quinta-feira, 11 de junho de 2009

Primeiros brevetados 600 km

Já temos cinco ciclistas que com o direito ao brevet 600 km de Santa Cruz do Sul.
Edimar da Silva, Paulo C. Endres, Luiz Maganini Faccin, Roberto P. Trevisan e Rubens P. Gandolfi pedalaram os 603 km do brevet de Santa Cruz do Sul neste ultimo final de semana, dias 06 e 07 de junho.
Os ciclistas estarão trabalhando no brevet de 600 km a ser realizado nos dias 20 e 21 deste mesmo mês
Foi um brevet realizado sem nenhuma estrutura ou apoio e pedalado em grupo. Os ciclistas foram completamente autônomos e tiveram algumas dificuldades extras. Até o momento foi o brevet de 600 km pedalado com as menores temperaturas. O frio reduziu o desempenho e aumentou a necessidade de alimentação. As paradas para almoço e janta foram mais demoradas e algumas vezes tivemos que esperar para poder se alimentar antes de seguir.

Seguem os tempos.
Largada: 3:30 do dia 06 ( temperatura 5º)
PC-1:9:30
PC-2:15:05
PC-3:20:35
PC-4:2:02 do dia 07 ( temperatura=6º)
Saída do Pc:6:08 ( temperatura=5º)
Pc-5:11:02
Chegada:18:04

Fotos feitas por Edimar da Silva
http://picasaweb.google.com.br/audaxsantacruz/Brevet600KmRandonnee2009#

Ciclistas na chegada:



Relato desabafo do Tio Endres

Normalmente não escrevo sobre as provas, um pouco por preguiça, falta de tempo e também porque gosto mais de ler as opiniões e aprender com elas do que colocar os outros prá pensar :-)
Mas como essa nossa prova foi totalmente diferenciada, deixo aqui algumas considerações a respeito:

1- Muito bom poder contar com a companhia e parceria de todos vocês durante as 38h:30 em que estivemos juntos enfrentando esse desafio. Quero agradecer aos amigos por esses momentos que com certeza a gente não esquece e um dia vai contar para os netos, que vão contar para os amigos..... e aí, no relato estará o nome de todos vocês. Isso de certa forma já é entrar para a história né!

2- Um parabéns especial ao Gigio pela superação (nós estávamos lá e sabemos a dimensão do esforço feito por ele), que devemos usar como exemplo de espírito do AUDAX. Outro parabéns especial para o comandante Rubens que com pouco treino fez uma prova e tanto!!!

3- Essa prova, me fez pensar muito sobre a questão de realizamos e participarmos de provas longas em nosso país. Talvez hoje (pela proximidade) ainda não seja o momento adequado para formar opinião sobre isso. Mas fico me questionando e refletindo que o esporte e o hobbie que escolhemos, deve sempre ter como fundamento nos trazer prazer e servir como válvula de escape para o nosso dia a dia que, em maior ou menor grau, sempre tem um nível de stress.
Nunca morei nem pedalei em países mais avançados, organizados e educados do que o nosso, "ciclísticamente" falando.. mas nem precisa. Basta passar pela experiência que passamos nessas 38H:30, para sentir na próprio lombo o stress que é:
3.1- Ter que pedalar olhando grande parte do tempo para trás, analisando se dá para fugir dos buracos, indo pro asfalto e conseguindo se livrar de um muito mal educado motorista, que não está nem aí se em cima de uma bicicleta tem uma pessoa e que passar a trinta centímetros dela a 100 KM/h é contar demais com a sorte, para que não aconteça uma desgraça;

3.2- Ter que chegar numa praça de pedágio já totalmente irritado e estressado sabendo que vai ter que passar por aquela MALDITA série de sinalizadores que podem acabar definitivamente com a tua prova e consequentemente, com o teu prazer de estar ali praticando um hobbie;

3.3- Ter que pedalar à noite, tentando lembrar onde é mesmo aquele BENDITO buraco (vale verde km 58) que os responsáveis pela manutenção da rodovia deixam ali aberto por dias e meses a fio, pouco se importando se irá causar um acidente;

3.4- Ter que ficar o tempo todo berrando com o pessoal.. "OLHA O CARRO..... CARROOOO!!" "CAMINHÃOOOOOO!!!!" ( essa então bate o pavor geral) , como se viesse se aproximando algum tipo de monstro que vai liquidar conosco.. e se bobear, liquida mesmo (motorista desgraçado da jamanta que passou por nós nas sete curvas já no finalzinho da prova);

3.5- Ter que ficar ziguezagueando para o acostamento e para a pista, tentando ir pelo caminho menos esculhambado, como naquele famigerado trecho entre o Vale Verde o Schuster PUTZZ que troço irritante!

Quando vamos participar de uma prova de desse tipo, sabemos que poderemos pegar frio, vento, calor, chuva, subidas, problemas mecânicos, cansaço e exaustão... isso tudo a gente sabe que faz parte do desafio. Mas se além disso temos que nos estressar com todas essas outras questões que relatei, aí nos faz pensar até que ponto o prazer da prova não é menor do que o sofrimento, a preocupação e a irritação!
Estava refletindo sobre os relatos do Trevisan e do Faccin sobre as provas de 1200 no exterior, e me parece que lá só temos que enfrentar os desafios inerentes a prova em si. Pedalar por muitas horas, altimetria, clima, equipamento, alimentação, preparação física... e acho que qualquer hobbie deve ser assim.
Como já disse, pode não ser o momento para essas conclusões e reflexões, pela proximidade da prova que fizemos. Também pode ser coisa da idade.. o tio/vô já anda se irritando com mais facilidade. Mas deixo aqui essas considerações para que a gente reflita sobre a questão de fazermos (ou não) o "SACRIFÍCIO" ou a "LOUCURA" de pedalarmos por três dias a fio 1000KM nessas condições. Podemos pensar e dar como premio, para quem concluir, um pacote de hospedagem em um SPA para recuperação do stress.
Se acharem muito dramático, desconsiderem... só queria desabafar e compartilhar com vocês meu sentimento desse day after!!
Parabéns a todos nós e bom início de semana para vocês!!!
ASS: Tio Endres

2 comentários:

udo.map disse...

Parabéns aos "Randonneexiosos"! Quem faz longa dst sabe que preparo físico APENAS não é tudo, mas preparo PSICOLÓGICO, melhor dizer, PACIÊNCIA. Se pedalaram em grupo, isso é grande coisa. Já os "PIORES" momentos da pedalada, com certeza darão origem às "MELHORES" lembranças no futuro... Abraço

Trevisan disse...

Valeu UDO!

vc nos faz lembrar das lembranças! realmente essas são as que ficam.

abraço

Trevisan