quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Relato Paris Brest Paris 2011- Edson B. Alves



Tudo começou em 2004 quando estava assistindo um programa de esporte na TV e o Marcelo Lucca falava sobre o Audax, especificamente sobre os brevets 200 e 300 em Porto Alegre e Caxias do Sul. Nesse ano não dava mais tempo para participar. Então comecei a pesquisar e ficar de olho no calendário 2005. Minha primeira participação veio logo e fechei o ano com a série completa, cruzei a linha de chegada com os amigos Roberto Trevisan e Guilherme Kardel.
Muitos amigos surgiram e as participações continuaram ao longo destes sete anos, só no estilo Randonneur foram 13.260 km percorridos, 36 Brevets, 5 vezes Super Randonneur (só três medalhas por falta de homologação), uma série Moudeax (Brevet 1.000 – Farrapos) e um fleche e um 1.200 km (PBP 2011).
Em 2007 estava muito a fim de participar do PBP 2007, mas por problemas financeiros naquele momento não teria como ir. Eu e minha esposa Gisele traçamos como objetivo a ida em 2011, então os planos começariam ali, seriam quatro anos para planejar, economizar e sonhar com a participação. Em 2008 fiquei fora do audax, pois foi o ano do nascimento do meu filho Murilo, fiquei muito feliz com a chegada dele. No ano de 2009 voltei a pedalar, conquistei uma Série Mondiaux. Já em 2010 voltei a pedalar pouco (audax), mas nesse ano consegui junto com minha equipe conquistar o FLECHE 2010. A "EQUIPETEMDETUDO" (nome da equipe) tinha um seleto grupo “ Sr. "Rúbis" Gandolfi , Sr. Alemão Edson Behenck (eu),Sr. Glademir Ximitão, Sr. Gringo Rodrigo Cortese e nosso Sr. Tio Endres”.
Novembro/2010 começava a série 2011, estava determinado a conquistar a série antecipada e não poderia perder as primeiras oportunidades, então fiz os 200 km pela Sociedade Audax, dezembro/10 os 300 km pelo Audax Santa Maria, os 400 km em janeiro/11 pelo Santa Ciclismo e os 600 km em fevereiro/11 também pelo Santa Ciclismo. Série completa, agora só pensar no PBP.
De março a agosto foi um pulo, e o grande dia estava chegando. Era minha primeira experiência fora do Brasil, estava ansioso, também era minha primeira vez de avião. Embarcamos rumo a Paris dia 11 de agosto de 2011, eu, minha adorável esposa (Gisele) e meu filho (Murilo - 2 anos e 10 meses). Chegamos em Paris no dia 12 de agosto, fomos direto para o hotel (pegamos um taxi). Não perdemos tempo, largamos as coisas no hotel e já fomos para rua, só voltamos ao anoitecer. Curtimos muito Paris, Versailles, levamos o Murilo na Eurodisney, foram 15 dias inesquecíveis.
Sábado 20 de agosto as 09h00min estava marcado minha vistoria, saímos de Paris e de trem fomos até Saint Quentin-En-Yvelines, chegamos ao ginásio e muitos ciclistas já estavam por lá, muitas pessoas acompanhando e muitas outras trabalhando. A organização é um espetáculo a parte, nota dez em organização. A sensação de entrar naquele ginásio, ver a Bandeira do Brasil hasteada na parede ao lado de muitas outras é muito boa. Cada País tem uma mesa para retirar kit (passaporte, chip, 2 placa para bike e um adesivo para capacete, carta de rota, medalha de Super Randonneur 2011 e outras coisas mais). Na hora de retirar o kit o pessoal da organização orienta de como colocar a placa e o chip, minha sorte é que o casal que estava na mesa falava Português, pois não sei nada de Francês e muito menos Inglês, só sei falar o nosso idioma, mas tem um ditado que diz “que quem tem boca vai a Roma”, então estava lá querendo ir até Brest e voltar. Fiquei um pouco por ali, encontrei o Rogerio de Guarapuava, conversamos um pouco e voltamos juntos até Paris.
Domingo logo depois do meio dia saí do hotel para ir até o local da largada, estava inscrito para as 90 horas e a largada seria a partir das 18h00min, largam grupos de 500 ciclistas a cada 20 minutos. No sábado havia usado o metro para ir até uma estação que faria conexão com RER, mas no domingo eles não deixaram eu acessar o metro, não sei o que falaram, mas pelos gestos entendi que no metro só poderia se fosse casual. Então o primeiro obstáculo estava surgindo, sabia que a estação era próxima a Torre Eiffel, e as margens do Rio Sena, mas como chegar de bike até lá, até então só havia andado de ônibus, metro ou a pé. Peguei a bike e segui pela Rua La Fayette. Dizem que a Torre pode ser vista de vários pontos da cidade, não demorou muito avistei, então peguei uma rua na direção dela, andei um pouco e em seguida já estava às margens do Rio Sena, bom estava tudo resolvido, era só seguir pelas margens do Sena até chegar à estação RER. Cheguei à estação por volta das 02h30min e próximo das três horas já estava chegando ao local de largada. Chegando ao Ginásio, milhares de ciclistas já estavam em uma enorme fila. Naquele momento havia ciclistas cuja largada estava marcada a partir das 16h, inclusive brasileiros, a Lidiane de Santa Cruz é um exemplo.
Esperei um pouco e logo o Erich e Lazzari chegaram onde eu estava, falamos um pouco e o Erich e mais um brasileiro que não lembro o nome foi indo pelo meio dos demais. Fiquei com o Lazzari, conversamos enquanto esperávamos a nossa hora da largada, que estava programada para a partir das 18h. À tarde de domingo estava linda, o sol brilhava forte e estava quente, um clima bem propício para uma grande festa ao ar livre. Após as 17h a fila começou a andar rápido e em pouco tempo já estávamos dentro do pátio do ginásio.
Aproveitamos o momento de espera para registrar com algumas fotografias e filmagens. Juntou-se a nós o Guilherme Kardel, enquanto falávamos a fila continuava a andar. Acredito que eram umas 18h30min passamos pelo controle, registramos nossa passagem e após seguimos direto para o ponto de largada, havia um pelotão a nossa frente, o segundo que estava largando. O grande momento estava chegando, o próximo a largar era nosso, o terceiro das 90h.
Havia muitas pessoas na torcida, familiares, amigos e pessoas da própria localidade curtindo a festa que estava acontecendo no local da largada. É fantástico, só estando lá para ver e sentir o quanto é bom vivenciar uma experiência grandiosa como o PBP.
Contagem regressiva e foi dada a largada. As 18h50min do dia 21 de agosto de 2011 estava partindo para realizar um grande sonho, sonho esse que durou durante quatro anos. Lentamente o pelotão ia se movimentando entre um grande corredor formado por uma multidão que apreciava a passagem dos ciclistas. Não sabia se pedalava ou curtia aquelas pessoas aplaudindo nossa passagem.
O Kardel largou a todo vapor, o Lazzari ficou atrás e eu fui ao meu ritmo, gosto de pedalar uma pouco mais forte no inicio, mas não acima da minha capacidade. Mantive uma cadência até o próximo ponto de apoio no km 140 em Mortagne au Perche, eram próximo da meia noite quando cheguei ao ponto de apoio.
A estratégia era pedalar até Loudeac para ai sim dormir, mas nesse momento já estava com um pouco de sono, então fiz minha alimentação. Falando em alimentação outro espetáculo, nota dez para organização, em todos os PC´s estavam disponíveis grandes refeitórios, um pouco de fila é claro, mas nada que atrapalhasse. Em todos havia almoço, janta ou café (lanche), cada um paga ou seu, nada de graça, mas com preço acessível. Resolvi mudar minha estratégia, então dormi no chão, em um canto do ginásio. Foram 20 minutos de sono, mas o suficiente para estar inteiro para o próximo percurso de 82 km.
Parti solitário, madrugada com uma temperatura agradável, estrada com pouco movimento, continuei seguindo no meu ritmo. Avistava a frente uma enorme linha vermelha, essa linha era formada pela sinalização vermelha das bikes que estavam à frente, eram muitas. Então dizer “esta só” é uma simples maneira de se expressar, foram poucos os momentos que pedalei sem ter companhia. Caso não tivesse era só parar um minuto que logo alguém aparecia.
Depois de 12 horas de pedal cheguei ao primeiro PC em Villaines La Juhel, Km 222, eram 7h da manhã da segunda-feira, larguei a bike e fui direto registrar minha passagem pelo controle. Carimbar o passaporte. O chip registrava a passagem e automaticamente atualizava o site para os que ficaram na torcida acompanhar o andamento do randonneur. Mantive a estratégia e logo após a refeição mais 20 minutos de sono.
Pedal na estrada e lá fui para mais uma etapa. Estava determinado e para mim havia dois objetivos a ser alcançados. Primeiro completar o PBP 2011 em menos de 90 horas e o segundo conquistar o Randonneur 5000. Duas grandes motivações, até então o Luiz Faccin era o único a ser um Randonneur 5000, e foi com base nos seus relatos que descobri que também poderia ser. Grande ciclista e amigo, esse cara é uma grande figura e merece com certeza grandes aplausos.
Motivado e com muita determinação seguia pedalando pelas estradas Francesas, lá somos respeitados, os carros não buzinam atrás ou do nosso lado como quem diz “sai da frente que a estrada é nossa”, se for preciso eles ficam andando na mesma velocidade até que tenha um espaço para poder ultrapassar e não são somente os carros, os caminhões também fazem a mesma coisa.
No caminho há grupos de pessoas na beira da estrada oferecendo lanche, água, coca-cola, sucos enfim estão ali apoiando e com muita alegria. Achei fantástico, parei em algumas, tirei algumas fotos com eles, peguei algo para comer e beber e após cada parada dessa a partida era muito melhor. Também há grupos de pessoas torcendo, e não importa a hora, até na noite eles estão ali gritando e nos incentivando a continuar o nosso caminho.
As 12h57min cheguei a Fougeres, PC no Km 310, fui direto ao controle para registrar minha passagem, não poderia deixar para depois, pois poderia esquecer. O correto é sempre registrar e depois fazer o resto que for preciso. Almocei com Lazzari, Simoni e Alex, nos encontramos pelo caminho. Logo após descansei na grama, um sono de 20 minutos.
Pouco antes de chegar ao PC senti uma fisgada no tendão de aquiles, tornozelo direito, mas naquele momento não dei muita importância. Continuei a pedalar no mesmo ritmo, e as 16h34mim cheguei a Tinteniac – PC km 364, nesse PC fiz um lanche, não esquecendo o registro de passagem, partir para aproveitar a luz do dia. Nesse trajeto fiz uma boa parte junto com o Lazzari, e às 22h33min chegamos a Loudeac. Registramos nossa passagem e o Lazzari disse que ia dormir, então perguntei se ele tinha cataflan emulgel, e para minha sorte ele tinha e emprestou, dei um banho no tornozelo.
Após a janta decidi tocar até o próximo PC, eram 76 km pela frente. Segui num pedal solitário, com muita dor, mas segui com a mesma determinação do início. Nesse trajeto muita coisa passou pela minha mente, inclusive vontade de desistir. Mas lembrei que o Faccin disse que em 2007 ele também teve problemas, mas resolveu primeiro comer, dormir e depois desistir. Então continuei a pedalar para chegar ao PC. Eram 04h50mim quando cheguei em Carhaix-Plouguer – PC Km 525. Passei pelo controle e fui direto arrumar um canto para dormir. Adormeci 30 minutos e após fui tomar um café da manhã.
No mesmo PC avistei uma placa que indicava enfermaria, então fui até lá, mas sabendo que a comunicação seria só por gestos. Fui muito bem atendido, um socorrista me colocou em uma maca e logo um médico examinou, o mesmo pediu para o socorrista fazer uma massagem e aplicar uma pomada no tornozelo. O médico falou algumas coisas, não entendi quase nada, mas consegui entender que o medicamento faria efeito por 6 horas, era o tempo que precisava para ir até Brest, lá avaliaria novamente a situação.
Segui viajem, mas infelizmente a dor continuava comigo. Para aliviar e descansar um pouco pedalei em alguns momentos com um pé só, e o outro estendi sobre o bagageiro traseiro. E assim fui até Brest, alternando as pedaladas com um pé e ou com os dois clipados.

Cheguei em Brest às 11h32min, mas antes parei na ponte esteiada para tirar umas fotos e apreciar a paisagem, muito lindo o lugar, uma pena que estava caindo uma chuva fina e com isso o tempo estava meio fechado. Valeu à pena ter chegado até ali, não podia parar, tinha que continuar pedalando. Nessa altura faltava à volta, mais 612 km. Andei mais uns quilômetros rodando pela cidade e cheguei ao PC, fui direto registrar e logo fui almoçar. Aproveitei o momento para ligar para o Hotel e ver como estava minha esposa e filho, mas não falei que estava com muita dor e que poderia desistir a qualquer momento.
Durante o almoço lembrei uma frase que o Lance Armstrong escreveu "A dor é temporária, pode durar um minuto, uma hora, um dia ou um ano. Mas em algum momento, ela passa e outra sensação toma o seu lugar. Mas se eu desistir, a dor fica para sempre". A lembrança dessa frase, mais as motivações que me levaram até lá, foram fatores determinantes para pegar a bike e continuar pedalando de volta até a meta “1.230 km”.
Meu tempo não era uns dos melhores, mas estava sendo bem administrado, as paradas eram rápidas e bem aproveitadas (registro, refeição, higiene e descanso). Tinha 50 horas para concluir os 612 km restantes, ou seja, estava sobrando 10 horas se comparado com a ida. Precisava administrar bem esse tempo restante, e foi o que fiz.
Iniciei a volta às 13h30min, bike na estrada, determinado a concluir, poderia ser nas 90 horas cravadas, mas concluir. Sempre tive muita sorte quanto a pneu, o talvez, em virtude de sempre estar com eles em bom estado. Mas dessa vez para piorar a minha situação, a partir do km 525 começou a furar pneus, foram cinco vezes em pouco mais de 150 km. Três vezes o dianteiro e duas vezes o traseiro, sendo que essas duas foram à noite. Perdi muito tempo com isso, mas para mim o sabor dessa vitoria seria muito especial. Sabia das dificuldades enfrentadas e essa grande façanha ia ficar na minha mente para o resto da minha vida. Com certeza vou usar como referência para outros obstáculos que aparecer diante do meu caminho.
Novamente mudei de estratégia e resolvi dormir umas três horas em Loudeac. Utilizei a estrutura oferecida por 4 euros acho que foi isso. Antes de dormir encontrei com a Lidiane de Santa Cruz, disse a ela que estava com dor e ela prontamente foi buscar cataflan emulgel que ela tinha na bagagem. Agradeci, conversamos um pouco na fila enquanto esperávamos nossa vez de dormir. São muitas camas naquele ginásio, e para facilitar a comunicação, eles tem um relógio manual, feito com prato descartável só para mostrar até que hora queremos dormir. Ai eles registram em um quadro o número do leito e a hora que é para chamar. Funciona mesmo, as 03h30min eles me acordaram. Levantei e fui direto tomar um café para após seguir viagem, teria pela frente mais um dia e uma noite de pedal.
Nesse dia encontrei varias vezes com a Simone, Alex, Kardel, Lazzari e o Erich, inclusive pedalei um pouco com eles. Mas como não temos o mesmo ritmo, cada um pedalou no seu ritmo. Mas nos PC´s sempre conversávamos um pouco.
Apesar de ter dormido 3 horas, resolvi continuar com a estratégia de dormir 20 minutos a cada parada, mas teve dois momentos que parei para dormir na beira da estrada. Bem natural, passei por vários ciclistas dormindo na beira e resolvi fazer o mesmo.
Durante todo o percurso quase não falei com ninguém e isso é uma das coisas que quero recuperar em uma próxima participação. Pois é uma das melhores coisas, a troca de experiência com os demais.
Na madrugada de quinta-feira, sai de Mortagne-Au-Perche as 02h00min em direção a Dreux o qual seria o último PC KM 1.165. Estava pedalando quando escutei uns silvos (som de apito), era um grupo de chineses, o pelotão estava bem organizado. Tinha um passista forte puxando e o último com o apito controlava o grupo para não dispersar. Aproveitei o embalo e peguei o vácuo, estava precisando aumentar um pouco o giro. Mas durou pouco, 20 km, pararam logo em seguida e eu continuei só.
Tanto na ida como na volta existem dois postos de controle secreto. Então você vem pedalando e o pessoal da organização no meio da estrada indicando o que é controle, e a parada é obrigatória. Acredito ser uma maneira de coibir os espertinhos que acham que a medalha é o mais importante. Mas a real importância esta na estratégia que cada um adotou, esta na vitória conquistada sem derrotar os adversários, esta em saber que suas atitudes poderão ser usadas por outras pessoas, assim como eu usei para conseguir seguir sem desistir.
As 11h17min do dia 25 de agosto de 2011 estava cruzando a linha chegada. Assim como na largada grande número de pessoas formavam um corredor na linha de chegada. Aplausos e mais aplausos. Nesse momento tudo o que sonhei, tudo que planejei estava sendo concretizado com sucesso. A meta havia sido alcançada e eu era mais um a escrever meu nome na lista de um seleto grupo.
Primeiramente obrigado a Deus por dar luz e proteção, o meu muito obrigado a minha esposa Gisele que sempre me apoiou, ao meu filho Murilo que faz parte dessa historia. A minha mãe e toda a família do meu irmão. Obrigado a minha equipe de trabalho que segurou à bronca nos dias que estava fora. Valeu a todos que ficaram na torcida, valeu Luiz Faccin, Roberto Trevisan, Rubens Gandolfi, Paulo Endres...obrigado mesmo. Obrigado e parabéns ao Lazzari que também estava lá e teve vitória. Parabéns pela conquista da Simone, Alex e Guilherme Kardel. Parabéns por ido até lá Lidiane e Erich. Parabéns a todos que concluíram ou não. Obrigado a todos que ficaram na torcida.
Depois de ter chegado de volta ao hotel em Paris mais dois dias curtindo junto com a Gisele e o Murilo. No sábado com malas prontas, bike devidamente protegida dentro da mala bike é hora de voltar para casa. Foi uma das melhores férias.

Para ver mais algumas fotos:
https://picasaweb.google.com/103290519555755558267/PBP2011_Edson_B_Alves#

Até 2015!
Edson Behenck Alves
Paris/França - 2011

2 comentários:

Anônimo disse...

Sensacional o relato. Parabéns! E parabéns pela conquista!!
Espero estar por lá ano que vem.
Abraços.

Anônimo disse...

Sensacional o relato. Parabéns! E parabéns pela conquista!!
Espero estar por lá ano que vem.
Abraços.
Frederico Ultra