:

A bicicleta não pode ser de “supermercado”, mas um boa “speed” de 8 velocidades já é suficiente. Alguns brasileiros usaram MTB e concluíram o PBP com sucesso.
Recomendo levar barras de proteínas e sachês de gel com maltodextrina (testados no treinamento previamente). Usei 5 barras de proteínas e 15 sachês de gel, apenas. Comi em todos os PCs do PBP e também em vários pontos do percurso. A cada 50 km, no máximo, encontramos locais disponíveis para alimentação (no mínimo um “café au lait” com “croissant”). Não encontrei “Gatorade” a vontade como aqui no Brasil, tomei coca-cola, o que provavelmente ajudou na hiperacidez gástrica, portanto, sugiro suco e água.
Alforges pesados não foram necessários para mim, levei um alforje de guidão eu um de canote (que eu mesmo fiz em casa com uma “necessaire” - ficou leve e espaçoso, com isso economizei no peso do rack traseiro).
Chaves e ferramentas, só aquelas que você saiba usar, de nada adianta raios extra e chave de raios se não se sabe usar. A cada PC tem mecânicos, então, relaxem. Se a bike quebrar a ponto de não poder levá-lo até um PC é porque Deus assim o quis. O que não tem remédio, remediado está! Levei também um pneu extra, 4 câmeras reservas e kit remendo para câmera e manchão - para possíveis rasgos no pneu, que não foram usados, pois não furei nenhum pneu.
Vestuário deve ser de ciclismo, para evitar maiores problemas, como: assaduras, calor ou frio excessivo. Alguns ciclistas nem sapatilha usam e também concluíram o desafio. Não troquei de bermuda nem de camisa - eu uso cuecas “boxer” por baixo da bermuda - então, apenas as troquei todo dia. Levei 3 cuecas e 3 pares de meias sobressalentes. Não joguei fora, como me sugeriram, guardei em saquinhos plásticos, sem traumas ou vergonha. Acabei não trocando todas as meias, pois, depois da chuva, pedalei 2 dias sem meias, o que garantiu pés mais aquecidos até a secagem completa das sapatilhas.
Usei corta-vento, pernitos e cobre-botas a noite, e, durante a chuva, uma capa-de-chuva que não adiantou nada, apenas preveniu a perda de calor, tamanho o “caldo” que peguei. De dia, usava apenas camiseta e bermuda, luvas e capacete. O tempo ajudou, fez muito sol depois da chuvarada.

Apoio:

Não precisamos, garanto. E até mais gostoso pedalar 1230 km sem qualquer apoio. Todo PC tem inúmeros “motorhome” com ciclistas sendo massageados, com comidinha especial, familiares bajulando... Não precisamos disto! Eu, e tantos outros, preferiram dormir na grama, nas calçadas, nas cabines telefônicas e até caixas eletrônicos de bancos 24h. É fascinante como nos tornamos mais humanos e menos “dengosos” a medida que o brevet se desenrola. Também há ótimos dormitórios com opção de banho, por apenas 3 euros, em postos oficiais do PBP.
Levei comigo: escova de dentes, creme dental, sabonetinho e um barbeador descartável. Tomei banho no km 494, de chuva até o km 600 e fiz a barba em Brest. Escovei os dentes, até duas vezes por dia. Banheiros estão disponíveis a vontade nos PCs e PAs oficiais, além dos “matinhos” estratégicos que são infinitos! Levem consigo lenços umedecidos, para usarem como PH e outras necessidades íntimas... Acondicionem hermeticamente e “voila”!

80 horas, 84 horas ou 90 horas:

Há três largadas, conforme o nível de condicionamento dos ciclistas. 80 horas, para os feras, que largaram às 16 horas de domingo. 84 horas, para os “menos” feras, e que largaram 5:30 da madrugada de domingo para segunda e a famosa turma das 90 horas, que largou a partir das 18 horas de domingo. Está última, por ter mais ciclistas, se desenrola em grupos de 600 ciclistas a cada 30 minutos depois das 18 horas e mais uma largada, no mesmo estilo, a partir das 21 horas. Sugiro sair nas duas primeiras largadas a partir das 18 horas.

Aqui vai o melhor conselho que posso dar a qualquer ciclista:

Treine tranquilamente, classifique-se, e, não importando se vai ou não concluir o PBP em 90 horas, vá a Paris! Pedale o Paris-Brest-Paris... Conclua, independente do tempo. O objetivo são as 90 horas, mas, se não der, tudo bem... Apenas pedale, curta, participe, interaja, conclua em 100 horas, se for o caso, mas conclua!
É uma experiência que todos os ciclistas devem ter... O apoio nos PCs e PAs só termina quando o último ciclista das 84 horas passar, e não esqueçam, eles largam quase 12 horas depois da primeira largada das 90 horas. Então, sempre terá gente na estrada para aplaudi-lo, para ampará-lo e para o tradicional apoio: “allez”, “allez”... Portanto, allez!

Para ver as Fotos: Clique Aqui!

Rafael Pereira de Castro

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Medalha ACP- Super Randonneur 2011

Estou com as medalhas Super Randonneur 2011

Vou entrar em contato com os ciclistas que completaram o brevet de 600 km Santa Ciclismo 2011, que realizaram as encomendas, para combinar a forma de pagamento e envio.
Boas pedaladas

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Video Largada brevet 400 Porto Alegre 2005

Video histórico da largada do Brevet Randonneur 400 km de Porto Alegre realizado em 2005.
Local da largada DC Navegantes

Autor do video: desconhecido
Contei 65 ciclistas.

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

O mais duro é não dormir- PBP 2011

Le plus dur c'est pas dormir!

Mini-relato:
“…para combater o sono, sentei com os poucos que não estrearam o cobertor de alumínio, paramos para tomar café e quando o dono do café me acordou, estava sozinho e ferrado no sono, sentado em uma cadeira no meio da rua. Com medo de sair sozinho, cansado e com medo de dormir na bicicleta, cair e morrer, aceitei a sugestão de deitar em cama e acordar na mesma hora que o outro ciclista havia pedido para ser acordado, mas ele não tinha pressa pois já estava fora do PBP.”

Veja o video:
http://vimeo.com/30980077

Veja no tempo de 37:20 até 37:40

Na parte inicial do video também aparecem outros dois brasileiros.

É bom estar com muito sono e poder dormir 15 minutos, mesmo que seja na porta da padaria, ou na grama, e muitas vezes não damos o devido valor para coisas simples como uma boa noite de sono, uma cama macia.

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Brevet 200 km Santa Ciclismo

Estão disponíveis no site:
www.santaciclismo.com.br

as informações sobre o brevet randonneur 200km que será realizado dia 26-11-2011.

Visite o site e perticipe!

Videos Paris Brest Paris 2011

Alguns Videos Paris Brest Paris 2011

Erich Brack
http://www.youtube.com/watch?v=e66JKMgLtBM

Flavio Yamil Gomes
Parte 1
http://www.youtube.com/watch?v=38Tbsd__Bng&feature=list_related&playnext=1&list=SP44A996E62C15EA44
Parte 2
http://www.youtube.com/watch?v=xRpo6glc7sc&feature=related
Parte 3
http://www.youtube.com/watch?v=88iA0bNbDqo&feature=related

Cesar Barbosa
http://www.rio.audax.org.br/2011/09/momentos-de-superacao.html

Videos Oficiais
http://www.paris-brest-paris.org/pbp2011/index2.php?lang=fr&cat=randonnee&page=videos_2011

Diversos outros vídeos pode ser vistos no youtube,estes acima são realizados por brasileiros,ou que algum destes esta visível.

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Relato Paris Brest Paris 2011- Lidiane



Minha preparação para o PBP 2011 começou em 2007 quando assisti a apresentação de Luiz e Erich. Meu objetivo, desde então, tornou-se participar do Paris Brest Paris.
A classificação foi “tranquila”, as provas das quais participei foram desafiadoras, no entanto pude testar minha resistência e, principalmente, minha persistência. Não posso deixar de mencionar a participação de minha grande amiga e companheira de provas, Gabriela Martin. Ela fez muita falta durante o PBP, pois em TODAS as provas das quais participei pude contar com o seu apoio. Decidimos realizar toda a série em Santa Cruz do Sul, os 200 km pedalamos no sábado e os 300 km no domingo (pois assim não precisaríamos nos deslocar a outras cidades para seguir com a série). Conseguimos. Por motivos de força maior, os 400 km tive que pedalar a prova da organização. Gabriela participou das duas provas, da oficial e a da organização, tudo isso para não me deixar sozinha. Muito Obrigada! Já a prova dos 600 km mostrou-se uma prova bem difícil, devido à altimetria, porém terminamos bem quando comparado com a série de 2009. Posso dizer que evoluímos, pois conseguimos descansar 1 hora e ainda chegamos cerca de 30 minutos antes do termino da prova.
Com todos os requisitos preenchidos, resolvi que estava na hora de fazer minha inscrição. Porém, antes tive que organizar-me, ver como faria para chegar a Paris, como me deslocar, em que hotel e com quem iria ficar. Estava com bastante receio, uma vez que seria minha primeira viagem internacional e sozinha. Conversei com Erich, e optei pelo hotel sugerido por ele. Ficava em uma ótima localização, perto do centro de Paris o que nos possibilitou conhecer os arredores, inclusive sobre duas rodas. \o/
Lazary também ficou no mesmo hotel. Agradeço pela ótima companhia de ambos, juntamente com Ludmila e Elvira, suas respectivas companheiras (que ainda forneceram-nos apoio em Loudéac na ida e na volta).
Realizei a inscrição uma semana antes do encerramento. Não sei como, mas errei e acabei por inscrever-me nas 80 horas. Havia queimado meus “coringas” antes mesmo da prova começar. Tentei reverter à situação, mandei e-mail para a organização, mas nada poderia ser feito, depois de gerado o número da placa. A única alternativa era pedalar a prova em 80 horas. Fiquei chateada com minha falta de atenção, mas estava decidida a não deixar isso impedir minha participação na prova, fui confiante e motivada a completá-la nas 90 horas.
No dia da vistoria encontrei muitos brasileiros, cuja grande maioria não conhecia pessoalmente, porém o clima era de festa. Foi uma lastima não sair à foto oficial de nosso país com todos os participantes brasileiros, quem sabe em 2015. Conheci o Tim, de Brasília, combinamos de largar juntos no dia seguinte.
Dia 21 de agosto, chegou o dia que por várias vezes idealizei. Segui sozinha de Paris até St-Quenti-en-Yvelines, minha largada estava marcada para as 16 horas. Cheguei ao ginásio por volta do meio-dia. Logo encontrei o Tim, a bandeira de nosso país atrás da bicicleta era inconfundível. Almoçamos, o clima estava descontraído e extremamente agradável. Acabamos no último grupo e por isso ficamos muito tempo sob o sol quente, esperando a largada.
Na largada estavam Elvira e Ludmila tirando fotos e dando aquele apoio. Foi o momento mais emocionante da prova, tive que me conter para não chorar. Fomos tratados como heróis. Como Tim tem um ritmo forte, logo o perdi de vista. A estratégia era não forçar demasiadamente no princípio. Assim, tentava acompanhar os grupos onde havia mulheres e, acima de tudo, seguissem num ritmo parecido com o meu. Entrei em um grupo formado por uma mulher e quatro homens (todos franceses), pedalei com eles uns 20 km, mas começaram as subidas e acabei ficando para trás, portanto acabei pedalando sozinha por um bom tempo. Cheguei a Mortegne- au - Perche bem cansada, uns quilômetros antes de chegar encontrei com o Della. Era bom encontrar um brasileiro no meio de tantos desconhecidos. No ponto de Apoio comprei alguma coisa para comer, encontrei com Calvete e com César. Não fiquei muito tempo parada, pois não poderia perder tempo.
Continuei no meu ritmo. Num certo ponto estava distraída, quando passa o João Sabóia, ele grita meu nome. Esse apoio moral, transmitido de um para o outro, é de suma importância em provas de longa distância. Cerca de 10 km antes de chegar a Villaines- la- Juhel (primeiro PC), encontrei o Rafael Castro. Nós paramos em um barzinho para tomar uma Coca-Cola e comer um sanduíche. Saímos juntos, mas meu ritmo era diferente do dele.
Por desatenção, acabei passando pelo primeiro PC sem carimbar meu passaporte, e quando me dei conta, eu já havia pedalado na base de 12 km.Indignada comigo mesma, dei a volta para carimbá-lo. Quando cheguei ao PC, o senhor da organização avisou-me que eu estava atrasada, mas mesmo assim carimbou meu passaporte. Senti-me extremamente chateada com minha falha. Neste PC encontrei o Lazary e o Erich, e cheguei a cogitar minha desistência com o Erich. No entanto, comi um lanche e decidi que não seria a brasileira a pedalar a menor distância no PBP.
Continuei pedalando em um ritmo mais forte, para compensar o tempo perdido. Tentava acompanhar os grupos e pegar carona com alguns pelotões, não funcionava muito. Foi então que encontrei um casal e mais uma mulher, que decidiram montar um grupo e me convidaram, claro que aceitei. Tinha que chegar rápido ao próximo ponto de controle, pois precisava estar dentro do tempo. No entanto, acredito que tenhamos pedalado aproximadamente 40 km, quando o casal parou para comer algo, mas eu e Mariza continuamos. Ela perguntou de onde eu era e se estava pedalando sozinha, respondi as perguntas, então ela me questiona quanto ao fato de pedalar sozinha, disse que estava tranqüila, mas que mesmo assim não era uma tarefa muito fácil. Ela disse que tinha um grupo e que eles haviam parado para descansar um pouco, mas se eu quisesse poderia pedalar com eles. Adorei o convite e topei.
Como tinha esperança de chegar a tempo no próximo PC, deixei Mariza para trás e continuei em um ritmo mais forte, sem chegar a conhecer seus amigos. Cheguei ao segundo PC atrasada, mas como marcaram meu passaporte segui na prova, iria continuar até que alguém da organização me barrasse. Neste PC encontrei o Eduardo Green e a filha do Della, que estavam apoiando o pessoal de Santa Catarina, e o Cezar. Conversei um pouco com eles, mas logo segui em direção a Brest.
Passado algum tempo o Cezar passa por mim, mas estava sem condições de acompanhá-lo, pois havia me desgastado bastante para chegar ao PC anterior. Enquanto pedalava o que me preocupava era saber se em Fougères iriam marcar meu passaporte. Afinal seria o terceiro PC ao qual chegaria atrasada. Neste momento surge Mariza, com Daniel e Bernard, ela fez sinal para seguir com eles, era maravilhoso ver o ritmo que eles pedalavam e era melhor ainda conseguir acompanha-los.
Eles são veteranos no PBP. Daniel é um senhor de 74 anos, que concluiu o sétimo PBP. Mariza e Bernard tinham respectivamente 32 e 34 anos, e concluíram o quarto PBP, eles fazem parte de um clube de ciclismo de Paris. Dormimos em Loudéac, lá tomei um banho e dei uma renovada, acredito que estava meio catatônica, pois acabei deixando meu capacete no banheiro, quando voltei para pega-lo a voluntária da organização me olhou com uma cara de incrédula. Descansei pouco, e aconteceu algo que não havia enfrentado nas provas que participei aqui no Brasil, estava dormindo em cima da bicicleta. Daniel ficou preocupado, eu mais ainda. Pedalei com eles até um pouco antes de chegar a Brest, mas com a chegada das subidas novamente acabei ficando para trás.
Em Brest, fiz uma parada rápida, pedalei sozinha até Carhaix-Plouguer, neste PC estavam Calvete, André e Guilherme, conversei um pouco, disse que meu objetivo naquele momento era completar a prova em 90horas, tinha esperança de que se chegasse dentro dessa meta, a organização iria homologar minha prova. Encontrei um casal de franceses, com um ritmo parecido com o meu, a senhora disse que podia acompanhá-los. No entanto, alguns quilômetros depois encontrei Mariza, Daniel e Bernard, e optei por seguir com eles.
Pedalei um pequeno espaço de tempo com um alemão, mas tínhamos estratégias diferentes, ele iria dormir em Quedillac e eu em Loudéac, segui com o trio Fantástico, neste momento estava muito bem na prova e confiante. Como na ida, na volta também dormimos em Loudéac. Desta vez consegui descansar mais tempo em torno de 3 horas, o suficiente para continuar sem dormir em cima da bicicleta.
Após o descanso o dia seguiu tranqüilo, era maravilhoso pedalar com os franceses, pois eles sabiam onde parar para tomar um belo café e comer umas panquecas deliciosas. De Fougères até Villaines- la – Juhel novamente as subidas e mais subidas, às 80 horas ficando mais escassas. Como diria Pereira (Huli huli): “Na vida há mais subidas que decidas”. Senti na pele seu ditado. Foi em Villaines- la – Juhel que tomei à decisão mais difícil, a prova iria terminar naquele PC, estava cansada, desmotivada e não aguentava mais, havia chegado ao meu limite, ao menos, era o que eu achava. Perguntei a organização onde havia uma estação de trem para voltar a St- Quentin- en – Yvelines, para minha surpresa não havia. Daniel falou que eu podia seguir pedalando até lá, mas como minha inscrição era para as 80 horas, minha prova não seria homologado, o que foi confirmando por uma voluntária da organização, nada poderia ser feito para contornar meu erro. Minha única opção era seguir pedalando. Encontrei um sueco, que vendo minha apatia, disse para não olhar para as subidas e ir contando até 10 em todas as línguas que conhecesse, era o que ele fazia, não deu muito certo comigo, talvez porque eu não conhecesse tantas línguas e naquele momento qualquer subida era enorme.
Cheguei ao PC de Mortagne- au- Perche, havia passado da meia noite, o tempo estava se esgotando, estava desmotivada e irritada. Restavam apenas 7 minutos para pedalar 140 km, como já passava da meia noite, não iria encontrar um trem de volta. Revolvi esperar o Erich e Lazary e seguir com eles. Dormi na mesa do ginásio (naquela hora minhas exigências quanto a “camas” não eram específicas), foi então que apareceu o pessoal do apoio de Santa Catarina. Pereira, Eduardo e Rafael Dias, oferecendo carona, aceitei na hora.
Ganhei carona até Plaisir. Dormi. No dia seguinte, seguimos eu, Rafael e Eduardo para recebermos os brasileiros na chegada. Eduardo foi à frente, como estava cansada eu e Rafael pedalamos mais tranquilamente. Pedalamos com alguns ciclistas que chegavam naquele momento ao ginásio. Eram ciclistas com, literalmente, sangue na roupa, com curativos nos braços e pernas, de arrepiar. A Garra e determinação para conquistar o objetivo, era surpreendente. Vimos a chega do Richard, Guilherme, Simone e Alexsander. Conversei um pouco com o pessoal e peguei o trem de volta a Paris.
Bom, quero aproveitar este relato e agradecer a todos que contribuíram com meu sonho, em primeiro lugar a Deus. A minha família, desculpa pela aflição de não mandar notícias, a Gabriela, minha amiga/irmã, com você toda prova foi mais fácil. A nossa musa inspiradora, Rosane Gomes. Ao Beto, meu amigão, que me ajudou muito nos meses que antecederam a prova, teve a paciência de me ensinar a montar e desmontar a bicicleta por várias vezes. Além, é claro, de uns passeios punks, como diria o Bughera. Muito Obrigada! Ao Faccin, mesmo brigando depois da prova comigo. Acredito que se essa modalidade chegou ao patamar que se encontra hoje, devemos muito a você. Ao Grupo Santa Ciclismo, do qual faço parte, e onde sempre encontrei muito apoio. Ao grupo Várzea Bike, pedalar o fleche foi sensacional. Ao Jorge Martins, pela sua disposição em nos auxiliar antes da prova com dicas valiosas. Ao pessoal de Santa Catarina, pela carona após a desistência da prova. Não estava com a mínima vontade de pedalar os 140 km restantes. Ao Rafael Dias, por me acompanhar até o ginásio. Ao Tim, um cara super legal, que tive a oportunidade de conhecer. Agradeço muito pela força antes da prova. Sou sua fã. Ao Edson, pedalar mais de 900 km com o tornozelo inchado não é fácil, és realmente uma pessoa muito focada e determinada. Ao Calvete, pela persistência. Minha grande admiração a Simone, primeira mulher brasileira a completar o PBP. E por fim, mas talvez os mais importantes. Lazary, por sua conquista triunfante, espelho-me em ti, e Erich, que mesmo com uma bicicleta diferente completou este grande desafio. Ludmila e Elvira pela ótima companhia durante toda a viagem. Parabéns a todos os brasileiros que participaram do PBP, principalmente aos que concluíram com sucesso essa aventura, são ícones para os participantes das provas do Brasil, vocês fizeram história. Aos que não concluíram também, tivemos a coragem de tentar.

Lidiane T. Lauermann
Outubro 2011

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Relato Paris Brest Paris 2011- Edson B. Alves



Tudo começou em 2004 quando estava assistindo um programa de esporte na TV e o Marcelo Lucca falava sobre o Audax, especificamente sobre os brevets 200 e 300 em Porto Alegre e Caxias do Sul. Nesse ano não dava mais tempo para participar. Então comecei a pesquisar e ficar de olho no calendário 2005. Minha primeira participação veio logo e fechei o ano com a série completa, cruzei a linha de chegada com os amigos Roberto Trevisan e Guilherme Kardel.
Muitos amigos surgiram e as participações continuaram ao longo destes sete anos, só no estilo Randonneur foram 13.260 km percorridos, 36 Brevets, 5 vezes Super Randonneur (só três medalhas por falta de homologação), uma série Moudeax (Brevet 1.000 – Farrapos) e um fleche e um 1.200 km (PBP 2011).
Em 2007 estava muito a fim de participar do PBP 2007, mas por problemas financeiros naquele momento não teria como ir. Eu e minha esposa Gisele traçamos como objetivo a ida em 2011, então os planos começariam ali, seriam quatro anos para planejar, economizar e sonhar com a participação. Em 2008 fiquei fora do audax, pois foi o ano do nascimento do meu filho Murilo, fiquei muito feliz com a chegada dele. No ano de 2009 voltei a pedalar, conquistei uma Série Mondiaux. Já em 2010 voltei a pedalar pouco (audax), mas nesse ano consegui junto com minha equipe conquistar o FLECHE 2010. A "EQUIPETEMDETUDO" (nome da equipe) tinha um seleto grupo “ Sr. "Rúbis" Gandolfi , Sr. Alemão Edson Behenck (eu),Sr. Glademir Ximitão, Sr. Gringo Rodrigo Cortese e nosso Sr. Tio Endres”.
Novembro/2010 começava a série 2011, estava determinado a conquistar a série antecipada e não poderia perder as primeiras oportunidades, então fiz os 200 km pela Sociedade Audax, dezembro/10 os 300 km pelo Audax Santa Maria, os 400 km em janeiro/11 pelo Santa Ciclismo e os 600 km em fevereiro/11 também pelo Santa Ciclismo. Série completa, agora só pensar no PBP.
De março a agosto foi um pulo, e o grande dia estava chegando. Era minha primeira experiência fora do Brasil, estava ansioso, também era minha primeira vez de avião. Embarcamos rumo a Paris dia 11 de agosto de 2011, eu, minha adorável esposa (Gisele) e meu filho (Murilo - 2 anos e 10 meses). Chegamos em Paris no dia 12 de agosto, fomos direto para o hotel (pegamos um taxi). Não perdemos tempo, largamos as coisas no hotel e já fomos para rua, só voltamos ao anoitecer. Curtimos muito Paris, Versailles, levamos o Murilo na Eurodisney, foram 15 dias inesquecíveis.
Sábado 20 de agosto as 09h00min estava marcado minha vistoria, saímos de Paris e de trem fomos até Saint Quentin-En-Yvelines, chegamos ao ginásio e muitos ciclistas já estavam por lá, muitas pessoas acompanhando e muitas outras trabalhando. A organização é um espetáculo a parte, nota dez em organização. A sensação de entrar naquele ginásio, ver a Bandeira do Brasil hasteada na parede ao lado de muitas outras é muito boa. Cada País tem uma mesa para retirar kit (passaporte, chip, 2 placa para bike e um adesivo para capacete, carta de rota, medalha de Super Randonneur 2011 e outras coisas mais). Na hora de retirar o kit o pessoal da organização orienta de como colocar a placa e o chip, minha sorte é que o casal que estava na mesa falava Português, pois não sei nada de Francês e muito menos Inglês, só sei falar o nosso idioma, mas tem um ditado que diz “que quem tem boca vai a Roma”, então estava lá querendo ir até Brest e voltar. Fiquei um pouco por ali, encontrei o Rogerio de Guarapuava, conversamos um pouco e voltamos juntos até Paris.
Domingo logo depois do meio dia saí do hotel para ir até o local da largada, estava inscrito para as 90 horas e a largada seria a partir das 18h00min, largam grupos de 500 ciclistas a cada 20 minutos. No sábado havia usado o metro para ir até uma estação que faria conexão com RER, mas no domingo eles não deixaram eu acessar o metro, não sei o que falaram, mas pelos gestos entendi que no metro só poderia se fosse casual. Então o primeiro obstáculo estava surgindo, sabia que a estação era próxima a Torre Eiffel, e as margens do Rio Sena, mas como chegar de bike até lá, até então só havia andado de ônibus, metro ou a pé. Peguei a bike e segui pela Rua La Fayette. Dizem que a Torre pode ser vista de vários pontos da cidade, não demorou muito avistei, então peguei uma rua na direção dela, andei um pouco e em seguida já estava às margens do Rio Sena, bom estava tudo resolvido, era só seguir pelas margens do Sena até chegar à estação RER. Cheguei à estação por volta das 02h30min e próximo das três horas já estava chegando ao local de largada. Chegando ao Ginásio, milhares de ciclistas já estavam em uma enorme fila. Naquele momento havia ciclistas cuja largada estava marcada a partir das 16h, inclusive brasileiros, a Lidiane de Santa Cruz é um exemplo.
Esperei um pouco e logo o Erich e Lazzari chegaram onde eu estava, falamos um pouco e o Erich e mais um brasileiro que não lembro o nome foi indo pelo meio dos demais. Fiquei com o Lazzari, conversamos enquanto esperávamos a nossa hora da largada, que estava programada para a partir das 18h. À tarde de domingo estava linda, o sol brilhava forte e estava quente, um clima bem propício para uma grande festa ao ar livre. Após as 17h a fila começou a andar rápido e em pouco tempo já estávamos dentro do pátio do ginásio.
Aproveitamos o momento de espera para registrar com algumas fotografias e filmagens. Juntou-se a nós o Guilherme Kardel, enquanto falávamos a fila continuava a andar. Acredito que eram umas 18h30min passamos pelo controle, registramos nossa passagem e após seguimos direto para o ponto de largada, havia um pelotão a nossa frente, o segundo que estava largando. O grande momento estava chegando, o próximo a largar era nosso, o terceiro das 90h.
Havia muitas pessoas na torcida, familiares, amigos e pessoas da própria localidade curtindo a festa que estava acontecendo no local da largada. É fantástico, só estando lá para ver e sentir o quanto é bom vivenciar uma experiência grandiosa como o PBP.
Contagem regressiva e foi dada a largada. As 18h50min do dia 21 de agosto de 2011 estava partindo para realizar um grande sonho, sonho esse que durou durante quatro anos. Lentamente o pelotão ia se movimentando entre um grande corredor formado por uma multidão que apreciava a passagem dos ciclistas. Não sabia se pedalava ou curtia aquelas pessoas aplaudindo nossa passagem.
O Kardel largou a todo vapor, o Lazzari ficou atrás e eu fui ao meu ritmo, gosto de pedalar uma pouco mais forte no inicio, mas não acima da minha capacidade. Mantive uma cadência até o próximo ponto de apoio no km 140 em Mortagne au Perche, eram próximo da meia noite quando cheguei ao ponto de apoio.
A estratégia era pedalar até Loudeac para ai sim dormir, mas nesse momento já estava com um pouco de sono, então fiz minha alimentação. Falando em alimentação outro espetáculo, nota dez para organização, em todos os PC´s estavam disponíveis grandes refeitórios, um pouco de fila é claro, mas nada que atrapalhasse. Em todos havia almoço, janta ou café (lanche), cada um paga ou seu, nada de graça, mas com preço acessível. Resolvi mudar minha estratégia, então dormi no chão, em um canto do ginásio. Foram 20 minutos de sono, mas o suficiente para estar inteiro para o próximo percurso de 82 km.
Parti solitário, madrugada com uma temperatura agradável, estrada com pouco movimento, continuei seguindo no meu ritmo. Avistava a frente uma enorme linha vermelha, essa linha era formada pela sinalização vermelha das bikes que estavam à frente, eram muitas. Então dizer “esta só” é uma simples maneira de se expressar, foram poucos os momentos que pedalei sem ter companhia. Caso não tivesse era só parar um minuto que logo alguém aparecia.
Depois de 12 horas de pedal cheguei ao primeiro PC em Villaines La Juhel, Km 222, eram 7h da manhã da segunda-feira, larguei a bike e fui direto registrar minha passagem pelo controle. Carimbar o passaporte. O chip registrava a passagem e automaticamente atualizava o site para os que ficaram na torcida acompanhar o andamento do randonneur. Mantive a estratégia e logo após a refeição mais 20 minutos de sono.
Pedal na estrada e lá fui para mais uma etapa. Estava determinado e para mim havia dois objetivos a ser alcançados. Primeiro completar o PBP 2011 em menos de 90 horas e o segundo conquistar o Randonneur 5000. Duas grandes motivações, até então o Luiz Faccin era o único a ser um Randonneur 5000, e foi com base nos seus relatos que descobri que também poderia ser. Grande ciclista e amigo, esse cara é uma grande figura e merece com certeza grandes aplausos.
Motivado e com muita determinação seguia pedalando pelas estradas Francesas, lá somos respeitados, os carros não buzinam atrás ou do nosso lado como quem diz “sai da frente que a estrada é nossa”, se for preciso eles ficam andando na mesma velocidade até que tenha um espaço para poder ultrapassar e não são somente os carros, os caminhões também fazem a mesma coisa.
No caminho há grupos de pessoas na beira da estrada oferecendo lanche, água, coca-cola, sucos enfim estão ali apoiando e com muita alegria. Achei fantástico, parei em algumas, tirei algumas fotos com eles, peguei algo para comer e beber e após cada parada dessa a partida era muito melhor. Também há grupos de pessoas torcendo, e não importa a hora, até na noite eles estão ali gritando e nos incentivando a continuar o nosso caminho.
As 12h57min cheguei a Fougeres, PC no Km 310, fui direto ao controle para registrar minha passagem, não poderia deixar para depois, pois poderia esquecer. O correto é sempre registrar e depois fazer o resto que for preciso. Almocei com Lazzari, Simoni e Alex, nos encontramos pelo caminho. Logo após descansei na grama, um sono de 20 minutos.
Pouco antes de chegar ao PC senti uma fisgada no tendão de aquiles, tornozelo direito, mas naquele momento não dei muita importância. Continuei a pedalar no mesmo ritmo, e as 16h34mim cheguei a Tinteniac – PC km 364, nesse PC fiz um lanche, não esquecendo o registro de passagem, partir para aproveitar a luz do dia. Nesse trajeto fiz uma boa parte junto com o Lazzari, e às 22h33min chegamos a Loudeac. Registramos nossa passagem e o Lazzari disse que ia dormir, então perguntei se ele tinha cataflan emulgel, e para minha sorte ele tinha e emprestou, dei um banho no tornozelo.
Após a janta decidi tocar até o próximo PC, eram 76 km pela frente. Segui num pedal solitário, com muita dor, mas segui com a mesma determinação do início. Nesse trajeto muita coisa passou pela minha mente, inclusive vontade de desistir. Mas lembrei que o Faccin disse que em 2007 ele também teve problemas, mas resolveu primeiro comer, dormir e depois desistir. Então continuei a pedalar para chegar ao PC. Eram 04h50mim quando cheguei em Carhaix-Plouguer – PC Km 525. Passei pelo controle e fui direto arrumar um canto para dormir. Adormeci 30 minutos e após fui tomar um café da manhã.
No mesmo PC avistei uma placa que indicava enfermaria, então fui até lá, mas sabendo que a comunicação seria só por gestos. Fui muito bem atendido, um socorrista me colocou em uma maca e logo um médico examinou, o mesmo pediu para o socorrista fazer uma massagem e aplicar uma pomada no tornozelo. O médico falou algumas coisas, não entendi quase nada, mas consegui entender que o medicamento faria efeito por 6 horas, era o tempo que precisava para ir até Brest, lá avaliaria novamente a situação.
Segui viajem, mas infelizmente a dor continuava comigo. Para aliviar e descansar um pouco pedalei em alguns momentos com um pé só, e o outro estendi sobre o bagageiro traseiro. E assim fui até Brest, alternando as pedaladas com um pé e ou com os dois clipados.

Cheguei em Brest às 11h32min, mas antes parei na ponte esteiada para tirar umas fotos e apreciar a paisagem, muito lindo o lugar, uma pena que estava caindo uma chuva fina e com isso o tempo estava meio fechado. Valeu à pena ter chegado até ali, não podia parar, tinha que continuar pedalando. Nessa altura faltava à volta, mais 612 km. Andei mais uns quilômetros rodando pela cidade e cheguei ao PC, fui direto registrar e logo fui almoçar. Aproveitei o momento para ligar para o Hotel e ver como estava minha esposa e filho, mas não falei que estava com muita dor e que poderia desistir a qualquer momento.
Durante o almoço lembrei uma frase que o Lance Armstrong escreveu "A dor é temporária, pode durar um minuto, uma hora, um dia ou um ano. Mas em algum momento, ela passa e outra sensação toma o seu lugar. Mas se eu desistir, a dor fica para sempre". A lembrança dessa frase, mais as motivações que me levaram até lá, foram fatores determinantes para pegar a bike e continuar pedalando de volta até a meta “1.230 km”.
Meu tempo não era uns dos melhores, mas estava sendo bem administrado, as paradas eram rápidas e bem aproveitadas (registro, refeição, higiene e descanso). Tinha 50 horas para concluir os 612 km restantes, ou seja, estava sobrando 10 horas se comparado com a ida. Precisava administrar bem esse tempo restante, e foi o que fiz.
Iniciei a volta às 13h30min, bike na estrada, determinado a concluir, poderia ser nas 90 horas cravadas, mas concluir. Sempre tive muita sorte quanto a pneu, o talvez, em virtude de sempre estar com eles em bom estado. Mas dessa vez para piorar a minha situação, a partir do km 525 começou a furar pneus, foram cinco vezes em pouco mais de 150 km. Três vezes o dianteiro e duas vezes o traseiro, sendo que essas duas foram à noite. Perdi muito tempo com isso, mas para mim o sabor dessa vitoria seria muito especial. Sabia das dificuldades enfrentadas e essa grande façanha ia ficar na minha mente para o resto da minha vida. Com certeza vou usar como referência para outros obstáculos que aparecer diante do meu caminho.
Novamente mudei de estratégia e resolvi dormir umas três horas em Loudeac. Utilizei a estrutura oferecida por 4 euros acho que foi isso. Antes de dormir encontrei com a Lidiane de Santa Cruz, disse a ela que estava com dor e ela prontamente foi buscar cataflan emulgel que ela tinha na bagagem. Agradeci, conversamos um pouco na fila enquanto esperávamos nossa vez de dormir. São muitas camas naquele ginásio, e para facilitar a comunicação, eles tem um relógio manual, feito com prato descartável só para mostrar até que hora queremos dormir. Ai eles registram em um quadro o número do leito e a hora que é para chamar. Funciona mesmo, as 03h30min eles me acordaram. Levantei e fui direto tomar um café para após seguir viagem, teria pela frente mais um dia e uma noite de pedal.
Nesse dia encontrei varias vezes com a Simone, Alex, Kardel, Lazzari e o Erich, inclusive pedalei um pouco com eles. Mas como não temos o mesmo ritmo, cada um pedalou no seu ritmo. Mas nos PC´s sempre conversávamos um pouco.
Apesar de ter dormido 3 horas, resolvi continuar com a estratégia de dormir 20 minutos a cada parada, mas teve dois momentos que parei para dormir na beira da estrada. Bem natural, passei por vários ciclistas dormindo na beira e resolvi fazer o mesmo.
Durante todo o percurso quase não falei com ninguém e isso é uma das coisas que quero recuperar em uma próxima participação. Pois é uma das melhores coisas, a troca de experiência com os demais.
Na madrugada de quinta-feira, sai de Mortagne-Au-Perche as 02h00min em direção a Dreux o qual seria o último PC KM 1.165. Estava pedalando quando escutei uns silvos (som de apito), era um grupo de chineses, o pelotão estava bem organizado. Tinha um passista forte puxando e o último com o apito controlava o grupo para não dispersar. Aproveitei o embalo e peguei o vácuo, estava precisando aumentar um pouco o giro. Mas durou pouco, 20 km, pararam logo em seguida e eu continuei só.
Tanto na ida como na volta existem dois postos de controle secreto. Então você vem pedalando e o pessoal da organização no meio da estrada indicando o que é controle, e a parada é obrigatória. Acredito ser uma maneira de coibir os espertinhos que acham que a medalha é o mais importante. Mas a real importância esta na estratégia que cada um adotou, esta na vitória conquistada sem derrotar os adversários, esta em saber que suas atitudes poderão ser usadas por outras pessoas, assim como eu usei para conseguir seguir sem desistir.
As 11h17min do dia 25 de agosto de 2011 estava cruzando a linha chegada. Assim como na largada grande número de pessoas formavam um corredor na linha de chegada. Aplausos e mais aplausos. Nesse momento tudo o que sonhei, tudo que planejei estava sendo concretizado com sucesso. A meta havia sido alcançada e eu era mais um a escrever meu nome na lista de um seleto grupo.
Primeiramente obrigado a Deus por dar luz e proteção, o meu muito obrigado a minha esposa Gisele que sempre me apoiou, ao meu filho Murilo que faz parte dessa historia. A minha mãe e toda a família do meu irmão. Obrigado a minha equipe de trabalho que segurou à bronca nos dias que estava fora. Valeu a todos que ficaram na torcida, valeu Luiz Faccin, Roberto Trevisan, Rubens Gandolfi, Paulo Endres...obrigado mesmo. Obrigado e parabéns ao Lazzari que também estava lá e teve vitória. Parabéns pela conquista da Simone, Alex e Guilherme Kardel. Parabéns por ido até lá Lidiane e Erich. Parabéns a todos que concluíram ou não. Obrigado a todos que ficaram na torcida.
Depois de ter chegado de volta ao hotel em Paris mais dois dias curtindo junto com a Gisele e o Murilo. No sábado com malas prontas, bike devidamente protegida dentro da mala bike é hora de voltar para casa. Foi uma das melhores férias.

Para ver mais algumas fotos:
https://picasaweb.google.com/103290519555755558267/PBP2011_Edson_B_Alves#

Até 2015!
Edson Behenck Alves
Paris/França - 2011

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Psicologia para mais segurança

No livro Le Tao Du Velo, o experiente ciclo turista francês escreveu que:
Para ser mais respeitado por motoristas o uso de alforges grandes ajuda.
Escreveu também que algumas vezes utiliza barras metálicas fixadas aos bagageiros da bike, principalmente em regiões onde não existe cultura ciclística. Estas barras tem a finalidade de dar mais segurança ao ciclista, pois os motoristas toma cuidado quando percebe que a pintura do carro pode ser danificada.

Livro: Le Tao Du Velo, Petites Méditations Cyclopédiques, Julien Leblay. Transboreal, Paris, 2010

Julien já pedalou nos cinco continentes e usa uma bicicleta com carga que atinge um peso total de até 75 kg. Com certeza alguma barra de alumínio do tipo “trilho de cortina” não faz tanta diferença no desempenho sem compromisso.

O leão não ataca um elefante, ou uma pessoa sobre um Jeep, pois ele visualiza apenas um animal maior do que ele. Muitos motoristas agem como animais e desviam do ciclista apenas como defesa e não por respeito ou qualquer outra consideração mais humana que deveria ter com a vida do seu semelhante. Os animais se unem para garantir a sobrevivência, seja na caça ou na defesa. O motorista é pior, pois se junta a maquina e parte para o ataque do qual também é vitima.
A pintura do veiculo passa a ser mais importante do que a vida do ciclista no transito. É um mundo materialista e individualista.

Esta idéia para mim foi nova, mas já pude comprovar algo semelhante de outras maneiras.
Ao pedalar a noite, principalmente quando sozinho, percebi que utilizando a luz traseira no modo continuo sou mais respeitado. A conclusão que chequei é que o motorista presta mais a atenção na luz continua porque nem sempre identifica logo de se tratar de um ciclista. Ele fica na duvida, pode ser um trator, uma moto, um carro velho com uma luz queimada. Qualquer destas opções representa um risco, nem que seja de estragar o carro.

Algumas vezes faço a limpeza da rua em frente ao local de trabalho para retirar a terra e areia. Ao varrer a rua e juntar a terra corro o risco de ser atropelado mesmo quando uso os cones de sinalização na lateral da rua. Os cones plásticos apesar de bem visíveis não representam um risco para os veículos. Quando utilizo a lata e a pá metálica, no mesmo local do cone, o respeito passa a ser maior.
A lata é mais importante do que a minha vida, mesmo que eu seja bem maior do que ela. A lata é uma embalagem de tinta com capacidade de 25 litros.
A lata é um objeto estranho, não se pode ver o que tem dentro e pode ter muito peso.
O cone é um objeto conhecido, leve e não representa risco para o veiculo.
O meu corpo é só mais um na rua. O meu corpo é semelhante a tantos outros que estão lá para atrasar o pobre coitado do poderoso motorista, que não pode perder os preciosos segundos, pois está atrasado para chegar na fila de veículos que já esta formada na próxima esquina.
O cone de sinalização não é nada;
O lata é um risco;
O pedestre ou o ciclista é um inimigo a ser combatido.
A regra deve ser a mesma de alguns animais: para se proteger pareça maior do que realmente é.
Esta deve ser a teoria da lata?
Vamos pendurar latas e espelhos no bagageiro!

sábado, 22 de outubro de 2011

Audax falso- diga não a pirataria!

Falsos Brevets Audax

1-O que é brevet

Brevê ou brevete[1] (do francês brevet) é um documento que dá ao seu titular a permissão para pilotar aviões. Tem a vertente civil e militar. Pode ser comparado a uma carta de condução, ou a uma carta de marinheiro, pois consoante a categoria dos aviões (lotação, passageiros/carga, etc.) é necessária uma determinada categoria de brevet. Tem que ser renovado também consoante a idade do titular. Tal como nos outros documentos, pode ser usado em nível profissional (pilotos comerciais da aviação civil, pilotos privados, etc.) como em nível amador: indivíduos que exerçam profissões não relacionadas com a pilotagem mas que a usam como um hobbie.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Brevê

Brevet: titulo ou diploma deliberado por etapas, permitem ao titular de exercer certas funções e certos direitos. Brevet de invenção, brevet de capacidade e outros. ( fonte: Le Robert Micro- Dictionnaire de La Langue Française- Poche-édition 2006)

No site Randonneurs Brasil você encontra uma definição mais especifica para o caso dos Brevets Randonneurs Mundiais(BRM).
http://www.randonneursbrasil.com.br/regulamentos/23-o-que-e-brevet

No caso dos brevets Audax a definição é semelhante aos BRM, pois pode ter um alcance e validade diferente conforme a modalidade de Audax, mas nem vem ao caso no momento pois o que interessa mesmo é saber que:
Brevet é um diploma, uma garantia.


2-O que é Audax


Para saber mais:
http://audaxbresil.blogspot.com/2010/09/audaxes.html


http://audaxsantacruz.blogspot.com/2011/10/audaxes-mais-informacoes.html


http://audaxbresil.blogspot.com/2010/09/primeira-medalha-audax.html

3-O que é preciso para um evento ser um brevet?

Agora já se sabe o que é brevet e o que é Audax.
Como saber se um evento é um brevet Audax?
Para ser uma garantia, um diploma é preciso ser válido;

A)Para valer o evento deve estar no calendário oficial dos brevets.
Se for Audax no calendário dos Brevets Audax que são homologados pela UAF
Veja em:
http://audaxbresil.blogspot.com/search/label/calendario

Atenção com os brevets de Audax Caminhada que são adicionados no calendário a cada mês e não anualmente!

Se for um Brevet Randonneur, no calendário dos Brevets Randonneurs Mundiais realizados no Brasil e homologados pelo Clube Audax Paris (ACP)
Veja em:
http://randonneursbrasil.com.br/calendariodebrevets/25-calendario2012

B)Para valer o evento deve estar de acordo com o regulamento da modalidade ( vamos falar apenas de ciclismo para facilitar).

Regulamento Audax Ciclismo
:
http://audaxbresil.blogspot.com/2009/01/regulamento-audax-ciclismo.html


Regulamento dos Brevets Randonneurs Mundiais:

http://www.randonneursbrasil.com.br/

Brevet Audax Falso

É qualquer evento que não esta no calendário da devida modalidade, ou não esta de acordo com o regulamento desta mesma modalidade. OBS: o nome Audax deveria ser utilizado apenas para definir os brevet homologados pela UAF.
Um evento que não esta no calendário dos brevets ( Audax ou Randonneur) não é um brevet, pois não da garantia de participação no brevet seguinte e não é/será homologado. O mesmo acontece em relação ao nome Audax ( ou Randonneur) pois não pode ser considerado como tal sem ser um evento oficial e constar no calendário e seguir o regulamento.
Portanto, não existe Audax individual, não existe brevet Audax ou Randonneur de 200 km a ser concluído em até 15 horas. Isto não depende da opinião do representante ACP ou UAF porque estes são os responsáveis por zelar pelos devidos regulamentos.

Se você vai pedalar um evento
1-Saiba do tipo de evento que vai participar e não se deixe enganar;
2-Não aconselho a participar deste tipo falso de evento pois utilizam a imagem e o trabalho realizado pela organização dos eventos oficiais;
3-Se um evento é vendido como oficial sem fazer parte do calendário é no mínimo propaganda enganosa e este tipo de “organizador” não deve ser confiável.


Motivos para não realizar um evento oficial ACP ou UAF

Os únicos motivos que consigo anotar são:
- ignorância sobre o que realmente é cada coisa. Vale lembrar o velho ditado: “de boas intenções o inferno esta cheio”;
- para não pagar o valor das homologações- leia-se ganância. Veja o valor que foi cobrado por cada homologação nos últimos anos:

http://randonneurs-brasil.blogspot.com/2011/03/contas-2010-por-clube.html
http://randonneurs-brasil.blogspot.com/2011/01/totais-brasil-2010-homologacoes-brevet.html
http://randonneurs-brasil.blogspot.com/2009/12/contas-2009-por-organizador.html

O valor pago por cada homologação nos últimos anos foi de 45 centavos de euro e mais algumas taxas e custos anuais por organizador- realmente isto deve ser um valor demasiado para um organizador que cobra R$90,00 ou mais por uma inscrição.

Audax que não é Audax e não é falso, justamente por isto.

Veja alguns exemplos.
Audax4- organização de eventos esportivos:
http://www.tyaraju.com.br/clientes/audax4.com.br/
O nome Audax4 é apenas um nome fantasia e em nenhum momento é feito alusão ou citação de, regulamento Audax, ciclismo de longa distancia, brevet, Randonneur, LRM, BRM, ACP, UAF, representante ACP...
Industria
http://www.audax-quimica.com.br/
Audax São Paulo Futebol Clube
http://www.paec.com.br/
Banda Audax
http://www.bandaaudax.com.br/

Nenhum organizador é impedido de organizar o evento que seja, pedalado onde quiser, quando, inventar uma modalidade como quiser.
Nada justifica usar indevidamente o nome de uma modalidade, vender um produto como sendo outro a não ser a falta de seriedade.
O ciclista pode e deve pedalar o evento que quiser, deve pedalar apenas porque gosta, mesmo sem estar participando de um evento, mas não deveria servir de avalista e patrocinar este tipo de evento falso.
Torça pelo Audax Futebol Clube, escute a Banda Audax, participe da corrida Running Audax, compre produto da Audax Quimica, contrate o escritório de Contabilidade Audax, mas estude o que é Audax Ciclismo, Caminhada e não aceite pirataria.

Os maiores falsificadores são ex-organizadores ou praticantes da modalidade por incapacidade para fazer a coisa de maneira correta.

Luiz M. Faccin
Outubro de 2011

Audaxes Mais informações

Randonneur- pessoa que faz randonneé, não precisa exatamente ser ciclista;
Randonneé- palavra de origem francesa que significa passeio de longa distancia/ longa duração
O nome correto dos brevets organizados conforme o regulamento da ACP- Audax Club Parisien é Brevets Randonneurs Mundiais ( BRM) nestes brevets o andamento é livre e nestes o ciclista pode estar solitário como bem descreve o texto.
Os brevets conforme o regulamento da UAF- União dos Audax Franceses são os AUDAX.
São pedalados em grupo/ pelotão e com a média de 22,5 km/h
Nestes não existe o ciclista solitário, mas mais ciclistas solidários.
Existe também Audax Marcha=caminhada, natação, remo, esqui e ciclismo especifico para jovens ( inclui crianças)
O termo Audax, devido à confusão em relação ao Nome do Clube Audax Paris, foi e é utilizado para chamar os brevets Randonneur Mundiais aqui no Brasil, mas estes brevets não são conforme o Formula Audax dos brevets Audax da UAF.
Os dois clubes, ACP e UAF, tiveram a mesma origem e se separaram definitivamente em 1921 depois de muita disputa. Cada um seguiu uma formula.
Os BRM são praticados em 41 países
Os Audax ainda não em tantos= países da Europa, Austrália a Brasil.
Em 1891 surgiu o Paris Brest Paris e é o evento ciclístico mais antigo do mundo ainda realizado, mas era competição naquela época. Os brevet surgiram em 1904 e foram criados por Henri Degrange, o mesmo criador do Tour de France.
O Paris Brest Paris Audax é realizado a cada 5 anos e organizado pela UAF;
O Paris Brest Paris Randonneur é realizado a cada 4 anos e organizado pela ACP e FFCT ( Federação Francesa de Ciclo Turismo). A FFCT é uma organização maior da qual a ACP e UAF fazem parte. A FFCT tem mais de cento e vinte mil ciclo turistas associados com as anuidades em dia, mas isto são curiosidades para outra oportunidade.
Em 2011 tivemos dois PBPs ( Paris Brest Paris) o Audax e o Randonneur. Nem precisaria repetir, mas:
Audax organizado pela UAF e pedalado em grupo com média de 22,5 km/h e paradas programadas, com hora marcada. Presença de centenas de ciclistas.
Randonneur organizado pela ACP com andamento livre e presença de milhares de ciclistas.

Geralmente a gente escreve a palavra Audax, mas poderia substituir por brevet sem distinguir a diferença entre uma modalidade e outra.
Quando se usa uma foto de um ciclista solitário, não pode ser uma foto de Audax e sim de um BRM. Quando se fala em solidão na madrugada, não se esta falando de um brevet Audax e sim de um brevet Randonneur de andamento livre.
Vamos a uma frase:
Audax esta presente em todos os continentes perfazendo mais de 40 países”.
A palavra Audax na frase não está correta por identifica uma modalidade. Se substituir por os Brevets Randonneur Mundiais a fase fica certa, mas tem a opção de usar, Os Brevets estão presentes em todos os continentes...
A frase fica correta pois não identifica diretamente a modalidade. Tanto Audax e BRM, são brevets.
Para saber mais:

http://audaxbresil.blogspot.com/2010/09/audaxes.html

http://audaxbresil.blogspot.com/2010/09/primeira-medalha-audax.html

Luiz M. Faccin
Março de 2011
Publicado originalmente no blog randonneursbrasil.blogspot.com

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Calendário brevets 2012

Esta disponível no site:
http://randonneursbrasil.com.br/
o calendário 2012 dos brevets Randonneurs série 2012
Santa Cruz do Sul terá apenas um brevet 200km e uma Fleche


Brevet 200km - 26/11/2011

Santa Ciclismo - http://www.santaciclismo.com.br/
Responsável: Marco Antonio Valim

Fleche - 06/04/2012
Santa Ciclismo - http://www.audaxsantacruz.blogspot.com/
Responsável: Luiz M. Faccin
Local de chegada: Faccin Bicicletas- Santa Cruz do Sul, RS.

Existe ainda o calendário dos brevets Audax que esta disponível em:
Ver aqui!
Onde teremos mais brevets em Santa Cruz do Sul.

Confira!

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Fotos PBP 2011- Erich Brack

O Erich disponibilizou algumas fotos realizadas durante o Paris Brest Paris 2011.

Vale a pena conferir

Veja Aqui!

Boas pedaladas!

Um relato do PBP 2011

Um relato dos 1.200km do Paris-Brest-Paris

No esporte e na vida, histórias de superação costumam ser as mais interessantes. Servem de inspiração. O blog bateu um papo com um personagem de uma delas, o microempresário Maurício Helman, que deixou o Rio de Janeiro para participar do desafio 1.200km Paris-Brest-Paris, no fim de agosto. Ele tinha cumprido as distâncias de 200, 300, 400 e 600 km do Audax, pré-requisitos para participar da prova. Mas foi a primeira vez que pedalou por tantas horas e por tanto chão. Viveu, claro, uma experiência inesquecível.

- Nos ultimos 40 quilômetros, eu estava quase chegando, mas precisava dormir, não conseguia mais pedalar, meus olhos estavam fechando. Parei a bicicleta num canto e deitei na relva. Inclusive vi alguns caindo, literalmente, de sono. No meu caso, o guidon chegou a dar uma torcida e foi então que decidi parar. Não sei exatamente quanto dormi, mas foi por mais ou menos duas horas. Fui acordado por dois franceses que perguntaram se estava tudo bem comigo, se eu precisava de água ou ajuda. Eles estavam de bicicleta também, mas não participavam da prova. Os dois foram me acompanhando até eu completar a prova. "A gente vai levar você para completar", disseram eles, muito simpáticos. A participação das pessoas, aliás, foi uma parte tocante da viagem. Os franceses gostam da prova, ofereciam chocolate quente, café e bolo nas cidadezinhas pequenas por onde a gente passava. Era um pessoal muito receptivo. A cada 80 ou 100km tinha sempre uma cidadezinha. Parecia cenário de filme ou de quadrinho do Asterix - relata Maurício, de 49 anos, que completou os 1.200km em 93 horas.

Maurício não é um superatleta. É, sim, um cara que gosta de pedalar e curte superar desafios. Nada de anormal, portanto. Começou a encarar grandes distâncias há três anos. Foi aos poucos. Pegou gosto.

- Sempre pedalei por diversão, comecei a pedalar longa distância em 2008, quando fiz o primeiro Audax, de 200km. Eu nem tinha equipamento de ciclista, pedalei com short de tactel e camisa de algodão. Foi difícil porque ficou tudo molhado, choveu o dia inteiro. De lá para cá eu vim me equipando e melhorando. A bicicleta também mudou muito de lá para cá - lembra.

Depois do Paris-Brest-Paris, quer mais. Quer outras pedaladas de 1.200km por esse mundão afora.

- Foram seis mil ciclistas, sendo 2.500 deles, franceses. O restante, gente de tudo quanto é lugar do mundo. Hoje entrei de tarde no Facebook e tinha um cara da Índia me conectando, que eu conheci na prova. O maior prazer é a troca de experiências com pessoas do mundo todo. E conhecer lugares. Eu não tinha noção, a França é verde, você não vê um pedaço de terra marrom. Tudo é plantado ou é parque. Ter pessoas do mundo todo pedalando ao seu lado é uma experiência que não tem palavra para descrever. A começar na largada, o povo batendo palma e te dando incentivo, tapinha na mão, você se sente um cara especial - narra, entusiasmado.

Completar a prova, superar o desafio é...

- Uma realização, uma conquista pessoal. Essa provas servem para você ganhar autoafirmação pessoal. Quando você consegue completar aquele objetivo, você se torna mais forte como pessoa, mais seguro inclusive para a sua vida pessoal, além do esporte. Você sai uma pessoa muito mais determinada de um experiência assim. Você sente que é um vencedor - explica.

O perrengue

- Virava a noite pedalando, peguei tempestade de vento, já deveriam ser umas dez ou onze da noite. Todas as noites fazia frio. Na segunda e na terceira noite, frio e chuva. Foram três noites ao todo.

O que levou

- Botei bagageiro na bike e roupas num saco. Foi um erro. Choveu e o saco não era impermeável, ficou pesado. E eu nem troquei de roupa. Carreguei peso extra à toa. Embaixo do banco, atrás, tinha bolsa com câmaras reservas e ferramentas. O pneu furou uma vez, porque bobeei e peguei um meio-fio. No quadro, na frente, eu tinha duas bolsinhas com a alimentação (barrinhas e gel). Tinha também duas garrafas de água ou isotônico. E mais uma bolsinha com celular e câmera de foto. Levava bateria reserva para as lanternas da bike. Eram duas lanternas traseiras e duas dianteiras.

O que vestiu e comeu

Usava uma camisa térmica por baixo, uma camisa de ciclista, um corta vento e um colete refletivo obrigatório à noite. A troca de roupa era feita sempre na hora das paradas para comer, já que a diferença de temperatura entre o dia e a noite era grande. Levei isotônico e gel repositor energético, além de barra de cereal. Eram 15 postos de controle, parava para carimbar o passaporte e comer. Comia macarrão à bolonhesa ou com frango, tomava suco de laranja, pegava umas frutas. Eu procurava me alimentar bem. Comia sanduíche e tomava coca-cola nos lanches.

A bicicleta

É uma Signal, americana, modelo Silverado. É uma bike híbrida, originalmente Mountain Bike, mas botei rodas de speed. O pneu é 700/28, com ele a bike fica mais confortável do que ficaria com o pneu 700/23, o tradicional de speed. Este vibra mais, é mais duro. Minha bike tem 20 anos, ela tem uma porção de adaptações. O câmbio original, por exemplo, era de 21 velocidades, hoje é de 30. O quadro está todo enferrujado, mas não pretendo trocar de bicicleta, não. Talvez de quadro.

Os momentos mais difíceis

- Foram na tempestade de vento lateral. E quando o sono batia forte, também.

Nem pensar em desistir

- Essa hipótese, de desistir, realmente não existia. Eu disse para mim mesmo que só pararia de pedalar quando cumprisse o percurso. Perdi muito tempo, às vezes de bate-papo, eu tinha que ter sido mais objetivo. Sem isso daria para chegar nas 90 horas em que deveria chegar. Mas fiquei muito feliz de completar.

Uma mancada

- A organização foi espetacular, tudo muito sinalizado. Mas pedalei 24km à toa, porque peguei o caminho errado. Foi um carteiro que me orientou, e aí voltei 12km, depois de pedalar para lugar nenhum por 12km. Não falo francês. Ele me avisou meio em francês, meio inglês, aí eu consegui compreender.

Quanto custou a aventura -


As passagens consegui com pontos do cartão de crédito. Fiquei num hotel com diária de 38 euros para dois, dividi com Claudio Guilherme, de Niterói, que conheci no Audax do Rio. Comprei um par de rodas lá, que usei na prova. No total, foram de R$ 3 mil a R$ 4 mil de despesa.

A família

- Sou casado e tenho dois filhos, a mais velha com 14 anos e o mais novo, com 11. Fiquei 17 dias fora de casa. Minha mulher me dá todo apoio, meus filhos também. Tinha muita gente que pedalava com a família acompanhando de motorhome. Não acho isso uma boa. O motorhome pode dar ao ciclista uma vontade de ficar de preguiça, esse conforto pode tirar o ânimo na prova.

Uma lição

- Na prova tinha bicicleta de tudo quanto é tipo, é permitido, desde que de propulsão humana. O que marcou mais para mim foi ver uma bicicleta para dois pedalarem ao mesmo tempo. Um dos caras era cego.

Uma conclusão

- A prova não é moleza nenhuma, é barra pesada. Mas quero mais.

O Paris-Brest-Paris, noticiado pelo De Bike em agosto (relembre aqui), parte do subúrbio de Paris e vai até Brest, na beira do oceano, retornando a Paris. O ponto de partida e de chegada é em Saint-Quentin-En-Yvelines, periferia da capital francesa. A prova é disputada a cada quatro anos, essa foi a 17ª edição.

Fonte:e-mail enviado para o grupo Ciclismo de Longa Distancia
(http://oglobo.globo.com/blogs/debike/)

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Reportagem Paris Brest Paris- Richard Dunner

Compre a revista Vo2 Max deste mês ( outubro 2011) e leia/veja e reportagem perfeita sobre a participação do ciclista Richard Dunner no Paris Brest Paris 2011.

Para saber um pouco mais sobre o ciclista.


Relato PBP 2007

Parabéns Richard


Foto escaneada da Revista Vo2 Max!

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Segundo Randonneur 5000 brasileiro


Pretendo divulgar mais alguns relatos e comentários do Paris Brest Paris, mas enquanto eles não chegam vou divulgar o arquivo que recebi.

Já temos o segundo Randonneur 5000 brasileiro. Adivinha de que clube ele é?
Do mesmo clube do primeiro!



Parabéns e obrigado Edson Behenck Alves.
Já escutei o teu relato do Paris Brest Paris 2011 contando as dificuldades enfrentadas, mas vou esperar o teu relato escrito.
Agora é esperar a chegada da medalha e a divulgação do teu nome na lista do site do Clube Audax Paris.

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Relato Paris Brest Paris 2011- Carlos Murassutti

PBP - PARIS BREST PARIS: 1230km
SABOR DE CONQUISTA

Dizem que o bacana da vida e poder olhar para tras e com muito orgulho dizer – Valeu a pena.... faria tudo de novo.
Participar de uma prova ciclistica centenaria onde praticamente todos os participantes, independente da sua posicao de chegada, sairam vitoriosos e puderam levar para casa o delicioso sabor da conquista, foi algo muito especial e extremamente gratificante.
Experiencia única, possibilitada gracas ao espirito randonneur do PBP e tambem pelo fato de que cada participante poder estabelecer o seu objetivo pessoal a ser alcancado na prova.
Consequentemente, para que isto fosse possivel, o espirito guerreiro de cada ciclista precisou ser colocado a prova/incorporado para enfrentar as mais adversas situacoes com muita persistencia e resistencia, que por muitas vezes chegou ao limite fisico e mental.
Adversidades que se apresentaram com graduacoes diferentes para cada participante nos diversos aspectos, seja de um simples problema mecanico,o clima adverso/intempereas ate o psicologico com todos os medos e fantasmas que a prova implicava/representava/demandava.
Estrategias diferentes foram adotadas para que cada um realizasse o seu sonho e escrevesse o nome no PBP , mas o objetivo maior nunca deixou de ser comum e coletivo, que era o de terminar a prova dentro do tempo limite escolhido e pela organizacao estabelecido.
E neste sentido, o Paris Brest Paris 2011 foi palco perfeito para que todos pudessem exercitar este espirito guerreiro e se tornassem efetivamente os herois de suas historias atraves de muita dedicacao e superacao. O cenario foi idealizado com extrema maestria, perfeito desde os dias que antecederam a prova,passando pela vistoria das bikes ate o momento de cruzar a linha de chegada e de imediato poder ver as fotos do audacioso desafio concluido. (/finalizado/superado.
Como em qualquer grande espetaculo, o palco foi preparado para uma bacana/badalada festa na largada, com muita empolgacao,musica, alegria e no ar um misto de ansiedade e de expectativa do que viria pela frente nos 1230km a serem pedalados. Chegado o momento esperado, todos a postos,muita adrenalina, maos suando, coracoes batendo forte e cercado estavamos por milhares de guerreiros dos mais diversos paises e nacionalidades prontos para partir. Que ao termino da contagem regressiva e ao som de uma buzina em blocos partiamos como seguindo uma procissao por um caminho especialmente bem definido e sinalizado, dispensando qualquer mapa ou orientacao.
Pedaladas e mais pedaladas, o tempo voava, a prova avancava e a prevista dispersao natural acontecia, sendo a alegria e a empolgacao dos primeiros quilometros substituidos por um quase silencio, que podia ser entendido como sinal do primeiro cansaco ou apenas para contemplacao da belissima paisagem que nos era apresentada. Paisagem aliada a invejavel infraestrutura da prova e do pais, nos fazia pensar no quanto ainda temos a fazer em nosso pais, principalmente no quesito respeito aos ciclistas.
Mais pedaladas, e temos a confirmacao de que o ponto forte, o ponto marcante da prova seria o espetaculo apresentado pelos expectadores, pelas pessoas que acompanhavam e apoiavam a prova ao longo do percurso, seja nas estradas ou nas cidades, de dia ou de noite, no sol ou na chuva com enorme entusiamo e muito carinho. Nao importava a posicao que se encontrava na prova, se estava bem ou esgotado,a admiracao e o respeito eram demonstrados pelo desafio assumido e o esforco dispendido por tantas horas seguidas. Tratamento recebido como se herois fossemos, atraves de uma simples palavra de apoio (allez), de aplausos simples ou mais calorentos, da musica cantada ou tocada até a delicadeza da oferta do bolo com café, oferecidos sempre com sorriso largo e muita gentileza, que em troca ficava apenas a sugestao de um postal a no futuro ser enviado.
A integracao da prova, que acontece de 4 em 4 anos,com as comunidades, seu povo e os ciclistas era altamente harmoniosa, quimica perfeita que gerava ingredientes/combustivel que recarregavam nossas baterias, trazendo novas forcas para que cada um desse o melhor de si na busca de seu objetivo. Passar por aquelas pequenas cidades, que a principio pareciam todas iguais, mas que na sequencia (iamos descobrindo)/descobriamos que eram cheias de sutilezas nos contagiava e enchia de emocoes, especialmente naquelas que com banda de musica ou um solitario saxofone nos recebiam.
Estar no meio daquela legiao de estrangeiros das mais diversas nacionalidades, em pequenos ou grandes grupos,cada um mostrando com muito orgulho na camisa ou no peito o seu pais de origem, dispensava a fala de qualquer lingua estrangeira para juntos pedalar, pois o ritmo era determinado pelo girar do pedal e na sincronizacao das trocas de marchas. Acompanhar um pelotao no meio da noite andando mais forte, com toda a tensao e atencao requerida e a minha bike rangendo alto foi simplesmente sensacional. Sabor que se repetiu inumeras vezes, no sol ou na chuva, seco ou molhado, reta, subida ou descida, nao tinhamos escolha do que vinha pela frente. Encarar uma subida nao era apenas mais uma subida, mas a certeza de encontrar algo novo, que podia ser uma nova paisagem, uma nova pequena cidade, mais pessoas incentivando ou somente uma outra subida, que postergava a nossa recompensa.
E como deveria ser, os pontos de controle da prova extremamente bem organizados, mas que de qualquer forma pelo numero de participantes nos tirava mais tempo do que o planejado, que compensados eramos pela fartura de comida que servida era para alimentar o corpo e a alma. A visao dos ciclistas guerreiros nos pontos de controle, se alimentando ou apenas aliviando as dores e o cansaco, sentados, deitados ou num canto encostados não era nada agradavel, retratava o ser humano na sua forma mais natural e primitiva com toda a sua constrangedora vulnerabilidade.
Passaporte carimbado, chip registrado,pomada passada, corpo e mente alimentados, auto estima e confianca energizadas, a prova seguia sempre seu roteiro tracado com a mesma impecavel organizacao e o tremendo apoio da populacao. Porem, a esta altura da prova apos tanta quilometragem percorrida, os guerreiros ja nao eram mais os mesmos de quando partiram, fora a cabeca pesada e o corpo exausto, carregavam neste momento muitas outras experiencias/vivencias. Da alegria da partida,aos percalcos do caminho, da incerteza na largada e agora a quase certeza da chegada, tudo isto fazia o pensamento rever as razoes que motivaram a estar naquela empreitada.
Inevitavel nao olhar para tras e rever o proposito de estar la, o esforco da preparacao, dos audaxes brevetados, das dificuldades no percurso da prova, que foram diferentes para cada participante, dos quilometros ja percorridos e os que viriam, e este pensamento so fortalecia e deixava mais proximo da chegada.
Saber que estava proximo parecia que a deixava mais longe, a sensacao era de que muito mais pedaladas eram necessarias para fazer um mesmo quilometro quando do inicio da jornada, devido ao corpo ja cansado e a ansiedade natural para ver a reta da chegada.
Mais pedaladas com pernas quase anestesiadas, para alguns ainda um passeio para muitos o desgaste final, o corpo devastado,estomago corroido, fel na boca, cabeca zoando pelas horas nao dormidas, adrenalina a mil e a unica vontade a de chegar. A voz que vinha de dentro era para manterr a motivacao para as ultimas pedaladas da superacao.
No olhar o portal da chegada, disparam emocoes e pensamentos, entre eles a certeza da tarefa cumprida, da conquista, da superacao, do auto conhecimento e do sonho realizado, forcas agora somente para comemorar tal facanha.
Cruzo(amos) a linha de chegada, e no meio destes tantos pensamentos o sentimento de privilegio, privilegio por ter pedalado com meu irmao, que devido a distancia geografica de estado e da vida que nos separa, so tinhamos pedalados juntos uma vez, e agora por tantas horas, como grandes amigos em busca de um mesmo ideal,.. inesquecivel.
Obrigado meu irmao, valeu, na proxima tambem vou de speed e voce nao vai precisar esperar nem se perder.
Poeira tirada, banho tomado fica a experiencia e o aprendizado de uma grande aventura que todos, inclusive para aqueles que pelo caminho ficaram, carregaremos para sempre. O desejo agora, e que com este aprendizado somado ao espirito randonneur possa nos unir ainda mais pelo pedal, que os emails trocados apos a prova seja apenas um pequeno mal entendido e tambem de aprendizado.
E vestindo ou nao a camisa do Brasil, mas carregando sim no peito o orgulho de ser brasileiro possamos deixar nossas marcas no PBP, nao so dos pneus nas estradas francesas, mas do companheirismo e amizade tambem. E que na bagagem de volta possamos sempre trazer o delicioso sabor da conquista e da amizade, e se questionado formos de como foi a experiencia, possamos responder com muito orgulho: Valeu muito a pena, faria tudo de novo.

Carlos Murassutti
Curitiba-Paraná

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Relato Paris-Brest-Paris 2011- Rogério Carneiro

Tarde ensolarada de domingo 21 de agosto de 2011, temperatura na casa dos 30°C, eu e meu amigo Nilson estamos em Paris França, onde 6000 ciclistas aguardam o início da mais importante prova ciclística de longa distância do mundo o Paris-Brest-Paris, 1200 km de muita aventura.
Pelotões de 800 ciclistas partem a cada ½ hora, são 19:00 horas esta chegando nossa vez, um filme começa a passar diante de meus olhos. Estou agora com minha bicicleta sobre a linha de largada, últimos ajustes, uma invasão de pensamentos tomam conta de minha mente, pensamentos em Deus, na família, amigos, nos treinamentos, enfim preciso me conter para não chorar.
São agora 19:30 horas, inicia-se uma contagem regressiva recitada pela multidão, pronto, foi dada a largada para mais 800 intrépidos e “audaxiosos” ciclistas. Pedaladas rápidas e objetivas perseguem 02 batedores em possantes motocicletas cortando as ruas da cidade em meio a aplausos, gritos, palavras de incentivo,buzinas, música e muita euforia. Alguns quilômetreos a frente as motocicletas saem de cena, agora é fé em Deus e pé no pedal.
No pelotão um silêncio que dá arrepios, somente o som dos câmbios das bicicletas, apreensão misturada com sentimento de alívio passam a ser os companheiros de pedal.
140 km do local de partida chegamos ao primeiro posto de controle, uma multidão aguardando a chegada desses porque não dizer loucos ciclistas ou ciclistas loucos.
Uma grande estrutura com restaurante, banheiros, ambulatório, oficina de bikes a nossa disposição, parabéns afinal estamos na França realmente é outro mundo.
Uma vez alimentados vamos agora em direção ao segundo PC e assim sucessivamente até Brest onde pretendemos dormir algumas horas.
A pedalada esta sendo bastante agradável, alcançamos um pelotão de espanhóis e começamos andar no vácuo. Fizemos amizade rapidinho e já estávamos até puxando o pelotão. Era noite o pelotão estava andando numa média muito alta, 55 km/h para menos de 200 km percorridos. Acompanhamos este pelotão por 50 km e então resolvemos abandoná-los e tirar um pouco o pé, caso contrário poderíamos não alcançar nosso objetivo.
Alcançamos outros pelotões onde andávamos juntos, revezávamos e outras vezes apenas observávamos o jeitão dos europeus pedalarem. Fez uma noite bastante agradável e sem maiores surpresas.
Amanhece o dia e somos surpreendidos por pessoas a beira da estrada oferecendo café, bolo, biscoitos, sucos e água com uma grande alegria estampada em seus rostos. Paramos para fazer uma boquinha e ficamos mais uma vez surpreendidos com o tratamento, com o carinho em que fomos recebidos ainda mais quando dissemos que éramos brasileiros. Obrigado a todos os Franceses!
Não podia deixar de relatar aqui, quando em uma dessas paradas que fizemos para tomar um café a beira da estrada, uma dessas famílias nos mostrou um álbum de fotos onde apareciam crianças pequenas oferecendo café e biscoitos a um grupo de ciclistas participantes do Paris-Brest-Paris, e então nos falaram que aquelas crianças das fotos eram eles e agora adultos e já pais de família.
São fotos de cerca de 30 anos, ou seja, esta família acompanha o Paris-Brest por gerações isto é tradição para eles o que realmente me deixou boquiaberto. Merci Beaucoup!
Mais uma noite em cima da bike, frio, subidas e muito sono estávamos chegando em Brest, graças a Deus inteiros e com saúde.
Após 600 km chegamos em Brest bastante cansados, fomos direto para o hotel, mergulhei na banheira onde acabei dormindo, meu colega me acordou, fui para a cama e dormi 06 horas mas que pareceram 06 segundos. Acordei fui para o banho, tomei um belo café da manhã e em seguida partimos rumo a Paris felizes e contentes, pois agora todos os quilômetros percorridos são regressivos.
Alcançamos um pelotão de dinamarqueses e fomos orientados a não pedalarmos no meio do pelotão, ou pedalávamos bem a frente ou íamos no vácuo. Um pelotão muito sistemático, onde não existia um revezamento, somente uma pessoa puxava os demais, pedaladas constantes e em silêncio, um pelotão onde todos tomavam água ao mesmo tempo é pra lá de sistemático.
Acompanhamos este pelotão por cerca de 60 km até o outro PC onde carimbamos nossos passaportes e nos alimentamos para repor as energias. Partimos juntamente com os dinamarqueses, mas alguns quilômetros a frente estes resolveram parar, talvez estivessem com algum problema, seguimos então com outros ciclistas fazendo um revezamento no pelotão.
Havíamos percorrido 700, 800 km e as demonstrações de fanatismo e carinho por parte das pessoas que assistiam a prova ao longo da estrada nos davam forças para continuarmos pedalando. Começamos a observar ciclistas dominados pelo cansaço dormindo a beira da estrada enrolados em mantas térmicas, em cima de muros, na grama e até mesmo havia um dormindo dentro de um buraco onde era possível enxergar somente os pés do pobre infeliz.
Estamos agora a cerca de 60 km de Paris, estamos pedalando sozinhos e revezando a uma média pontual de 45 km/h . Um ritmo enlouquecido, passávamos outros ciclistas como se estivessem parados não sei de onde tiramos tanta disposição, afinal já havíamos pedalado mais de 1100 km.
Após 74 horas e 55 min. chegamos em Saint-Quentin, aplausos, euforia, fotos, abraços e um sentimento de dever cumprido.
Agora é festejar, relaxar, trocar camisas, parabenizar a todos, agradecer a Deus e aos franceses por terem permitido a vivência de momentos que com certeza ficaram para sempre em minha memória.
Gostaria de mandar um abraço ao Erich de Santa Cruz do Sul que apesar de ter sua bike danificada conseguiu concluir com uma bike emprestada, um grande abraço a guerreira Lidiane com quem encontrei no aeroporto em Paris quando retornava ao Brasil, 2015 tem novamente, ao meu amigo Lazari que encontrei no Louvre, ao “Estrela” Faccin, obrigado pelas dicas foram muito úteis, ao pessoal de Bagé que representou muito bem a Rainha da Fronteira, sou de Bagé também, aos ciclistas de Curitiba que encontrei na chegada, ao Cézar do Rio, desta vez o parafuso aguentou , um abraço à Simone ao Alexander e a muitos outros brasileiros que participaram deste grande evento.
Um abraço ao meu amigo Homero que se dispôs a viajar até Paris para ser meu apoio em Brest, companheirão, e ao meu colega de pedal Nilson, é sempre um prazer pedalar contigo e espero ter muitas outras oportunidades de pedalar ao seu lado.
Muito obrigado, 2013 tem o London-Edinburgh-London e em 2015 o Paris-Brest-Paris espero poder participar se Deus assim quiser. Au Revoir!

Rogério G. Carneiro

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Fotos chegada Nilson e Rogerio no PBP 2011


Nilson Ricardo de Macedo e Rogério G. Carneiro na chegada


Nilson e Rogério com a bandeira do Brasil logo após a chegada




Rogerio trocando de camisa com um italiano

Nilson e Rogério completaram o Paris Brest Paris Randonneur 2011 em 74h e 55 minutos