O primeiro brasileiro a pedalar um brevet 1200km e Paris
Brest Paris
(Resgatando mais um pouquinho de história)
Resolvi esperar e conhecer o motorista. Estava ali a mais de ½ hora e nem sinal, resolvi deixar o meu cartão com e-mail, site, telefone e algumas palavras sobre Audax e randonnée, no pára-brisa do veiculo, mas fiquei por perto. Um minuto de distração e o carro desapareceu. Perdi uma grande chance de conhecer um ciclista, ou apenas um apaixonado por está modalidade de ciclismo de longa distancia não competitivo.
Mais alguns dias na cidade e nem sinal de carro adesivado! Final de férias e nem sinal de receber algum improvável contato do ainda mais improvável ciclista participante destes desafios ciclísticos. Em alguma noite do mês de julho de 2006 estou em casa em frente ao computador conferindo os e-mails e leio no assunto de um deles: Contato do ciclista de Garopaba! Pensei ser algum ciclista qualquer desta praia famosa a procura de alguma informação sobre algum texto que escrevi e publiquei em algum site!
Surpresa, um ciclista chamado Kayo Oliveira, que reside em Boston, estava com o meu cartão deixado no para brisa do carro em Garopaba. Reside 6 meses em Boston e 6 meses em Garopaba. Retorno o e-mail e pesquiso a internet a procura de algum Kayo. Encontro resultados de breves de 400 e 600 km e uma foto de algum Paris Brest Paris. Conhecer um audaxioso que pedalou 600 em Boston já seria bom, poder conversar e trocar informações melhor ainda. Os e-mails demoraram a ter retorno, mas ficamos de nos encontrar em Garopaba no inicio de 2007.
Novembro de 2006 recebo um e-mail com fone, endereço e aviso que o Kayo estava em Garopaba e assim que eu estivesse lá deveria ligar para um encontro. Na tarde do dia 17 de janeiro de 2007, estou em Garopaba ligo para o Kayo que atende o telefone. Quinze minutos e chego pedalando na linda casa de um senhor barbudo e simpático. Antes de tocar a campainha vejo na garagem o carro adesivado estacionado.
As três horas seguintes passaram rapidamente e conversamos como velhos amigos ciclistas que a muito pedalam juntos. Como em um brevet o tempo passa rápido quando você está fazendo o que se gosta, como em um brevet, não existe diferença de idade, todos somos jovens. A seguir relato um resumo das informações colhidas nesta conversa e nos demais encontros que tive com o meu amigo Primeiro Randonneur Brasileiro. Este texto tem como objetivo divulgar a história desconhecida de um ciclista brasileiro, e deixar disponível um pouco das experiências que podem ser úteis para futuros participantes e organizadores de Brevets Randonneur Mundiais e Audax.
Este texto ainda representa um pouco do meu interesse por ciclismo e por história. Kayo Oliveira, 61 anos é natural de Novo Hamburgo, RS, pedala desde os 16 anos de idade e está a 30 anos em Boston ( escrito em 2007). Agora que está aposentado vive 6 meses em Boston onde vive a sua filha e 6 meses em Garopaba, onde reside sua mãe e irmão. Vive no verão, fugindo do intenso frio do inverno em Boston. Disse estar cansado de neve, mas nunca se sentiu cansado para pedalar sua mountain bike, com mais de 30 cm de neve nas montanhas locais a 10 graus negativos por 36km ou até mais!
Kayo pedalou o primeiro brevet em 1994, mas apenas depois de muita insistência de um amigo. Depois do primeiro brevet 200 ficou viciado e só parou por problemas de saúde.
Premiação Boston Montreal Boston 1998
Principais
participações e comentários:
1994 até 1996: pedalou alguns brevets a cada ano.
1997: pedalou: 2 brevets de 200 km, 2 brevets de 300 km, 2 brevets de 400 km, 2 brevets de 600 km e um brevet de 1000 km. Todos em Boston.
1998: pedalou os brevets de 200, 300, 400, 600 e completou o Boston Montreal Boston 1200 km. O BMB ( Boston - Montreal - Boston) é considerado o brevet de 1200 mais difícil devido a grande quantidade de montanhas a serem superadas, principalmente no primeiro e quarto dia de pedalada.
1999: pedalou os brevets de 200, 300, 400, 600 e o Paris-Brest-Paris 1200 km. O PBP (Paris Brest Paris) é o brevet de 1200 km mais tradicional, realizado a cada 4 anos a mais de um século, é o que conta com o maior numero de ciclistas participantes. Kayo, mesmo residindo em Boston e tendo feito toda a sua preparação lá, participou do PBP como brasileiro, prova disto é que a placa que utilizava estava com a bandeira do Brasil.
2000: pedalou os brevets de 200, 300, 400 e 600. O brevet de 600 km de Boston é muito difícil, para muitos é mais difícil que o brevet de 1200 km. Os desníveis de altitude são muito grandes e dizem que quem completa o 600 em Boston está preparado para pedalar os 1200 km.
2001: pedalou os brevets de 200, 300, 400, 600 e o desafio 4x125 milhas de Boston (800 km).
2002: pedalou os brevets de 200, 300, 400 e 600. Participou do BMB 1200 para ajudar dois amigos, depois de 400 km na chuva no inicio da prova e dos amigos desistirem resolveu também abandonar.
2003: Depois de muitos problemas com o joelho fez uma cirurgia para colocação de uma prótese e não pedalou a partir de julho.
2005: pedalando devagar sofreu uma queda ao tentar tirar uma folha da roda dianteira. Caindo de cabeça no chão quebrou uma vértebra do pescoço. Acidente grave que poderia ter lhe tirado a vida, ou deixado com seqüelas graves.
2007: Após um longo tratamento, mesmo contra a vontade da família (devido ao acidente), se prepara para a partir de abril retornar lentamente as pedaladas.
Kayo não se define como um ciclista rápido, mas como um ciclista capaz de pedalar o dia todos sem ficar cansado!Kayo participa da organização dos eventos em Boston como voluntário e demonstrou grande interesse em saber informações sobre os eventos realizados no Brasil.
1994 até 1996: pedalou alguns brevets a cada ano.
1997: pedalou: 2 brevets de 200 km, 2 brevets de 300 km, 2 brevets de 400 km, 2 brevets de 600 km e um brevet de 1000 km. Todos em Boston.
1998: pedalou os brevets de 200, 300, 400, 600 e completou o Boston Montreal Boston 1200 km. O BMB ( Boston - Montreal - Boston) é considerado o brevet de 1200 mais difícil devido a grande quantidade de montanhas a serem superadas, principalmente no primeiro e quarto dia de pedalada.
1999: pedalou os brevets de 200, 300, 400, 600 e o Paris-Brest-Paris 1200 km. O PBP (Paris Brest Paris) é o brevet de 1200 km mais tradicional, realizado a cada 4 anos a mais de um século, é o que conta com o maior numero de ciclistas participantes. Kayo, mesmo residindo em Boston e tendo feito toda a sua preparação lá, participou do PBP como brasileiro, prova disto é que a placa que utilizava estava com a bandeira do Brasil.
2000: pedalou os brevets de 200, 300, 400 e 600. O brevet de 600 km de Boston é muito difícil, para muitos é mais difícil que o brevet de 1200 km. Os desníveis de altitude são muito grandes e dizem que quem completa o 600 em Boston está preparado para pedalar os 1200 km.
2001: pedalou os brevets de 200, 300, 400, 600 e o desafio 4x125 milhas de Boston (800 km).
2002: pedalou os brevets de 200, 300, 400 e 600. Participou do BMB 1200 para ajudar dois amigos, depois de 400 km na chuva no inicio da prova e dos amigos desistirem resolveu também abandonar.
2003: Depois de muitos problemas com o joelho fez uma cirurgia para colocação de uma prótese e não pedalou a partir de julho.
2005: pedalando devagar sofreu uma queda ao tentar tirar uma folha da roda dianteira. Caindo de cabeça no chão quebrou uma vértebra do pescoço. Acidente grave que poderia ter lhe tirado a vida, ou deixado com seqüelas graves.
2007: Após um longo tratamento, mesmo contra a vontade da família (devido ao acidente), se prepara para a partir de abril retornar lentamente as pedaladas.
Kayo não se define como um ciclista rápido, mas como um ciclista capaz de pedalar o dia todos sem ficar cansado!Kayo participa da organização dos eventos em Boston como voluntário e demonstrou grande interesse em saber informações sobre os eventos realizados no Brasil.
Texto publicado
originalmente no site Inema: http://inema.com.br/mat/idmat083916.htm
Luiz, Paulo de Oliveira ( irmão de Kayo) e kayo de Oliveira no encontro em 2007.
O encontro/ descoberta do Kayo Oliveira para mim
representou algo semelhante a carta marítima que o Amyr Kling encontrou em um
abajur quando estava prestes a embarcar
para a travessia do Oceano Atlântico com uma embarcação a remo.
Texto que o Kayo
enviou dias antes do PBP 2007
Como estás? Espero
que estejas pronto para esta façanha, Milhões de felicidades e muita sorte,
tenho certeza que completaras a prova. Não esqueça da hidratação e alimentação
estes são os teus principais aliados, paradas curtas e objetivas, nao te
comprometa com muitos outros ciclistas, pois eles podem te prejudicar em caso
de cansaço de parte deles, ou em caso de problemas mecânicos com as bicicletas
deles. O melhor e te aliar a quem tu conheça e mantenha a tua cadencia. O
entusiasmo inicial e contagiante e pode levar o ciclista a um desperdício de
energia inicial que poderá vir a fazer falta mais tarde. Acredito teres um
plano geral para a prova, ser for o caso procure mante lo a medida do possível.
Cansaço faz com que a gente procure desculpa para fazer paradas desnecessárias,
mantenha te na bike mesmo que for em velocidade reduzida, pois pouco progresso
e melhor nenhum progresso. Se la pelas tantas tu começares a alucinar, não te
assustes, pois não serás o primeiro Audaxioso a passares por isto. Importante,
a região de Bretagne e famosa por uma bebida feita de maca, se não falha a memória
chama se Cidre ou algo assim, sob nenhuma hipótese beba a durante a prova, pois
e bem possível que pode te causar um problema estomacal violento, ou melhor
pode te dar uma corredeira como tu nunca tiveste. Bem meu amigo, vou ficar
torcendo por ti e toda gauchada que se atreveu a encarar os 1200 km. nas
estradas francesas, BOA SORTE E PEDALEM COM SEGURANCA. Julho 2007.
Kayo com a camisa do BMB
A conquista de amizades vale mais do que as medalhas.
Um comentário:
show!
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