domingo, 5 de julho de 2009

Pedalando junto

Quando decidi organizar o brevet de 1000 km, imaginei um evento com número limitado de participantes e com pouco ciclistas, um brevet com os melhores e mais experientes ciclistas randonneurs.
Mais tarde, devido ao grande número de inscrito no brevet de 400, decidi pedalar os brevets em datas antecipadas.
Pedalei o brevet de 400 km uma semana antes da data;
Pedalei o brevet de 600 km, com muita dificuldade, duas semanas antes da data;
Havia planejado pedalar o brevet de 1000 km entre os dias 09 e 12 de julho;
Devido ao desgaste duplo, organizar e pedalar, resolvi pedalar o brevet 1000 km na mesma data do brevet, ou seja, entre os dias 30 de julho e 02 de agosto. Pedalando junto vou estar compartilhando a viagem com amigos e deverá ser mais agradável. Para isto tenho que organizar ainda melhor, para que tudo esteja preparado, para as 75 horas de pedalada e de trabalho cansativos.
Nunca tivemos um acidente mais grave em algum dos 13 brevets já organizados em Santa Cruz do Sul. Desculpa a frieza, mas não gostaria de receber a noticia de que algum dos amigos ciclistas está internado no hospital, ou pior, morto, depois de ter sofrido um acidente durante o brevet.
Na minha opinião deve existir uma escala dos brevets.
Um brevet de 200km tem uma finalidade, é pedalado por muitos novatos e ciclistas sem experiência. Nestes brevets o organizador pode, ou deve, montar uma grande estrutura com todo tipo de indicação, segurança, alimentação e outros para os participantes.
Um brevet de 600 km é pedalado por ciclistas mais experientes, que deveriam ter melhor noção das reais necessidades e perigos quando se pedala de maneira autônoma durante dia e noite.
Cada brevet tem um nível de dificuldade. Os brevets de 1000 quilômetros ou mais são os que apresentam os níveis máximos de dificuldades e exigências para o ciclista.
Igualmente a organização de um brevet de 1000 km não tem como ser realizada da mesma forma do que em um brevet de 200.
Como organizador e participante eu consigo ter uma idéia mais correta do necessário e também dos riscos de cada brevet. Muitos participantes, mesmo em brevets de 600 km, não possuem a noção exata dos riscos. Erradamente pensam que a organização, a estrutura montada para um brevet, funciona como um anjo da guarda e sempre estará por perto. Isto não acontece mesmo no brevet mais bem estruturado e organizado. Não será realidade no brevet de 1000 km onde as distancias e os riscos são maiores.
O brevet 1000 será um “Brevet Espartano” como escreveu o meu amigo Maico Bez no blog do Audax do Carvão. Um brevet de 1000 km não é o mesmo que um brevet de 600 mais 400 km, mesmo que a distancia e o percurso sejam o mesmo. São 1000 km e até 75 horas de sol, chuva, frio, calor, buracos, ponte estreita, motoristas bêbados, sono, vento contra, fome, sede, assaduras, dor,...
São 75 horas, ninguém pedala 75 horas sem dormir e cada um deve saber quais são os riscos de tentar conseguir este feito.
Quem conclui o brevet de 600 km em quase 40h, sem ter tempo para dormir, deve pensar onde vai desistir, ou cair, no brevet de 1000.
Seguindo a escala dos brevets, no de mil, o trabalho da organização se limita em:
-definir o percurso, horários, ponto de paradas e alimentação, pernoites, Postos de Controle, dar as condições mínimas para que o brevet seja valido e homologado conforme, o regulamento do Audax Club Parisien, e ainda vistoriar para que este regulamento seja obedecido.

2 comentários:

Maico Birolo disse...

Concordo com as cláusulas!! Tô pronto pra guerra!!

Rafael P. de Castro disse...

Faccin, todo mundo quer ser um "Randonneur 1000km", mas acho que isso é igual a "seleção natural", só os melhores adaptáveis que consiguirão com toda a segurança que vc deseja. Não acredito que os mais velozes brevetarão, mas os melhores preparados. 75 horas de exercício demonstra claramente que velocidade não é pré-condição de sucesso. Vc e o Trevisan tem autoridade pra ajudar a todos que pretender participar do brevet 1000. Precisamos muito de conselhos, até mesmo os mais duros e realistas. Bom trabalho,

Rafael P Castro